quarta-feira, 13 de abril de 2011

SOBRE OBESIDADE

OBESIDADE: DA ADOLESCÊNCIA À VIDA ADULTA

O excesso de peso e a obesidade resultam da interação entre diversos fatores como genéticos, metabólicos, comportamentais e ambientais. Dados da World Health Organization (WHO) de 2010 afirmam que a obesidade representa grave problema de saúde pública afetando tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Estudos epidemiológicos indicam que aproximadamente 65% da população dos Estados Unidos apresenta excesso de peso, sendo que 35% desses indivíduos são classificados como tendo risco de obesidade (25 ≤ IMC ≤ 30 kg.m-2) e 30% são considerados obesos (IMC ≥ 30 kg.m-2).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento de peso em adolescentes de 10 a 19 anos foi contínuo nos últimos 34 anos. Neste período, a prevalência de excesso de peso (IMC ≥ 25 kg.m-2) na população adolescente brasileira passou de 3,7% para 21,7% no sexo masculino e 7,6% para 19% para o sexo feminino. Já os casos de obesidade (IMC ≥ 30 kg.m-2) entre adolescentes passaram de 0,4% para 5,9% no sexo masculino, e de 0,7% para 4,0% no sexo feminino. Este quadro é extremamente preocupante, pois estima-se que indivíduos obesos apresentam aumento de 50% a 100% do risco de mortalidade, fato explicado pela associação entre excesso de peso e gordura abdominal com doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e certos tipos de câncer.
No Brasil, vários estudos de base populacional têm mostrado que fatores sócio-demográficos e comportamentais estão associados ao aumento do peso corporal. Entretanto, ainda existem poucos estudos acerca do papel desses determinantes na distribuição da gordura. Em geral, os riscos de desenvolver obesidade abdominal aumentam com a idade e diminuem com a maior escolaridade. Adicionalmente, observa-se associação entre obesidade abdominal e menopausa, tornando-se primordial o desenvolvimento de terapias, tanto relacionadas a mudança de comportamento como farmacológicas, em especial na adolescência, visando reduzir o impacto do envelhecimento no desenvolvimento de obesidade e doenças a ela associadas.
O tratamento interdisciplinar para adolescentes obesos, sob a direção da Profa Dra. Ana Dâmaso, que vem sendo desenvolvido na UNIFESP, tem se mostrado eficiente na redução da prevalência da síndrome metabólica, da esteatose hepática não alcoólica (acúmulo de gordura no fígado) e da compulsão alimentar, contribuindo para a melhoria na qualidade de vida de adolescentes obesos.
O tratamento interdisciplinar é composto por profissionais de diferentes formações - médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos e psicólogos - a fim de modificar de maneira mais ampla o estilo de vida destes indivíduos, acostumados a ficar sentados assistindo televisão e comendo.
Frente aos efeitos benéficos observados por este tratamento interdisciplinar, a mudança do estilo de vida desde a adolescência demonstra suma importância para uma vida adulta e para o envelhecimento saudável, sem presença de doenças decorrentes da obesidade e/ou do estilo de vida sedentário.
Digno de nota, a mudança do estilo de vida, não somente pelos adolescentes, mas sim por toda a família, é necessária para que todos os efeitos benéficos impostos por tal estratégia sejam efetivamente duradouros e bem sucedidos.

ALGO SOBRE VO2máx

A IMPORTÂNCIA DA MEDIÇÃO

A Frequência Cardíaca Máxima (FCMáx.) é o máximo que o seu coração pode bater por minuto. Esse valor pode ser obtido de várias maneiras, porém a mais eficiente será um teste de esforço máximo, conduzido por um especialista no assunto, geralmente um médico do exercício ou cardiologista. Devemos considerar entretanto que a FCMáx. apresenta algumas peculiaridades que precisamos lembrar:
1) Ela tende a diminuir um batimento por minuto a cada ano de vida, após os 20 anos;
2) Ela está relacionada ao grupo muscular que é majoritariamente empregado no esforço. Isto é, para um mesmo praticante, dadas as mesmas condições de temperatura e pressão atmosférica, ela será mais baixa na natação, intermediária no ciclismo e mais alta na corrida.
Além do teste de esforço máximo mencionado anteriormente de que outrasmaneiras podemos estimar esse valor? Há vários anos, criou-se a estimativa de que a Frequência Cardíaca Máxima seria algo em torno de 220-idade. Outras pesquisas identificaram que existe uma variação dessa medida, em torno de +/-12 bpm, de acordo com o nível de aptidão do atleta. Dessa forma uma pessoa com 30 anos teria uma faixa de Frequência Cardíaca Máxima que equivaleria a 220-30 +/-12 ou 178 a 202bpm.
Por que saber quais são esses valores? Por que o exercício executado a determinado nível de intensidade ativará um tipo de comportamento metabólico e fisiológico em nosso corpo. Como sabemos, nosso corpo funciona como um motor multicombustível. Quanto mais lento e menos intenso o esforço, maior será a participação percentual de fontes energéticas derivadas das gorduras. À medida em que a intensidade aumenta, outros tipos de fontes energéticas, incluindo carboidratos e açúcares, serão recrutados para produzir o trabalho necessário. Logo, se os nossos objetivos estiverem relacionados com a perda de peso, deveremos treinar em um percentual menor da FCMáx. para alcançarmos resultados melhores e mais rápidos.
Alguns especialistas que conhecemos opinam que determinados tipos de gorduras, como por exemplo as que se acumulam no perímetro abdominal, só são realmente consumidas através de exercícios de alta intensidade. De maneira geral, sabemos que a faixa onde os benefícios são maiores para este tipo de objetivo se situa entre 60% e 90% da FCMáx. No caso que mencionamos anteriormente, o nosso atleta de 30 anos deveria treinar no intervalo de 106/121 a 160/181batimentos por minuto. Coloquei esses dois números em cada limite (inferior e superior), considerando as variações da faixa de FCMáx. (220-idade = +/-12). Ultrapassar o limite superior pode trazer problemas. Ficar abaixo do inferior não trará resultados de qualidade.
Na próxima edição você conhecerá outros fenômenos e benefícios que estão associados aos variados níveis da frequência cardíaca.
Bons treinos!