quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

ARTES MARCIAIS COGNIÇÃO E COMPORTAMENTO

 As artes marciais são especialmente interessantes para crianças devido ao exercício físico, ao auto-controle, à capacidade de se defender e aos outros, disciplina... no entanto, também há boas evidências sobre função executiva e cognição. Nesse sentido, Ludyga et al. (2021) conduziram um estudo com crianças de 9 a 13 anos divididas em um grupo que praticou judô e um que não o fez durante 12 semanas. O treino foi realizado 2xsemana em sessões de 1 hora e elaborado para crianças sem experiência em artes marciais, com intensidade calculada como moderada (média de 13,3 na escala de Borg). Ao final, a prática do judô levou as crianças a melhorarem o desempenho nos testes comportamentais e neuro cognitivos. Uma atenção especial foi dada ao melhor monitoramento de conflitos, com redução da impulsividade e maior autocontrole. Essas melhoras, em geral, não ocorrem em atividades que visam o aumento da capacidade física. Para os autores, as artes marciais seriam especialmente benéficas devido aos desafios de coordenação e de cognição. Além disso, é importante destacar aspectos únicos das artes marciais como responsabilidade, paciência, coragem, gentileza, justiça e humildade.

.
Essa informação é muito valiosa! Especialmente em um momento no qual as crianças estão cada vez menos ativas e mais expostas a problemas de humor, com grande prevalência de depressão, ansiedade e dificuldades de interação social. Se você tem filhos, não ignore o recado e busque um local de artes marciais. Se você trabalha com crianças, entenda a importância de sua atuação e aprenda a comunicar isso de maneira adequada. Como bem fala o @emmanoel_arrais vender não é errado, desde que se tenha algo bom para oferecer. E, sinceramente, esse é o caso! Falo isso como pai e como professor de Educação Física!
.
Se você se interessa pelo tema, Já deixo o convite para assistir as aulas sobre crianças no #Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/ ), lá explico tudo que você precisa saber para atuar de maneira segura e eficiente com os pequenos!
.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
Ludyga S, Tränkner S, Gerber M, Pühse U. Effects of Judo on Neurocognitive Indices of Response Inhibition in Preadolescent Children: A Randomized Controlled Trial. Med Sci Sports Exerc. 2021 Aug 1;53(8):1648-1655. doi: 10.1249/MSS.0000000000002626. PMID: 34261995.

COMO O EXERCÍCIO FORTALECE O CÉREBRO

 Nas aulas em que falo da Ciência para Vendas no @nerdflix_br eu mostro como o exercício pode ser útil em vários aspectos da vida e como essa informação pode ajudar você a ter mais reconhecimento social e retorno financeiro. E isso avança para campos pouco comentados, como as funções cerebrais.

.
O exercício pode ajudar a prevenir demência, melhorar a função cognitiva, humor, memória e etc. Inclusive, já está sendo estudado que há modificações reais no próprio cérebro. Por exemplo, Callow et al. (2021) colocaram pessoas de 55 a 85 anos para fazer 20min de bicicleta na intensidade subjetiva de 15 (a referência foi a escala de Borg que vai de 6 a 20) e fizeram ressonância magnética imediatamente após o treino. Os resultados mostraram que o exercício levou ao aumento da difusividade no hipocampo, uma região do cérebro associada à memória! Essas alterações são associadas a diversos desfechos positivos como o desempenho em tarefas neurocognitivas, de modo que o exercício seria como uma dose de vitamina para o cérebro.
.
Reforçando essa hipótese há bons estudos mostrando que pessoas com maior capacidade física possuem melhores marcadores de função cerebral e, melhor ainda, que as mudanças na estrutura cerebral são associadas com as mudanças na capacidade física.
.
Portanto, comece a pensar na atividade física não apenas com uma forma de trazer saúde para o corpo, mas também para o cérebro. E pense nisso para todas as idades, já que as melhoras na cognição têm se mostrado evidentes e importantes desde crianças até idosos! Corram no meu grupo do Telegram para ver o artigo (o link é t.me/drpaulogentil, mas também há chamadas nos meus Stories)
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
Callow DD, Won J, Alfini AJ, Purcell JJ, Weiss LR, Zhan W, Smith JC. Microstructural Plasticity in the Hippocampus of Healthy Older Adults after Acute Exercise. Med Sci Sports Exerc. 2021 Sep 1;53(9):1928-1936. doi: 10.1249/MSS.0000000000002666. PMID: 33787529.
.

EXERCÍCIOS PARA DEPENDENTES QUIMICOS

 Costumamos nos referir ao exercício como “vício do bem”. Por mais que isso seja empregado em sentido figurado, há um grande fundo de verdade. Por um lado, a prática de atividades físicas vicia, inclusive ao ponto da pessoa ter vários sintomas quando a interrompe. Por outro, a atividade física libera substâncias psicoativas que podem produzir efeitos que se aproximam de drogas lícitas e ilícitas. Pensando assim, será que o exercício poderia ajudar a controlar os vícios do mal?

.
Um estudo feito em um centro de reabilitação de dependentes químicos recrutou mulheres dependentes de metanfetaminas e as colocou para realizar uma sessão de dança ou exercício aeróbio (Zhou et al. 2021). As aulas de dança foram elaboradas especialmente para o grupo e conduzidas por um professor especializado. O treino aeróbio envolveu caminhadas na esteira por 30min a 65-75% da frequência cardíaca máxima. As avaliações realizadas após a atividade mostraram que as duas atividades têm muitos efeitos interessantes.
.
Um primeiro ponto envolveu a compensação na comida. Por exemplo, pessoas que abandonam algum vício costumam reportar ganho de peso e compulsão por alimentos pouco saudáveis. Nesse campo, as duas intervenções promoveram aumento da saciedade e redução da fome. O estudo fez análises do cérebro e verificou respostas mais positivas aos alimentos, com maior interesse por comidas saudáveis e menos calóricas. Agora vem o mais importante para o caso: ambas as intervenções reduziram o desejo pela droga, com um maior efeito para o exercício aeróbio.
.
Olha que mensagem bacana! Ela se aplica para casos clínicos, pois pessoas com algum tipo de dependência podem se beneficiar muito do exercício. No entanto, mesmo em casos nos quais se tenta melhorar a alimentação, largar cigarro, bebidas e outros a mensagem também é bastante valiosa!
.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
Zhou YU, Finlayson G, Liu X, Zhou Q, Liu T, Zhou C. Effects of Acute Dance and Aerobic Exercise on Drug Craving and Food Reward in Women with Methamphetamine Dependence. Med Sci Sports Exerc. 2021 Nov 1;53(11):2245-2253. doi: 10.1249/MSS.0000000000002723. PMID: 34115731.

ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES GESTACIONAL

 Para alguns, gravidez é tipo uma doença. Há os que recomendam repouso e outros que são mais preocupados com o que evitar do que como se exercitar. Os mitos vão desde a questão da diástase, até riscos à gestante e ao feto. Aqui, reforço muito as aulas sobre gestantes no @nerdflix_br (https://nerdflix.paulogentil.com/ ) pois lá eu abordo tudo sobre o tema, desde o “por que” até o “como”. Mas uma coisa que precisa ficar muito, mas muito clara é que fazer atividade física é essencial para a saúde da mamãe e da criança. Por exemplo, a gestação promove mudanças no metabolismo de glicose que aumentam o risco de desenvolver diabetes. O negócio é tão grave que, no Brasil, 1 em cada 6 partos ocorrem em uma situação de glicemia alta.

.
Assim como nos demais casos, o exercício também tem um importante papel na Diabetes Gestacional. McDonald et al. (2021) avaliaram os hábitos de atividade física de 2388 gestantes e verificaram que mulheres que realizavam mais atividade física moderada a vigorosa possuíam menores níveis de glicose, quando comparada com às que faziam menos. Outro dado interessante é que os benefícios também ocorrem quando a atividade física começa antes da gestação, já que as mais ativas antes até o começo da gestação também apresentavam menores níveis de glicose sanguínea. Por mais que pareça óbvio para quem estuda, com certeza a maioria das mamães e muitos médicos não têm consciência disso. Inclusive, a quantidade de mulheres que atingem os níveis recomendados de atividade física cai de 58% antes da gestação para 35% no segundo trimestre. Os dados também revelaram que apenas 6-12% das mulheres aumentaram os níveis de atividade física na gestação, enquanto uma quantidade bem maior (14-29%)! Ou seja, além de prática de atividade física não ser tão comum na gestação é mais fácil uma pessoa parar do que começar durante a gravidez.
.
Não menosprezem essa mensagem, pois os altos níveis de glicemia na gestação são associados a diversos problemas para criança como obesidade, diabetes, problemas cognitivos e etc. O artigo vai para meu grupo do Telegram e é essencial assistir as aulas do Nerdflix (apenas R$24,9/mês e com certificado).
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
McDonald SM, May LE, Hinkle SN, Grantz KL, Zhang C. Maternal Moderate-to-Vigorous Physical Activity before and during Pregnancy and Maternal Glucose Tolerance: Does Timing Matter? Med Sci Sports Exerc. 2021 Dec 1;53(12):2520-2527. doi: 10.1249/MSS.0000000000002730. PMID: 34138816.

MANTENHA AS CRIANÇAS ATIVAS

 Ao estudar e trabalhar com crianças fiquei surpreso em ver que diversos pequenos apresentam doenças que costumávamos ver apenas em adultos, como dislipidemia, hipertensão e diabetes. Aí você imagina, se uma criança já está com diversos desses problemas, como ela estará quando adulta... se chegar lá?

.
Nos adultos está cada vez mais claro o papel do exercício no tratamento de doenças, no entanto, fala-se pouco sobre isso em crianças. Quando falamos de crianças, é comum pensar mais nas questões motoras e talvez na obesidade, mas devemos olhar seriamente para saúde cardiometabólica! Um exemplo do alerta é o estudo recente de Diaz et al. (2021) que avaliou a aptidão física de crianças de 7 a 10 anos, avaliou sua composição corporal e diversos marcadores de saúde. Os resultados mostraram que, quanto maior aptidão física menor a pressão arterial, a resistência à insulina e melhores o funcionamento do fígado e rins. Pessoal, o organismo das crianças está se deteriorando muito precocemente pela falta de movimento!! Se vocês querem ter uma ideia do que isso significa, um jovem com baixa aptidão física tem um risco quase 4 vezes maior de ser inválido antes dos 50 anos de idade! Cerca de 30% dos jovens com altos níveis de obesidade serão adultos sem condições de viver independentemente! Você tem noção disso? Percebe o drama que estamos vivendo?
.
Por mais que pareça chocante, as crianças precisam ser levadas a fazer atividade física. Digo chocante porque sou de uma geração em que crianças se movimentavam espontaneamente. Nosso castigo era ficar parado! Lembra quando nosso pais nos proibiam de sair? Ou quando nossos professores nos deixarem sem recreio? Hoje está tudo ao contrário! Os pais precisam ter consciência de que é preciso estimular os filhos a praticar atividade físicas e os profissionais precisam ter conhecimento para se comunicar sobre isso e trabalhar com esse público.
.
Acordem e passem a mensagem adiante! Se você quiser estudar o tema, eu falo muito sobre Criança nas aulas do #Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/ ). Confere lá!
.

ATIVIDADE FÍSICA É BOM , MAS SAÚDE MESMO É INTENSIDADE, PONTO PARA O ESPORTE( ESPORTE É SAÚDE)

 Recentemente tive a feliz surpresa de ser graduado com a faixa azul de jiu-jitsu pelo meu mestre Alexandre Bianchii. Então vou aproveitar a foto para reforçar que ESPORTE É SAÚDE! E vou fazer isso da forma adequada: com embasamento científico. Quando chego em casa moído de treinos intensos, minha mãe olha e pergunta “mas isso faz bem?”, essa é a pergunta que ela fazia desde quando eu praticava e competia em outras coisas, do skate ao futebol. Na cabeça de alguns, será mais saudável andar pelo bosque, saltitando e vendo borboletas, sem despentear o cabelo ou borrar a maquiagem. Será?

.
De Boer et al. (2021) analisaram a participação no esporte e desfechos de saúde em quase 100.000 pessoas. A análise envolveu participação em esportes e outros 4 modelos de atividade física (ciclismo, jardinagem, caminhada e serviços braçais). Os resultados mostram que praticar esportes foi associado com 22% menos risco de morte, 26% menos risco de pré-diabetes e 32% menos risco de diabetes, com resultados superiores às demais atividades! A conclusão dos autores é que a participação em esportes pode ser a estratégia mais eficiente para melhorar a saúde e reduzir o risco de morte! Por que? .
Pelo mesmo motivo que sempre assustou minha mãe. Quando praticamos esportes, nos desafiamos e somos desafiados, somos obrigados a tentar nos superar tanto nos treinos quanto nas competições. Isso faz a gente chegar moído... mas o trabalho em alta intensidade gera diversas adaptações positivas, conforme já falei amplamente por aqui.
.
Entendam, há riscos de acidentes e lesões inerentes a várias atividades. No entanto, a maior parte dos riscos que se atribuem aos esportes é fruto de mal planejamento, má execução e até mesmo uso de drogas. Como eu já repeti, o esporte é saúde, o que não é saúde é a burrice de algumas pessoas do esporte!
.
Então, vamos lá! Desafiem-se e, como diz o mestre: desista de desistir!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
de Boer W, Corpeleijn E, Dekker L, Mierau J, Koning R. How is sport participation related to mortality, diabetes and prediabetes for different body mass index levels? Scand J Med Sci Sports. 2021 Jun;31(6):1342-1351. doi: 10.1111/sms.13940. Epub 2021 Mar 9. PMID: 33609297; PMCID: PMC8251809.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

NAUSEAS E TONTURAS PÓS EXERCÍCIO

 Quando fazemos treinos intensos, especialmente os sprints ou treinos metabólicos de musculação, é comum vir uma sensação “ruim” com náuseas e tonturas (ruim entre aspas porque a gente acabo gostando). Existem muitas hipóteses para isso e, recentemente, pesquisadores australianos trouxerem mais luz à questão. Merrells et al. (2021) fizeram um estudo bem interessante no qual ciclistas competidores realizaram 4 sprints de 30s com intervalos de 20min em recuperação passiva ou ativa. A preparação foi cuidadosa, com ausência de alimentação nas 3 horas anteriores para não haver efeitos da ingestão de alimentos.

.
Os resultados confirmaram achados anteriores do mesmo grupo e mostraram que havia relação da náusea com aumento dos níveis de lactato e de H+ e também com a queda na pCO2. Em conjunto, isso sugere que o estresse metabólico realmente interfira na questão. Alguns mecanismos podem ser a ativação direta de regiões do cérebro pelos metabólicos, além de alterações na circulação cerebral o que, inclusive, também pode explicar as tonturas.
.
Mas há a parte boa, pois ao usar recuperação ativa, houve redução nas alterações de todos esses marcadores fisiológicos e, consequentemente, das náuseas. Ou seja, é possível amenizar o sofrimento através de uma estratégia simples: se movimentar nos intervalos. Portanto, se você sofre de náuseas e tonturas após esforços de alto estresse metabólico, evite parar de uma vez. Em vez disso, mantenha uma atividade de baixa intensidade, como uma caminhada ou pedalada.
.
Reforço para assistirem as aulas sobre treinamento intervalado no Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/
), pois lá detalho bem as questões dos treinos intensos para você saber se realmente vale a pena em cada caso e, caso valha, oriento nas melhores formas de fazer. Inclusive lá eu detalho mais a questão de como evitar o “nó nas tripas”. Para quem quiser o artigo, ele está no meu grupo do Telegram, increva-se olhando os meus Stories ou veja o link t.me/drpaul#nerdflix
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Merrells RJ, Madon SB, Chivers PT, Fournier PA. Nausea after Repeated Sprints: Is Lactic Acidosis Really the Culprit? Med Sci Sports Exerc. 2021 Sep 1;53(9):1865-1872. doi: 10.1249/MSS.0000000000002667. PMID: 34398059.

COMO PREVENIR LESÕES OU NAO

 Você já deve ter visto algum anúncio patrocinado de consultorias ou certificações propondo testes para ajudar a fazer treinos mais seguros. Quem é assinante do #Nerdflix sabe que isso é pura balela baseada no terrorismo biomecânico. Sim! Ter um resultado ruim nesses testes não está associado a lesões e qualquer intervenção voltada para isso é tolice!

.
Para reforçar o argumento, vou trazer um estudo recente. Dillon et al. (2021) avaliaram corredores que sofreram lesões nos últimos 3-12 meses e sem lesões nos últimos 2 anos (muitos dos quais nunca se lesionaram). Os participantes foram testados para força muscular de adução de quadril, extensão de quadril, flexão de joelhos, extensão de joelhos e flexão plantar; posicionamento dos pés e amplitude de movimento (mobilidade) na dorsiflexão, extensão de quadril, rotação interna e externa de quadril.
.
Interessantemente, os que nunca sofreram lesões eram mais fracos na flexão plantar, enquanto os recentemente lesionados possuíam maior força de abdutor de quadril. A famigerada mobilidade não teve qualquer relação com as lesões, bem como a posição dos pés. Por fim, não havia quaisquer associações entre qualquer índice de assimetria e a ocorrência de lesões. Lembra a aula do @nerdflix_br sobre o tema? Se não viu, corre em https://nerdflix.paulogentil.com/
!
.
Imagina fazer uma bateria de testes demorados, gastar uma grana preta e receber um laudo todo complexo. Baseado nisso, você compra um programa de treino específico para suas “deficiências” e “desequilíbrios”, cheio de mobilidade e exercícios funcionais. Sabe que diferença isso faria na sua vida? NENHUMA! Você basicamente estaria perdendo tempo e dinheiro, já que os testes não significam nada útil e as intervenções não modificam nada relevante.
.
O que fazer? O básico, sem frescura! Caso haja lesão, procure um fisioterapeuta que faça o básico, sem frescura! Por falar nisso, estarei em João Pessoal nesse sábado para falar sobre Terrorismo Biomecânico, apareçam lá! Informações https://seorganizapersonal.com.br/gentilemjoaopessoa/
.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Dillon S, Burke A, Whyte EF, O'Connor S, Gore S, Moran KA. Do Injury-Resistant Runners Have Distinct Differences in Clinical Measures Compared with Recently Injured Runners? Med Sci Sports Exerc. 2021 Sep 1;53(9):1807-1817. doi: 10.1249/MSS.0000000000002649. PMID: 33899779.

CRIANÇAS E ESPORTE

 Como pai, professor e pesquisador sempre falo da importância das atividades físicas. Mas é importante entender que exercício é para vida e não a vida é para o exercício. Deixe-me exemplificar...

.
Quando Paulinho tinha apenas 6 meses eu o levava para natação (somos nós na foto), andava de skate com ele e o levava na bicicleta por aí. Aos 2-3 anos o levei para o judô, capoeira e habilidades motoras, ainda mantendo a natação. Ao longo do tempo passamos pelo caratê, crossfit, o ensinei a andar de bicicleta, skate, etc. Agora, aos 7 anos, ele segue no jiu-jitsu, judô, natação e capoeira. Em algumas dessas coisas ele tem o desempenho muito bom, tipo quando aprendeu a andar de skate na primeira tentativa, a girar o quadril para dar soco, etc. E aí várias pessoas perguntam se ele será atleta de alguma dessas coisas... Minhas resposta é: não é o momento!
.
É comum fazer com que crianças dediquem seu tempo, energia física e mental em uma única atividade. A chamada especialização precoce. No entanto, a especialização NÃO é associada ao sucesso esportivo e ainda é associada a maior incidência de lesões e de burn-out, o que leva ao abandono da atividade e muitas vezes leva à aversão às atividades físicas como um todo. Esse problema, foi alertado pela American Orthopaedic Society for Sports Medicine (LaPrade et al., 2016), American Medical Society for Sports Medicine (DiFiori et al., 2014) e American Academy of Pediatrics (AAP, 2000), além de autores como Feeley et al. (2016), Malina (2010), Ahlquist et al. (2020) e, mais recentemente, Xiao et al. (2021).
.
Lembrem-se que a atividade física é um meio para uma vida mais saudável e não a finalidade da vida de uma criança. Deixem as crianças vivenciarem o máximo de atividades possível, preferencialmente de maneira prazerosa. O objetivo é que isso os ajude a se desenvolver como seres humanos e, se ao longo do processo, eles optarem por serem atletas, que legal! Se não optarem, legal também!
.
Visitem o #Nerdlix (https://nerdflix.paulogentil.com/
) para verem as aulas sobre crianças, lá eu explico os aspectos epidemiológicos, fisiológicos e práticos para trabalhar bem com os pequenos!
.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
AAP. Intensive training and sports specialization in young athletes. American Academy of Pediatrics. Committee on Sports Medicine and Fitness. Pediatrics. 2000 Jul;106(1 Pt 1):154-7. PMID: 10878168.
Ahlquist S, Cash BM, Hame SL. Associations of early sport specialization and high training volume with injury rates in National Collegiate Athletic Association Division I athletes. Orthop J Sports Med. 2020;8(3):2325967120906825.
Boccia G, Cardinale M, Brustio PR. World-Class Sprinters' Careers: Early Success Does Not Guarantee Success at Adult Age. Int J Sports Physiol Perform. 2020 Dec 9;16(3):367-374. doi: 10.1123/ijspp.2020-0090. PMID: 33296871.
DiFiori JP, Benjamin HJ, Brenner JS, Gregory A, Jayanthi N, Landry GL, Luke A. Overuse injuries and burnout in youth sports: a position statement from the American Medical Society for Sports Medicine. Br J Sports Med. 2014 Feb;48(4):287-8. doi: 10.1136/bjsports-2013-093299. PMID: 24463910.
Feeley BT, Agel J, LaPrade RF. When Is It Too Early for Single Sport Specialization? Am J Sports Med. 2016 Jan;44(1):234-41. doi: 10.1177/0363546515576899. Epub 2015 Mar 30. PMID: 25825379.
LaPrade RF, Agel J, Baker J, Brenner JS, Cordasco FA, Côté J, Engebretsen L, Feeley BT, Gould D, Hainline B, Hewett T, Jayanthi N, Kocher MS, Myer GD, Nissen CW, Philippon MJ, Provencher MT. AOSSM Early Sport Specialization Consensus Statement. Orthop J Sports Med. 2016 Apr 28;4(4):2325967116644241. doi: 10.1177/2325967116644241. PMID: 27169132; PMCID: PMC4853833.
Malina RM. Early sport specialization: roots, effectiveness, risks. Curr Sports Med Rep. 2010;9(6):364–71.
Xiao M, Lemos JL, Hwang CE, Sherman SL, Safran MR, Abrams GD. High Specialization among Female Youth Soccer Players Is Associated with an Increased Likelihood of Serious Injury. Med Sci Sports Exerc. 2021 Oct 1;53(10):2086-2092. doi: 10.1249/MSS.0000000000002693. PMID: 33927169.

AVALIAÇÃO FISICA EM MULHERES

 Eu não sou especialista em avaliação física, por esse motivo provavelmente não conseguirei responder pontos específicos que trouxerem aqui (então peço que interajam entre vocês sobre o tema nos comentários, por favor).

.
Mas a questão é que as mulheres costumam reclamar bastante sobre variações no peso e composição corporal no ciclo menstrual. Isso levou a recomendações de que se deve fazer as medidas em momentos específicos para evitar erros. De fato, estudos anteriores verificaram que há alterações na composição corporal ao longo do ciclo menstrual. Gleichauf & Roe (1989) mostraram que há diferenças na massa magra e massa corporal nas avaliações com bioimpedância. No entanto, Stachoń (2016) reportou que isso ocorria apenas em alguns grupos, especialmente mulheres magras e mais hidratadas.
.
Por outro lado, Cumberledge et al. (2018) verificaram que, independente do método de bioimpedância, os resultados não variavam nas fases (menstruação, folicular, início e fim da fase lútea). E, mais recentemente, Gould et al. (2021) compararam as avaliações por bioimpedância e DEXA no começo e fim da fase folicular (aquela após a menstruação) e verificou que os resultados não mudavam!
.
E agora? Agora é preciso observar isso individualmente. Se a mulher sofre muitas diferenças, especialmente na retenção hídrica, prefira avaliar sempre na mesma fase (onde isso não seja evidente) pois os métodos envolvem cálculos que são muito influenciados pelo estado de hidratação. Agora, se você não sofre essas flutuações, você provavelmente não precisa se preocupar. Beleza?
.
O artigo está no meu grupo do Telegram, para entrar veja o link t.me/drpaulogentil
ou busque no link do meu perfil e Stories.
.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Cumberledge EA, Myers C, Venditti JJ, Dixon CB, Andreacci JL. The Effect of the Menstrual Cycle on Body Composition Determined by Contact-Electrode Bioelectrical Impedance Analyzers. Int J Exerc Sci. 2018 Jan 1;11(4):625-632. PMID: 29541335; PMCID: PMC5841670.
Gleichauf CN, Roe DA. The menstrual cycle's effect on the reliability of bioimpedance measurements for assessing body composition. Am J Clin Nutr. 1989 Nov;50(5):903-7. doi: 10.1093/ajcn/50.5.903. PMID: 2816797.
Gould LM, Cabre HE, Brewer GJ, Hirsch KR, Blue MNM, Smith-Ryan AE. Impact of Follicular Menstrual Phase on Body Composition Measures and Resting Metabolism. Med Sci Sports Exerc. 2021 Nov 1;53(11):2396-2404. doi: 10.1249/MSS.0000000000002702. PMID: 34280938.
Stachoń AJ. Menstrual Changes in Body Composition of Female Athletes. Coll Antropol. 2016 Jun;40(2):111-22. PMID: 29139284.