sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

COMO VOCÊ ENCARA AS DIFICULDADES?

Paulo Gentil

Há várias evidências mostrando que treinos curtos e intensos são mais eficientes que atividades longas de menor intensidade, seja para saúde, seja para estética.... No entanto, o “sofrimento” têm sido bastante discutido como um fator que impede a aderência aos treinos intensos. Mas até que ponto tal “sofrimento” não é apenas uma questão de adaptação?
Em estudo recente, Saanijoki et al. (2018) estudaram as respostas afetivas de mulheres com problemas do metabolismo de glicose (diabetes tipo 2 ou pré-diabetes) a duas semanas de treinamento intervalado ou contínuo. O treino intervalado compreendia o modelo mais sofrido de todos, com 4-6 tiros máximos de 30 segundos e 4 minutos de intervalo (quem fez de verdade sabe o que estou dizendo), enquanto o contínuo envolvia 40-60 minutos a 60% da carga máxima no teste incremental. Os resultados revelaram que, de fato, a sessão de intervalado resultava em maior desprazer e excitação ao começo do estudo. No entanto, as participantes reportavam cada vez mais prazer, tranquilidade e vontade de se exercitar ao longo dos treinos. Outra coisa interessante é que a sensação de esforço e de dor também diminuía ao longo do tempo, além disso, a sensação de estresse começou alta após os tiros, mas ao final da primeira semana estava igual à do exercício contínuo.
E então, como você encara as dificuldades? Se envolver em atividades menos intensas certamente vai gerar menos incômodo, mas em pouco tempo essas sensações se ajustarão. Se pensar que atividades mais “leves” geram menos resultado em longo prazo, será que não vale a pena um pouco tolerar o desconforto por alguns dias para ter resultados mais consistentes? Tenho certeza que várias pessoas que leem esse texto já sentiram isso na prática e se tornaram fãs do treino intervalado, pois aprenderam que o investimento tem ótimo retorno e o que era sofrimento acabou tendo um sabor especial! Isso vale para exercício, mas vale também para outros campos que você promete mudar, como alimentação. No começo, é trabalhoso, mas depois fazer o que é bom deixa de ser sacrifício e vira hábito.
Que 2018 comece com boas atitudes!
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(Paulo Gentil)
Saanijoki T, Nummenmaa L, Koivumäki M, Löyttyniemi E, Kalliokoski KK, Hannukainen JC. Affective Adaptation to Repeated SIT and MICT Protocols in Insulin-Resistant Subjects. Med Sci Sports Exerc. 2018 Jan;50(1):18-27.

O QUE REALMENTE FAZ VOCÊ EMAGRECER?

Paulo Gentil

Emagrecimento é um tema complicado. Vemos pessoas comendo pouco e engordando, outras emagrecendo sem grandes restrições, algumas se matando na academia para nad...a, há as que conseguem grandes mudanças em pouco tempo... Ainda estamos engatinhando na compreensão do fenômeno, algumas ideias eu trago no meu livro de Emagrecimento e outras ainda estão surgindo. Em um estudo bem interessante Lima et al. (2017) acompanharam quase 700 crianças por 7 anos para entender quais variáveis estariam relacionadas à gordura corporal.
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De acordo com os resultados fazer atividade física não foi associado com a gordura! Por outro lado, a competência motora e a capacidade cardiorrespiratória (VO2pico) foram os principais modeladores da gordura corporal, sendo que ambos também mediavam a associação da prática de atividades físicas com a gordura. Ou seja, não adianta praticar atividades físicas, é preciso ganhar condicionamento se quiser emagrecer. Muito legal saber disso se pensarmos nas crianças, pois a obesidade vem aumentando absurdamente nos pequenos e muito disso está associado às diversões terem se tornado mais sedentárias. Pô, antes o castigo era obrigar os pequenos a ficarem em casa. Agora, o castigo é tirar o jogo eletrônico da molecada!
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Mas a reflexão também vale para os adultos. Por exemplo, de que adianta ficar horas na esteira, se essa intensidade não promove nenhum tipo de melhoria? Sem falar da galera que enrola tanto nas aulas, que é mais fácil ganhar um Oscar do que perder um quilo! Manter-se fisicamente ativo é extremamente importante por diversos fatores, mas lembre-se que não adianta fazer por fazer. Coloque a mão na consciência e pense se você realmente tem melhorado. Sua velocidade aumentou? Está conseguindo pedalar com mais carga? Cumprindo a mesma distância em menos tempo? Se nada estiver mudando, não espere conseguir bons resultados no emagrecimento tampouco. Lembre-se que ao “enrolar” você não engana seus colegas ou professores, mas sim a você mesmo!
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Lembrando que alguns dos maiores nomes do Mundo nessa área estarão em Brasília dia 5/5, informações em http://www.paulogentil.com/?page_id=742 com a @cefisafisio
(Paulo Gentil)
Lima RA, Pfeiffer KA, Bugge A, Møller NC, Andersen LB, Stodden DF. Motor competence and cardiorespiratory fitness have greater influence on body fatness than physical activity across time. Scand J Med Sci Sports. 2017 Dec;27(12):1638-1647.

COM QUE IDADE SE PODE FAZER MUSCULAÇÃO?

Paulo Gentil
Um belo dia, eu e minha mãe fomos treinar e levamos meus sobrinhos de 9 anos e meu filho de 3 para a academia na qual sou sócio (Academia Malhart). Para dar cer...to, enquanto um treinava, o outro ficava com os pequenos. No meu turno, eles pediram para fazer exercícios e montei, numa sala vazia, um circuito que envolvia agachamentos, flexão de braços, desenvolvimentos, remadas, etc. Sim, passei musculação para uma criança de 3 anos (e ele se amarrou)! Fui mais ousado que o grupo de Faigenbaum, maior autoridade do Mundo na área, que colocou crianças de 5 anos para fazer musculação.
Não há idade para começar! O papo de que atrapalha o crescimento é um mito que carece de base fisiológica e evidência científica. Aliás, se for temer sobrecarga, teríamos que proibir as crianças de saltar ou mesmo correr, pois essas atividades geram forças que superam em muitas vezes a massa corporal, algo que dificilmente vai acontecer na musculação. O risco de lesões também é baixo. Aliás, há evidências que a musculação previne lesões.
No entanto, é preciso o objetivo não é criar blogueirinhos paranoicos pelo shape, e sim é dar uma vida mais saudável. Por exemplo, os níveis de força estão associados à menor mortalidade em crianças e adolescentes, inclusive os mais fortes chegam a ter uma possibilidade 30% menor de cometer suicídio e 65% menos chance de ter problemas psiquiátricos. Também há evidências que menores que fazem musculação aumentam a participação em outras atividades, inclusive Faigenbaum sugere que se use o treino de força como base para as proezas atléticas futuras.
Mas há detalhes, como a um atraso no fortalecimento dos tendões, menor atividade de enzimas da glicólise, diferenças hormonais e mesmo questões de desenvolvimento psicomotor que tornam o treinamento bem diferenciado, inclusive em sua abordagem pessoal. Para quem quiser saber mais, acessem o curso online de Mulheres, idosos e crianças em www.PauloGentil.com. Lá eu trato o tema com detalhes e até mostro o quanto uma criança cresce fazendo musculação em comparação com uma que não faz! Enfim, musculação não é a única possibilidade, mas deve ser considerada uma boa possibilidade para qualquer idade!
(Paulo Gentil)
Link direto para o curo online: http://www.institutocefisa.com.br/…/tapicos-avanaados-de-tr…