Eu não sei você, mas eu não tive boas aulas de fisiologia do exercício na faculdade. Os professores até eram legais (às vezes), e muitas pessoas falavam que eles “manjavam” muito, mas aula que é bom, e aprendizado que faz a diferença, não... Não tive. E, ó, eu até que era um cara aplicado, estudava, frequentava a biblioteca regularmente. Enfim. Uma das partes que tenho maior deficiência é no entendimento da contribuição dos sistemas energéticos para os exercícios físicos.
Um exemplo legal, é o famoso ditado de que o exercício precisa ser longo ou demorado para ser “aeróbio”. Puro mito! Embora possa haver dados mais antigos, um estudo de 1988 mostrou que a contribuição OXIDATIVA (aeróbia, portanto) para exercícios relativamente curtos até que não é desprezível. Com 20 a 23 sujeitos por grupo, pesquisadores canadenses, incluindo o Bouchard, mensuraram a contribuição de três sistemas energéticos - ATP-PC, Glicólise, Oxidação – em esforços máximos de 10s, 30s e 90s.
O que encontraram?
Em esforços de 10s: ATP-PC = 50%, Glicólise = 45%, Oxidação = 5%
Em esforços de 30s: Glicólise = 50%, ATP-PC = 25%, Oxidação = 25%
Em esforços de 90s: ATP-PC = 10%, Glicólise = 45%, Oxidação = 45%
Isto em... 1988!
Aí, em 2001 saiu uma revisão muito legal na Sports Medicine do Paul Gastin mostrando que, para esforços máximos, quando a duração da atividade excede 75s, ou seja, 1min15s, já há predomínio (51%) do metabolismo aeróbio! Assim.... virei de ponta cabeça há uns 10 anos. Hoje em dia já lido melhor com a ideia de que o conhecimento está sempre avançando.
Por fim, fique esperto: às vezes você diz que o treino que vc aplica, por ser “anaeróbio”, queima mais calorias no repouso, e que o treino aeróbio queima mais calorias durante a atividade. Fica a dica: tenha quase certeza que você está errado em sua afirmação.
Não é porque o treino é “curto”, “rápido”, “intenso”, #HIIT, que ele é anaeróbio, ok?
(FABRICIO BOSCO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário