quinta-feira, 22 de março de 2018

BONS RESULTADOS TREINANDO EM CASA

A quantidade de pessoas que pratica exercício é bem menor do que o desejado e os motivos para isso são diversos, com destaque para falta de tempo e dificuldade ...de acesso a locais/equipamentos específicos. Portanto, caso fosse possível viabilizar estratégias rápidas para serem feitas em casa, as desculpas diminuíram bastante, certo?
Para testar os efeitos de um treino intervalado de alta intensidade (HIIT) feito dessa forma, um grupo de pesquisadores de Uberaba e Uberlândia (incluindo o Erick Prado de Oliveira) dividiu mulheres no período pós menopausa em dois grupos: treino tradicional (30 minutos de caminhada + 30 minutos de musculação) ou HIIT (10 séries de 1 minuto com subidas no step e agachamentos com o peso do próprio corpo com 1 minuto de intervalo). Os treinos ocorriam 3 vezes na semana. Antes e após 3 meses várias coisas foram avaliadas, incluindo fatores inflamatórios e performance (Martins et al., 2018).
Os resultados revelaram que os dois grupos melhoraram, de maneira similar, a performance nos testes de caminhada e o índice de muscularidade. No entanto, apenas o grupo que fez o treino tradicional obteve melhoras na força muscular. Como saúde é o que interessa, vale destacar que houve melhoras nos níveis de insulina, hemoglobina glicada, glicemia e IL-1a nos dois grupos, sem diferença entre eles. Para melhorar, mulheres diabéticas e pré-diabéticas tiveram melhoras em seus quadros, algumas inclusive ficando “curadas”. Detalhe, que não houve mudanças na alimentação!
Muito bacana o estudo, pois mostra possibilidades que vão além do convencional e abre perspectivas não apenas para o praticante, mas também para o profissional, que poderá atender em domicílios e sem necessidade de equipamentos complexos. A única coisa chata de falar sobre isso é que pode parecer um ponto a favor daquelas pilantragens vendidas para queimar gordura por dois dias, insanidades, puglisidades, etc. Mas entendam que o estudo teve avaliações individualizadas, controle de treino e acompanhamento. Além disso, ninguém está prometendo milagres estéticos, fazendo exercícios ridículos e tampouco falando que isso é a melhor coisa do Mundo, entendido?
(Paulo Gentil)
Martins FM, de Paula Souza A, Nunes PRP, Michelin MA, Murta EFC, Resende EAMR, de Oliveira EP, Orsatti FL. High-intensity body weight training is comparable to combined training in changes in muscle mass, physical performance, inflammatory markers and metabolic health in postmenopausal women at high risk for type 2 diabetes mellitus: A randomized controlled clinical trial. Exp Gerontol. 2018 Feb 19. pii: S0531-5565(17)30548-X.

LOW CARB X LOW FAT

Um estudo publicado em fevereiro, num dos principais periódicos médicos do mundo, nos presenteou com alguns dados muito interessantes sobre a eficácia de dois tipos de dietas bem difundidas: Low Carb e Low Fat (Gardner et al, 2018).

Participaram do estudo mais de 600 indivíduos, homens e mulheres, entre 18 e 50 anos, com sobrepeso e obesidade (IMC entre 28 e 40). O programa teve duração de 12 meses e os sujeitos foram aleatoriamente divididos em dois grupos, um fez dieta com baixo consumo de carboidratos e o outro com baixo consumo de gorduras. O objetivo foi avaliar o efeito desses dois tipos de dieta (low carb vs Low fat) em uma amostra com grande número de participantes. Outro objetivo foi verificar se existia relação entre determinados tipos de genes e o padrão de emagrecimento/dieta.

E sabe qual o resultado encontrado? Os dois grupos emagreceram IGUAL!!!! Sim, isso mesmo… a dieta low carb não foi melhor que a dieta low fat na perda de gordura ao final de 12 meses. Resultado como o desse estudo não é nenhuma novidade no meio científico, outros artigos já haviam demonstrado que dieta low carb causa efeitos similares em emagrecimento quando comparada a outros tipos de dieta. O que acontece é que dietas com restrição de carboidratos promove um melhor resultado nos primeiros 6 meses, no entanto essa vantagem se perde após 12 ou mais meses.

Ah, e pra jogar um balde de água fria na galera adepta de testes genéticos para prescrever dietas, esse estudo também não encontrou nenhuma interação entre os genótipos avaliados e a perda de gordura. Em outras palavras, ainda não é possível prever com base em genes se uma pessoa emagrecerá mais com dieta x ou dieta y! Então economizem o seu suado dinheiro e fujam desse tipo de teste.

E sabe o que foi mais bacana? Nenhum dos dois grupos recebeu dieta! Ao invés de um plano alimentar, eles receberam palestras educativas, e isso foi suficiente para que eles conseguissem emagrecer. Outro dado interessante é que ambos os grupos foram orientados a consumir muitos vegetais, excluir açúcar e limitar o máximo possível industrializados.

Parece que o segredo é ter uma alimentação saudável, independente se é low carb ou low fat!

UM ÓTIMO EXERCÍCIO PARA GLUTEOS

Analisar exercícios é sempre complicado, pois depende de vários aspectos. Por exemplo, para saber se um exercício seria recomendado para hipertrofia precisamos ...saber sobre os músculos recrutados e também se a forma de trabalho está potencialmente associada aos objetivos. Por exemplo, de pouco adianta conseguir grande ativação em uma amplitude limitada. E aí tem umas pegadinhas, como o fato do sinal eletromiográfico costumar ser maior quando o músculo está encurtado do que alongado. No entanto, devemos lembrar que, a posição alongada normalmente é mais eficiente tanto para produzir microlesões quanto para trazer os ganhos de força e massa muscular (Gentil, 2014). Dessa forma, parece ser interessante combinar uma boa ativação muscular em trabalhos com boa amplitude.
Um exemplo disso, é fazer o agachamento com uma das pernas, colocando a outra para trás, normalmente chamado de afundo (ou lunge). O posicionamento da perna de trás faz com que o quadril se mantenha numa posição mais estável, diminuindo a tendência de haver retroversão da pelve. Com isso há supostamente maior pré-estiramento do glúteo e posteriores de coxa em relação ao agachametno com as duas pernas. Para verificar se isso ocorreria, McCurdy et al. (2018) colocaram mulheres com experiência em musculação para fazer os dois exercício e, de fato verificaram que a variação com uma perna promove aumento no recrutamento de fibras do glúteo máximo e posteriores de coxa! E, o que é melhor, ainda com uma ótima amplitude! Então inclua aí isso como possibilidade, ok? Mas veja bem, não quer dizer que deva fazer agachamento, afundo, leg press, etc. todos os dias! É apenas mais uma possibilidade, e não uma obrigação.
Falo sobre execução desse exercício no meu curso online sobre membros inferiores (olhe em www.PauloGentil.com), mas aqui vão umas dicas do bem para hipertrofia: não faça alternado (isso prejudica os estímulos), não faça em superfícies instáveis (isso prejudica a intensidade), não faça passadas (isso prejudica os estímulos E prejudica a intensidade), não coloque o peso nos pés de trás (isso tira o foco do pé da frente), não dê coices (isso é ridículo e ineficiente).
(Paulo Gentil)
McCurdy K, Walker J, Yuen D. Gluteus Maximus and Hamstring Activation During Selected Weight-Bearing Resistance Exercises. J Strength Cond Res. 2018 Mar;32(3):594-601
Gentil P. Bases científicas do treinamento de hipertrofia. Charleston. Create Space, 2014 (veja em www.PauloGentil.com)

COMO TER MAIS RESULTADOS COM SUAS CORRIDAS?

Imagina que você corre na rua, pois gosta da atividade, gosta de estar outdoor... Como você poderia ter mais benefícios, sem mudar a atividade e nem o lugar ond...e você a faz?
Um estudo publicado por Sökmen et al. (2018) pode te ajudar! No estudo, 48 jovens ativos foram divididos em dois grupos: treino contínuo ou intervalado. Todos corriam em uma pista de 400m, o treino contínuo envolvia 30-40 minutos em intensidade constante (~75% do VO2max). Já no intervalado (HIIT) se teria que percorrer a mesma distância, mas fazendo tiros de 200m intercalados com caminhadas lentas por mais 200m (levanto 3x o tempo que se levou no tiro). De acordo com os resultados o consumo máximo de oxigênio aumentou 15,6% no HIIT e 8,7% no contínuo, a performance anaeróbia aumentou 32,3 e 17%, respectivamente. Além disso, o grupo que fez os tiros ainda diminuiu a massa corporal e ganhou força nos testes de alta velocidade! Isso tudo levando menos tempo de treino!
Então olhe que bacana, não estou falando para você parar de corre e tampouco mudar o local, apenas estou falando para você fazer isso melhor. Em vez de passar o tempo todo correndo na mesma velocidade, você pode fazer um aquecimento de uns 5 minutos, por exemplo, correndo normalmente. Depois disso, você pode correr mais rápido por 20-30 segundos e depois passar 60-90 segundos caminhando para se recuperar. Apesar do estudo não falar tempo ou quantidade, eu sugeriria que você fizesse isso 6-10 vezes, aumentando à medida que concluísse o treino com facilidade. Obviamente que quem tiver limitações musculo-esquéticas que impeçam a corrida poderá mudar a atividade e fazer isso com bicicleta (na rua ou estacionária), escadas, natação, etc.
Faça bom proveito do seu tempo, a Ciência está aí para te ajudar!
(Paulo Gentil)
Sökmen B, Witchey RL, Adams GM, Beam WC. Effects of Sprint Interval Training With Active Recovery vs. Endurance Training on Aerobic and Anaerobic Power, Muscular Strength, and Sprint Ability. J Strength Cond Res. 2018 Mar;32(3):624-631.

O QUE ACONTECE COM SEU METABOLISMO APÓS LIPOASPIRAÇÃO?

Muita gente se incomoda com aquela gordurinha localizada... no culote, nas coxas e, principalmente, no abdômen.

Em função de uma série de fatores, inclusive pressão social por estereótipos vigentes de beleza no cenário atual, as pessoas acham que resolverão o problema com cirurgias plásticas, como a #lipoaspiracao
Esta é uma técnica agressiva de #emagrecimento , especialmente porque extirpa a gordura do corpo de modo mecânico. Segundo a hipótese lipostática, o organismo entende este procedimento como uma afronta à sobrevivência e, então, apesar haver uma redução na gordura subcutânea, observam-se:

1) aumento na quantidade de gordura visceral e
2) diminuição no metabolismo de repouso

Ou seja, por ter tirado cirurgicamente a reserva energética, o organismo passa a se tornar mais econômico! Aí, ele gasta menos calorias no dia a dia e a chance de engordar mais nos meses após até aumenta.

Em contrapartida, a realização de exercícios físicos contrabalanceia estes mecanismos, não permitindo aumento da gordura visceral nem a redução do metabolismo de repouso!

Portanto é isto.
Se vc decidir fazer uma lipo, após a recuperação considere incluir exercícios físicos no teu cotidiano! Eles te ajudarão a manter a saúde em dia!

quarta-feira, 7 de março de 2018

EXCESSO DE PESO x BAIXA CAPACIDADE FISICA; O QUE É PIOR?

Dentre os pesquisadores que vêm se destacando na área de Saúde, já falei várias vezes do colombiano Robison Ramirez-Velez, que estará conosco no Simpósios Inter...nacionais desse ano. Dentre suas mais de 150 pesquisas, tem uma que merece atenção por tratar de um tema que vem sendo bastante debatido: a saúde seria mais influenciada pela composição corporal ou pelo condicionamento físico? Para ser mais claro, seria melhor ser um gordinho ativo ou um magro sedentário?
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Em uma pesquisa bem interessante, o grupo de Ramirez-Velez analisou a capacidade muscular (força em relação a massa corporal), antropometria (IMC e circunferência de cintura) e parâmetros de saúde (pressão arterial, glicemia e lipidemia) em uma amostra de mais de 6.000 colombianos.
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Logo de cara, fica confirmado que os fatores de risco de lipidograma, metabólicos e cardiovasculares eram maiores nas pessoas com excesso de peso. E aí apareceu algo interessante, o aumento nos níveis relativos de força ajudava a equilibrar os efeitos do excesso de peso, de modo que as pessoas mais fortes em relação ao próprio peso (lembrando que é força corrigida pela massa) tinham proteção contra potenciais problemas de saúde. Agora, os mais saudáveis mesmo eram que combinavam bom condicionamento muscular com peso controlado.
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Por mais óbvio que isso possa parecer, há algumas discussões sobre o tema. Então vou tentar ser didático e Gentil para esclarecer as coisas. Se você está acima do peso e tem uma capacidade física ruim, o bicho de capa preta e foice o tem merecidamente na cabeça da lista. Se você continuar pesado e melhorar a capacidade física, ou continuar molenga e perder peso, vai passar alguns lugares para trás na fila do além. Mas, se você quiser ser realmente saudável, morrer mais tarde e ter condições de disfrutar bem a vida, então controla a porcaria do peso e trate de melhorar sua capacidade física, carai!
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Olho nos Simpósios Internacionais para ver essa e outras feras. Informações em https://www.cursocefisa.com/ivsimposio/. Ah, o lote promocional do Simpósio de Brasília vai até o dia 26/2 (amanhã)! Não perca
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(Paulo Gentil)
Ramírez-Vélez R, Correa-Bautista JE, Lobelo F, Izquierdo M, Alonso-Martínez A, Rodríguez-Rodríguez F, Cristi-Montero C. High muscular fitness has a powerful protective cardiometabolic effect in adults: influence of weight status. BMC Public Health. 2016 Sep 23;16(1):1012.

POSIÇÃO DOS PÉS NO LEG E AGACHAMENTO

Quem aí acredita num trabalho melhor de determinado músculo utilizando alguma variação nas patas? Parece meio bizarro acreditar nisso. Penso ser mais provável piorar ativação de alguns. Então, Escamila é o cara q procuras quando vc quer saber sobre agachamento/joelho/músculos ativados. Em 2001, seu grupo desenvolveu um trabalho sobre posição dos pés no agachamento e leg press. E alterar a posição dos pés p mais afastado, mais angulado, mais fechado, mais alto ou mais baixo (caso do leg press) muda mais as forças compressivas nos joelhos e tensões nos ligamentos (LCA e LCP) do q ativação de músculos alvo, o q pode ser bem perigoso. P não mentir, pé alto no leg ativa mais o posterior de coxa do q o anterior, porém, não mais do q o próprio posterior se com pés na altura “natural”; e de maior ativação da panturrilha em certas variações. Quem aí faz leg p crescer as pantu? 🤷‍♂️ Escamila fala de alterar posição dos pés p casos de reabilitação, não p ficar gigante. -
Murray e seus blue caps em 2013 também não encontraram diferenças na ativação de vasto medial, lateral, nem reto femoral usando pés p dentro, p fora e neutros. -
Já o grupo de Akuzawa (2017) encontrou diferenças na ativação muscular mudando a posição dos pés ao fazer flexão plantar (panturrilhas). Quem aí quer crescer o tibial posterior? Ou o fibular longo? Ambos tem a espessura de um dedo mindinho e estão “por baixo” da panturrilha (soleo e gastrocnêmios)! Vão fazer diferença na sua panturrilha viu!? Aumentá-la diretamente mudando a posição dos pés q é bom, nada! -
Sugestão: posicione seus pés da forma q eles ficam quando vc para após dar alguns passos. Mudar a posição deles p algo além disso pode melhorar a técnica de execução do seu agachamento ou leg? Claro q pode! Encurtamento das pantus é um dos motivos p adotar essa estratégia. Mas aí é melhor procurar um profissional competente, afinal, seria deixar demais “o seu” na reta. -
E por favor, sem leg de ladinho. Aí já enfraquece a amizade.