quarta-feira, 25 de abril de 2018

PREMIO NOBEL DEFENDE O JEJUM?

Dizer que o Nobel de Medicina defende jejum é uma das maiores provas de burrice que já vi! Porra, nos estudos da década de 1990 o grupo Yoshinori Ohsumi descobr...iu como funcionam os processos de autofagia (reciclagem celular) ao induzir inanição em células isoladas. O primeiro erro é desconhecimento básico de termos. “Starvation” (inanição ou fome extrema) se refere à falta total ou severa de nutrientes necessários para manutenção da vida. Já “fasting” (jejum) significa deixa de comer voluntariamente por períodos variáveis de tempo. Entenda que o ganhador do prêmio Nobel não colocou ninguém para trocar o café da manhã por tomar água, limão, glutamina e gratidão para gerar vida eterna! Os caras pegaram células isoladas e privaram elas de comida para estudar vias bioquímicas em resposta à uma ameaça à sua sobrevivência!
Olha o trecho do resumo do artigo: "o acúmulo de corpos autofágicos nos vacuolos foi induzida não apenas pela inanição de nitrogênio, mas também pela depleção de nutrientes como carbono e aminoácidos isolados que causaram interrupção do ciclo celular”. Velho, privação de nutrientes ao ponto de gerar interrupção de ciclo celular!! Tem noção que isso poderia matar alguém um ser humano?? Aliás, existe alguma dúvida que falta de alimentos é prejudicial à saúde???
Além disso, a resposta da autofagia citada nos trabalhos não é apenas à inanição, mas também a outros tipos de estresse, como infeções, toxinas, etc. Inclusive, até mesmo formas mais saudáveis e menos burras de gerar estresse podem ativar autofagia, como mostrado em estudo recente com musculação (Hentilä et al., 2018).
Na boa, é nesse tipo de gente que vocês acreditam para fazer suas dietas? Pessoas que enchem os outros de bomba, mandam você ficar sem comer e criam teorias mirabolantes??
Para quem quiser se informar direito aqui vai o link para notícia do Nobel (https://www.nobelprize.org/…/medi…/laureates/2016/press.html) ou olhem o artigo original (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2289660/)
(Paulo Gentil)

SAUDE DE IDOSOS

Mikel Izquierdo é o maior pesquisador do Mundo sobre treinamento para idosos, especialmente idosos frágeis. O que se tem visto recorrentemente é que a prática s...istematizada de exercício, especialmente os de força, pode reverter perdas funcionais e tratar diversos problemas de saúde, devolvendo qualidade de vida e aumentando a longevidade.
Em um artigo intitulado “É ético não prescrever atividades físicas para idosos frágeis?”, Izquierdo et al. (2016) trazem reflexões importantes. Por exemplo, a idade traz diversos problemas (diabetes, hipertensão, sarcopenia, osteoporose...), resultando na prescrição de uma grande quantidade de medicamentos. A consequência é um elevado gasto financeiro e diversos efeitos colaterais. O exercício, por sua vez, é uma intervenção que pode atuar em diversas dessas patologias a um custo mínimo. Por exemplo, trata-se sarcopenia e acaba-se tratando osteorpose; treinamos um diabético e, de quebra, melhoramos sua pressão arterial. Existem, inclusive, estudos do grupo do Mikel no qual pessoas com demência melhoram não apenas a capacidade funcional, mas também a cognitiva, após poucas semanas de treinamento!
É importante lembrar que manter a capacidade funcional, autonomia e independência durante são objetivos do envelhecimento saudável, um termo estabelecido pela própria Organização Mundial de Saúde. A pergunta é: se as evidências e benefícios são incontestáveis, por que apenas uma pequena parte dos idosos fazem exercícios, especialmente os de força?
A causa não é única, mas certamente cada um (médicos, indústria farmacêutica, profissional de Educação Física, etc.) deveria refletir. Com relação à minha área, eu pergunto: quantos se veem como agentes de saúde? Quantos se preparam para melhorarem a vida das pessoas? Minha tristeza é ver que estamos mais preocupados com bundas do que com vidas. E vocês, o que acham?
Mikel estará em Brasília no dia 5 de maio para falar mais sobre o tema, no Simpósio Internacional de Avançados Científicos em Treinamento de Força e Saúde (http://www.paulogentil.com/?page_id=742).
(Paulo Gentil)
Izquierdo M, Rodriguez-Mañas L, Casas-Herrero A, Martinez-Velilla N, Cadore EL, Sinclair AJ. Is It Ethical Not to Precribe Physical Activity for the Elderly Frail? J Am Med Dir Assoc. 2016 Sep 1;17(9):779-81. doi: 10.1016/j.jamda.2016.06.015

MUSCULAÇÃO MELHORA HIPERTENSAO DE IDOSAS HIPERTENSAS EM 4 MESES

Pessoas com hipertensão arterial às vezes tem medo de fazer musculação, por diferentes motivos. O principal deles é porque muitos médicos dizem que é perigoso. ...Hipoteticamente, fazendo força pode ser que estoure algum vaso sanguíneo e, então, o indivíduo poderia sofrer até mesmo um acidente vascular. Mas não, isto não tem muita chance de ocorrer se a pessoa hipertensa estiver medicada e receber atenção adequada nas sessões de treino, com medidas de pressão sanguínea antes, durante e após o treino!
Inclusive, um estudo publicado no JSCR (DOI: 10.1519/JSC.0b013e31828f2766) apresenta dados bem interessantes. Nele, mulheres idosas (~66 anos), com sobrepeso (IMC = 27-29) e hipertensas (PAS = 134 mmHg), fizeram quatro meses de treinamento de força, com três sessões por semana, sendo realizados 10 exercícios em uma cadência 2:2, progressivamente com
Mês 1: 3 séries de 10 reps (LEVE), com 30 s de recuperação
Mês 2: 3 x de 12 reps com 60%1RM, 60 s de recup
Mês 3: 3 x 10 reps com 70%1RM, 60 s de recup
Mês 4: 3 x 8 reps com 80%1RM, com 90 s de recup

Ao final do SEGUNDO MÊS já foi possível observar efeito HIPOTENSIVO PÓS-EXERCÍCIO, sendo que a pressão arterial sistólica partiu de 134 mmHg no repouso para 128 mmHg 1h após o treino, uma redução de 5%. Porém, no QUARTO MÊS a pressão arterial pré-treino era de 120 mmHg, ou seja, 10,5% menor que o valor pré-intervenção.
Na pressão diastólica, os valores pré-intervenção eram de 76 mmHg e após 4 meses de musculação caíram para 72,4 mmHg, uma redução próxima de 5% decorrente da musculação.

Ou seja, se você conhece idosas que são sedentárias, que tem sobrepeso ou #obesidade, e com #hipertensão arterial, indique uma academia que tenha #musculação e bons profissionais! Eles podem mudar a vida destas mulheres!

VOCE SABRIA QUE A TV PODE TE MATAR?

Eu tenho o hábito de ler algumas dezenas de periódicos científicos todos os meses. De vez em quando me deparo com estudos interessantes, que me fazem refletir s...obre várias coisas. E foi isso que aconteceu quando me deparei com o estudo em que Santilla et al. (2018) avaliaram as mudanças na capacidade física e na antropometria de jovens que se alistavam no serviço militar finlandês entre 1975 e 2015. As análises envolveram impressionantes 627.142 homens jovens. Logo de cara se percebeu que a performance no teste de 12 minutos caiu 12% ao longo dos anos. Mais ainda, no passado, um quarto dos avaliados conseguiam fazer mais de 3000m no teste; hoje esse percentual é de míseros 6,5%. Já o grupo que não chega a bater nem a marca dos 2200m (ou seja, correr numa média de 11km/h por 12 minutos) foi de 3,6 para preocupantes 25,9%!
De repente, vocês podem pensar que isso não é um grande problema. Mas Latt et al. (2018) verificaram que ter uma alta capacidade física traz uma probabilidade até 2,5 vezes maior de ser metabolicamente saudável, independe de outras coisas como obesidade, gordura visceral, etc. Além disso, a baixa aptidão física está associada maior taxa de mortalidade por causas gerais, por problemas cardiovasculares, cerebrovasculares, respiratórias, traumas, infecções, demência e câncer (Solomon et al., 2018)! Ou seja, o sedentarismo está tornando as pessoas cada vez menos aptas fisicamente e isso pode levar a diversos problemas de saúde!
Para quem ainda não se convenceu a sair do sofá, um estudo feito no Brasil verificou que as pessoas que assistem mais televisão tem um aumento de 44,7% na taxa de mortalidade (Turi et al., 2018)! Entendeu bem? Ficar com a bunda no sofá vendo TV de deixa quase 50% mais propenso a morrer!?
Lembre-se que praticar atividade física vai muito além de estética! Isso envolve sua saúde e, até mesmo, sua expectativa de vida. Conhece alguém que precisa ler isso, marque aqui!
(Paulo Gentil)
Lätt E, Jürimäe J, Harro J, Loit HM, Mäestu J. Low fitness is associated with metabolic risk independently of central adiposity in a cohort of 18-year-olds. Scand J Med Sci Sports. 2018 Mar;28(3):1084-1091.
Santtila M, Pihlainen K, Koski H, Vasankari T, Kyröläinen H. Physical Fitness in Young Men between 1975 and 2015 with a Focus on the Years 2005-2015. Med Sci Sports Exerc. 2018 Feb;50(2):292-298.
Solomon A, Borodulin K, Ngandu T, Kivipelto M, Laatikainen T, Kulmala J. Self-rated physical fitness and estimated maximal oxygen uptake in relation to all-cause and cause-specific mortality. Scand J Med Sci Sports. 2018 Feb;28(2):532-540.
Turi BC, Monteiro HL, Lemes ÍR, Codogno JS, Lynch KR, Asahi Mesquita CA, Fernandes RA. TV viewing time is associated with increased all-cause mortality in Brazilian adults independent of physical activity. Scand J Med Sci Sports. 2018 Feb;28(2):596-603.

SEU TREINO DE MUSCULAÇÃO NÃO VAI SER PREJUDICADO CASO RESOLVAS ALONGAR ANTES

Fazer alongamento pode prejudicar o teu desempenho no treino de musculação!
Certo que você já ouviu isto. É engraçado pois eu vivi diversas fases da relação ent...re alongamento e musculação. Quando era adolescente, meu professor Apolinário – um Bodybuilder de Campinas/SP – orientava que eu deveria fazer alongamento antes da musculação. Na época, era 2x15, depois 3x12 e, então, 4x8 num treino A-B, ou A-B-C e boa!
Aí, anos depois diversos estudos começaram a ser publicados demonstrando que fazer alongamento ANTES de TESTES de Potência ou Força Máxima prejudicaria o desempenho. De fato, se você ficar alongando muito antes de provas que demandam elevada produção de força e de velocidade (inclusive simultaneamente), pode haver queda no desempenho. No entanto, não estamos NEM PERTO (DOI 10.1007/s40279-013-0053-x) de algo consensualmente consistente.
Mas, por outro lado, se o teu treino é de RESISTÊNCIA DE FORÇA, relaxa... fazer alongamento ANTES da sessão não vai te atrapalhar. E, se for, o percentual é mínimo, inferior a 5% - como já vimos em uma metanálise com sprints (Artigo gratuito neste link: goo.gl/Tc57FA).
Agora, um outro estudo veio reforçar nossas evidências, mas de modo específico na #musculação com o #LeGPress:
Fazer alongamento estático contínuo de 2min ou quatro ciclos de 30s com 15s de intervalo entre eles. O estímulo era realizado no ponto de desconforto, e progressivamente aplicado.
Fazer alongamento – independentemente do método – aumento a amplitude de movimento de modo agudo e não geraram prejuízo no desempenho no teste de 10RM e nem na ativação muscular da região da coxa.
Portanto, liberte-se. Se o teu treino NÃO FOR de Força Máxima, Potência ou Velocidade, e se vc quiser alongar, alongue. Se não quiser, ok tb!
De modo agudo e imediato, fazer alongamento não previne lesões, mas também não afeta o desempenho de resistência de força.
Apenas não se esqueça: fazer um bom aquecimento que vai melhorar teu desempenho no treino! Independe do objetivo do treino!
REF: Rev Bras Med Esporte, 24(1):20-25, 2018

sexta-feira, 13 de abril de 2018

REMEDIO QUE MELHORA METABOLISMO DA GLICOSE E EMAGRECE

Recentemente houve uma baita polêmica acerca da liraglutida, um remédio inicialmente usado para tratar diabetes e que vem sendo prescrito para perda de peso. Ho...uve muita discussão acerca do custo-benefício, e centrei minha crítica no uso para não diabéticos e não obesos, pois é um remédio caro, com vários efeitos colaterais possíveis e cuja perda de peso adicional em relação ao placebo varia entre 0 e ~5kg em um ano, sendo que o estudo mais otimista é apoiado pelo fabricante! Mas e aí, quais seriam as opções?
Que tal o exercício? Sogaard et al. (2018) colocaram idosos para praticar treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) por 6 semanas, 3 x semana. O treino foi na bicicleta com 5 tiros de 1 minuto (carga alta e velocidade baixa), alternados por 1,5 de descanso ativo. De acordo com os resultados, apenas um mês e meio de HIIT foi suficiente para melhorar a sensibilidade à insulina, com aumentos no GLUT4 e das reservas glicogênio. Também houve redução no percentual de gordura, na massa gorda visceral, do colesterol total e LDL, além de aumento na capacidade cardiorrespiratória! Isso tudo sem mudar a alimentação! Agora, imagina praticar o exercício por vários meses e com melhoras nos hábitos alimentares?
Enfim, o HIIT ajudou a melhorar o metabolismo de glicose os idosos. E como efeito colateral houve aumento da capacidade cardiorrespiratória e perda de gordura, inclusive a visceral. Lembrando que tudo isso está associado ao aumento da expectativa de vida e diminuição do risco de diversas doenças, especialmente as cardiometabólicas!
Lembre-se que normalmente o próprio fabricante diz que o remédio só deve ser usado quando exercício e deita não surtirem efeitos. Mas lembre-se “não surtir efeito” é diferente de não fazer ou fazer mal feito. Lembre-se também que tanto o tipo de exercício quanto a intensidade são prescritas individualmente. Por exemplo, você pode precisar correr num HIIT, mas para sua avó uma caminha já bastaria. Para você, correr é de boa, mas pedalar poderia ser melhor para quem tem problemas de joelhos, e por aí vai...
Não há milagres, e sim possibilidade de melhoras reais por meio de mudanças comportamentais, mas é preciso querer!
(Paulo Gentil)
Søgaard D, Lund MT, Scheuer CM, Dehlbaek MS, Dideriksen SG, Abildskov CV, Christensen KK, Dohlmann TL, Larsen S, Vigelsø AH, Dela F, Helge JW. High-intensity interval training improves insulin sensitivity in older individuals. Acta Physiol (Oxf). 2018 Apr;222(4):e13009.

RECADO PARA AS MULHERES QUE BUSCAM EMAGRECER

A questão do emagrecimento é delicadíssima, ha uns dias foi amplamente discutida a viabilidade de se tomar remédios diante de mudanças comportamentais. No entan...to, mesmo as mudanças comportamentais devem ser analisadas criticamente. Por exemplo, o senso comum sugere que emagrecer depende de déficit calórico, promovido pela combinação de muito gasto por meio de exercício e um alto déficit por meio de dietas restritivas. No entanto, esse desequilíbrio pode trazer diversas reações adversas. Nas mulheres isso é muito acentuado devido ao conceito de disponibilidade energética. Nelas, o desequilíbrio pode causar distúrbios no ciclo menstrual, como anovulação, oligomenorreia ou amenorreia. Como consequência há infertilidade, diminuição da massa óssea, aumento na prevalência de fraturas por estresse e alterações no sistema cardiovascular. É como se o corpo entrasse em alerta e suprimisse funções “não essenciais” de crescimento e reprodução para manter sua sobrevivência.
Em estudo recente, Lieberman et al. (2018) dividiram mulheres em 3 grupos, de acordo com a disponibilidade energética. Lembrando que uma baixa disponibilidade energética significa que você está gastando muito e/ou consumindo pouco (tipo o que acontece que se faz dieta restritiva e se mata de fazer exercício). Os resultados indicam que ter baixa disponibilidade energética não significa que a pessoa é mais magra inicialmente. Mais ainda, a baixa disponibilidade energética também não esteve associada ao emagrecimento!! Ou seja, a paranoia não parece tornar as pessoas mais magras. No entanto, apesar de não necessariamente emagrecer, as quedas na disponibilidade de energia foram associadas à interrupção do ciclo menstrual! Ou seja, se exercitar muito e comer pouco não parece ser uma estratégia de emagrecimento e, pior, ainda pode causar problemas menstruais.
Agora você pode estar pensando que ficou num beco sem saída. Nada disso, o que parece estar realmente associado ao emagrecimento é melhorar a QUALIDADE da alimentação e realizar exercícios INTENSOS, pois esses sim tem efeito positivo no metabolismo, fazendo seu corpo melhorar a oxidação de gordura no repouso.
(Paulo Gentil)
Lieberman JL, DE Souza MJ, Wagstaff DA, Williams NI. Menstrual Disruption with Exercise Is Not Linked to an Energy Availability Threshold. Med Sci Sports Exerc. 2018 Mar;50(3):551-561.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

USO DE HORMONIOS , ESTRESSE E ALTERAÇOES CARDIOVASCULARES

O sistema nervoso autonômico se divide em simpático e parassimpático. De maneira simples, o simpático é o de luta ou fuga, ele aumenta a frequência cardíaca, pr...essão, temperatura, etc. Já o parassimpático te acalma, é o de digestão e relaxamento. Existem estudos mostrando que o uso de esteroides anabolizantes androgênicos causa aumento da ativação simpática, o que está associado a diversos problemas de saúde, como hipertensão, infarto, prejuízo no fluxo sanguíneo, etc. No entanto, ainda não se sabe se o uso dos venenos poderia modificar também a reposta ao estresse e ao exercício. E isso foi estudado recentemente por Porello et al. (2018)
Como um dos principais efeitos colaterais das bombas é amnésia (muita gente toma e esquece), os usuários foram definidos por exames específicos. Feita classificação, os testes envolveram ações isométricas e protocolos de estresse mental. Os resultados confirmaram que usuários têm maior ativação simpática em repouso, além de maior frequência cardíaca e pressão arterial média durante as contrações, sugerindo maior sobrecarga cardiovascular. O grupo aditivado também teve maior resposta simpática no teste de estresse mental, com maior frequência cardíaca e menor resposta de fluxo sanguíneo, o que sugere potencialização do estresse devido ao uso dos hormônios. Esses achados se somam às outras evidências e podem ajudar a explicar a maior taxa de mortalidade nos usuários. Um outro ponto legal é que já sabíamos que o uso desse tipo de hormônio está associado à agressividade por atuação em mecanismos centrais, daí junta a evidência de resposta aumentada ao estresse e fica mais fácil entender porque tem gente que quase tem um treco quando alertamos sobre bomba, ou dizemos que não precisa passar uma hora na musculação nem fazer supino para miolo do peito, glúteo caneleira, aeróbio em jejum... Agora sabe o que é legal? Tem picareta “modulando hormônio” em pessoas estressadas, alegando que seus problemas serão resolvidos. Ok, o shape até melhora, mas a que custo?
PS: isso não quer dizer que todo usuário irá morrer disso, fala apenas de RISCOS, ok? Não fiquem nervosinhos.
(Paulo Gentil)
Porello RA, Dos Santos MR, DE Souza FR, DA Fonseca GWP, Sayegh ALC, DE Oliveira TF, Akiho CA, Yonamine M, Pereira RMR, Negrão CE, Alves MNN. Neurovascular Response during Exercise and Mental Stress in Anabolic Steroid Users. Med Sci Sports Exerc. 2018 Mar;50(3):596-602.

REMEDIOS PARA EMAGRECER-MILAGRES DE VICTOSA E SAXENDA

Tomar Victoza ou Saxenda para emagrecer não faz sentido!! Seu componente, a Liraglutida, análoga ao peptídeo similar ao receptor de glucacon 1 (GLP1, do inglês ...glucagon-like peptide 1), é usada no tratamento de diabetes por estimular a liberação de insulina e inibir o glucagon. Ou seja, é um medicamento que promove a absorção de nutrientes e não sua queima. O único efeito que ele poderia ter no emagrecimento seria uma possível inibição do apetite por ações no cérebro ou retardo no esvaziamento gástrico, mas a relevância disso é questionável. Tanto que a maioria dos estudos sobre o tema não encontraram perda de peso, mesmo em pessoas obesas (Harder et al., 2004; Madsbad et al., 2004; Feinglos et al., 2005; Seino et al., 2008; Jendle et al., 2009; Nauck & Marre, 2009; Kaku et al., 2010). E os poucos que encontraram efeitos positivos reportaram reduções de 1 a 4 quilos após 14 a 26 semanas, isso em pessoas obesas (Nauck et al., 2006; Vilsboll et al., 2007; Astrup et al., 2009; Russell-Jones et al., 2009)! Na revisão de Dong et al. (2017) se estima que, considerando a eficiência MÁXIMA esperada, uma pessoa de 106kg chegaria a 101,13kg após três anos com a droga! Se alguém alega ter emagrecido, pode ter certeza que não é um efeito direto do remédio. Provavelmente ao resolver pagar caro pela terapia, também ocorrem mudanças comportamentais (alimentação e exercício) que, elas sim, ajudam a emagrecer.
Mas não para por aí! Além de náusea, alterações gastrointestinais, pancreatite e problemas renais serem comuns (FDA, 2015), existe um problema muito mais grave para quem não é diabético. Você vai jogar muito mais glicose para dentro da célula do que precisa, baixando as concentrações sanguíneas. Com isso, o cérebro perde sua principal fonte de energia, com risco de tonturas, desmaios e morte neuronal! Isso mesmo, você pode ter danos cerebrais! Ah, também é recomendável cuidado com tendências suicidas e câncer (Golden, 2017)!
Entenda que esse medicamento não tem função de queimar gordura! Entenda que não há NENHUM estudo demonstrando que ele emagreça de maneira expressiva! Entenda que ele é perigoso!! Entendido?
Definições de charlatão "mercador ambulante que vende drogas e elixires reputados milagrosos, atraindo e iludindo o público". Quantos profissionais de saúde você conhece que se encaixem nessa definição?
(Paulo Gentil)
Astrup A, Rossner S, Van Gaal L, Rissanen A, Niskanen L, Al Hakim M, Madsen J, Rasmussen MF & Lean ME. (2009). Effects of liraglutide in the treatment of obesity: a randomised, double-blind, placebo-controlled study. Lancet 374, 1606-1616.
Dong Z, Xu L, Liu H, Lv Y, Zheng Q, Li L. (2017) Comparative efficacy of five long-term weight loss drugs: quantitative information for medication guidelines. Obes Rev. Dec;18(12):1377-1385
FDA. (2015b). Saxenda 2016. Retrieved from https://www.accessdata.fda.gov/…/lab…/2015/206321s001lbl.pdf
Feinglos MN, Saad MF, Pi-Sunyer FX, An B & Santiago O. (2005). Effects of liraglutide (NN2211), a long-acting GLP-1 analogue, on glycaemic control and bodyweight in subjects with Type 2 diabetes. Diabet Med 22, 1016-1023.
Golden A. (2017) Current pharmacotherapies for obesity: A practical perspective. J Am Assoc Nurse Pract. Oct;29(S1):S43-S52.
Harder H, Nielsen L, Tu DT & Astrup A. (2004). The effect of liraglutide, a long-acting glucagon-like peptide 1 derivative, on glycemic control, body composition, and 24-h energy expenditure in patients with type 2 diabetes. Diabetes Care 27, 1915-1921.
Jendle J, Nauck MA, Matthews DR, Frid A, Hermansen K, During M, Zdravkovic M, Strauss BJ & Garber AJ. (2009). Weight loss with liraglutide, a once-daily human glucagon-like peptide-1 analogue for type 2 diabetes treatment as monotherapy or added to metformin, is primarily as a result of a reduction in fat tissue. Diabetes Obes Metab 11, 1163-1172.
Kaku K, Rasmussen MF, Clauson P & Seino Y. (2010). Improved glycaemic control with minimal hypoglycaemia and no weight change with the once-daily human glucagon-like peptide-1 analogue liraglutide as add-on to sulphonylurea in Japanese patients with type 2 diabetes. Diabetes Obes Metab 12, 341-347.
Madsbad S, Schmitz O, Ranstam J, Jakobsen G & Matthews DR. (2004). Improved glycemic control with no weight increase in patients with type 2 diabetes after once-daily treatment with the long-acting glucagon-like peptide 1 analog liraglutide (NN2211): a 12-week, double-blind, randomized, controlled trial. Diabetes Care 27, 1335-1342.
Nauck M & Marre M. (2009). Adding liraglutide to oral antidiabetic drug monotherapy: efficacy and weight benefits. Postgrad Med 121, 5-15.
Nauck MA, Hompesch M, Filipczak R, Le TD, Zdravkovic M & Gumprecht J. (2006). Five weeks of treatment with the GLP-1 analogue liraglutide improves glycaemic control and lowers body weight in subjects with type 2 diabetes. Exp Clin Endocrinol Diabetes 114, 417-423.
Russell-Jones D, Vaag A, Schmitz O, Sethi BK, Lalic N, Antic S, Zdravkovic M, Ravn GM & Simo R. (2009). Liraglutide vs insulin glargine and placebo in combination with metformin and sulfonylurea therapy in type 2 diabetes mellitus (LEAD-5 met+SU): a randomised controlled trial. Diabetologia 52, 2046-2055.
Seino Y, Rasmussen MF, Zdravkovic M & Kaku K. (2008). Dose-dependent improvement in glycemia with once-daily liraglutide without hypoglycemia or weight gain: A double-blind, randomized, controlled trial in Japanese patients with type 2 diabetes. Diabetes Res Clin Pract 81, 161-168.
Vilsboll T, Zdravkovic M, Le-Thi T, Krarup T, Schmitz O, Courreges JP, Verhoeven R, Buganova I & Madsbad S. (2007). Liraglutide, a long-acting human glucagon-like peptide-1 analog, given as monotherapy significantly improves glycemic control and lowers body weight without risk of hypoglycemia in patients with type 2 diabetes. Diabetes Care 30, 1608-1610.

EMAGRECIMENTO, SAUDE , COMERCIO E SEMI DEUSES

Questionei o uso da liraglutida para emagrecimento e houve um ataque coordenado de pessoas que lucram com isso ou que deturparam a mensagem. Interessante que ci...tei diversos artigos e o esperneio foi que houve generalização, que eu era desqualificado, que só médico poderia abordar o tema...
Em primeiro lugar, argumento de autoridade e complexo de semi-Deus nem precisa ser discutido, pois é imbecilidade. Dizer que houve generalização é falta de interpretação do texto pois eu falo de uma maneira bem clara do problema que é vende-lo como sendo uma grande estrela no emagrecimento, já que não há MUITO emagrecimento (se isso não estava claro, que fique agora).
Nas tentativas de apresentar evidências, cita-se um estudo publicado no NEJM por Pi-Sunyer et al. (2015). Nele, pessoas obesas (média>100kg) usaram o medicamento por 56 semanas e perderam o adicional de 5,6 kg. Imagina o diálogo: “Olha, Seu José, hoje você tem 106kg e com o tratamento você vai conseguir chegar a 100,4kg ao final de 13 meses!! Ah, você tem uma boa probabilidade de ter diversos efeitos colaterais!”. Entenda que charlatanismo é prometer milagre, se alguém está “vendendo” a liraglutida prometendo uma perda de peso menos que 0,5kg por mês, não precisa se preocupar com isso.
Eu aceito que pode haver resultados maiores na prática clínica, mas aí não há controle de variáveis intervenientes, e ninguém poderá assegurar se foi devido ao remédio ou a qualquer mudança comportamental. Também aceito que no estudo há pessoas que têm resultados superiores, mas não se pode garantir ao paciente que ele será o bom respondedor. Além disso, isso tem dois lados, pois como o desvio da média é grande, o paciente também poderia “engordar” diante da terapia. Nesse caso, a discussão cai para o campo das perspectivas, se o profissional e paciente decidem que o custo-benefício compensa, então manda ver. Mas eu me posiciono de maneira muito crítica sobre isso, pois há coisas mais baratas, seguras e eficientes, como as mudanças comportamentais.
Enfim, não questiono o uso clínico e tampouco digo que todos que prescrevem o remédio são charlatões. Mas me assustada ver a prescrição com fins estéticos ou como cura da obesidade.
(Paulo Gentil)
Pi-Sunyer X, Astrup A, Fujioka K, Greenway F, Halpern A, Krempf M, Lau DC, le Roux CW, Violante Ortiz R, Jensen CB, Wilding JP; SCALE Obesity and Prediabetes NN8022-1839 Study Group. A Randomized, Controlled Trial of 3.0 mg of Liraglutide in Weight Management. N Engl J Med. 2015 Jul 2;373(1):11-22. doi: 10.1056/NEJMoa1411892.

MAIS RESULTADOS EM MENOS TEMPO?

(Para evitar mimimi, aviso que texto é sobre produtos que prometem milagre e não sobre reabilitação, ok?).
Vocês pediram e fui ver vídeos desses troços... quas...e enfartei! Dizem que é foda por durar 20 minutos! Mas em menos tempo dá para fazer um belo treino intervalado (HIIT) e/ou de musculação! Por exemplo, duas séries máximas de leg press, flexora, supino e puxada não leva isso. O mesmo vale para vários tipos de HIIT (um Tabata, por exemplo, dura 4 minutos!)! Inclusive existe uma falha conceitual ao prometer estimular os músculos por 20 minutos, sem parar. Se você ficar esse tempo todo em contração, pode ter certeza que o estimulo é tudo, menos intenso! Aliás, se o aparelho gerasse um estímulo intenso, não daria para fazer macaquices, pois você ficaria paralisado devido às contrações!
Além disso, mecanismos internos interrompem o exercício quando se percebe um possível risco (temperatura alta, danos teciduais, depleção de reservas energéticas...). Mas o controle não funciona, pois a contração é gerada por mecanismos externos. Inclusive já há relatos de rabdomiólise (dano muscular severo, que pode danificar diversos inclusive os rins) causados por essas parafernálias (Malnick et al., 2016). Outro problema é que o corpo funciona de maneira integrada: envio de estímulo pelo sistema nervoso central, feedback e integração de diversos órgãos. E, olha que beleza, modelos animais mostram que eletroestimulação pode danificar vários órgãos, incluindo testículos e adrenal (Bomba et al., 2001; Kowalski et al., 2001; Szarek et al., 2003). Outra questão prática é que um mesmo estímulo pode gerar contrações completamente diferentes em pessoas diferentes. Como esses aparelhos conseguiriam individualizar os parâmetros?
Por fim, que baboseira é essa de emagrecer, acabar com a celulite e produzir colágeno? Tão achando o que? Que banha morre eletrocutada? Ou que a pele vai esticar na base do susto? Vamos parar de procurar resultados sem esforço, meu povo! Quer ativar bem seus músculos? Treine com altas cargas e/ou até a falha! Isso sim aumenta a massa muscular e ajuda a emagrecer!
PS: precisa repetir que texto não é sobre reabilitação?
(Paulo Gentil)
Bomba G, Kowalski IM, Szarek J, Zarzycki D, Pawlicki R. The effect of spinal electrostimulation on the testicular structure in rabbit. Med Sci Monit. 2001 May-Jun;7(3):363-8.
Kowalski IM, Szarek J, Zarzycki D, Rymarczyk A. Experimental scoliosis in the course of unilateral surface electrostimulation of the paravertebral muscles in rabbits: effects according to stimulation period. Eur Spine J. 2001 Dec;10(6):490-4.
Malnick SD, Band Y, Alin P, Maffiuletti NA. It's time to regulate the use of whole body electrical stimulation. BMJ. 2016 Mar 30;352:i1693.
Szarek J, Kowalski IM, van Dam F, Zarzycki D, Pawlicki R, Fabczak J. Pathomorphological pattern of paravertebral muscles of rabbits after long-term experimental electrostimulation. Pathol Res Pract. 2003;199(9):613-8.

JEJUM INTERMITENTE, ESTRATEGIA HONESTA ENDEUSADA DE MANEIRA DESONESTA

Não, o prémio Nobel da Medicina não "foi categórico ao afirmar que jejum é muito melhor do que comer de 3 em 3 horas”. O que levou a atribuição do Nobel de Medicina à Yoshinori Ohsumi em 2016, foi o seu trabalho sob mecanismos de autofagia em células de levedura que, apesar de fornecer pistas interessantes para futura investigação, ainda está a uma distância considerável de considerar - “categoricamente” - que o jejum é a melhor opção para perder peso. O principal problema desta “notícia”, é a quantidade alarmante e preocupante de profissionais de saúde que a partilham e fazem com que muitos dos seus pacientes, que confiam no seu crivo científico, tomem estas notícias como verdadeiras e não como fake news. E digo isto porque em uma revisão onde se sumariza todos os estudos que demonstraram benefícios do jejum intermitente em humanos, se concluiu as seguintes particularidades:
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✔Nem sempre o jejum conduziu a perda de peso. Em quatro dos 16 estudos não houve mudanças de peso, e em um deles o peso aumentou.
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✔Quase metade dos estudos (sete) não tiveram grupo controle, e em dois deles o grupo controle apenas manteve os seus hábitos alimentares. Isto faz com que nestes nove estudos não se saiba se os benefícios foram devido ao jejum ou simplesmente à restrição calórica induzida nos participantes;
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✔Os estudos que compararam o jejum com outro grupo que também estava em restrição calórica não verificaram, de forma geral, diferenças significativas na glicemia, triglicérides, colesterol, leptina, adiponectina e proteína C reativa (um marcador de inflamação). .
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Tudo isto indica que a nível metabólico, os benefícios do jejum dependem, inteiramente, da restrição calórica que induzem, e que com muito boa vontade, pode ser uma estratégia útil para indivíduos mais resistentes à insulina. Além disso, como se tratam de estudos com duração reduzida (de apenas um dia a 12 semanas) é completamente abusivo tecer grandes considerações acerca do seu impacto na doença cardiovascular, nos cânceres, na diabetes ou no Alzheimer.
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@stefanny_karenn
#Texto do nutricionista Felipe Teixeira!

CAMINHADA NO MODO CONTINUO NAO VAI TE AJUDAR A EMAGRECER

A pessoa – com sobrepeso ou #obesidade – deseja começar um programa para #emagrecimento. Aí, o profissional manda uma prescrição de 30 minutos de #caminhada por dia! Embora seja assustador, ainda há profissionais fazendo este tipo de prescrição!

Não estou falando que fazer caminhada não é bom!

Há diversas EVIDÊNCIAS OBSERVACIONAIS indicando que, quanto mais passos por dia, menor a chance de um indivíduo ser obeso (Lancet 2016; 388: 1302–10). Uma vida fisicamente ativa – com caminhadas ou pedaladas diárias –REDUZ a chance de mortalidade por todas as causas, INDEPENDENTEMENTE da prática de OUTRAS atividades (Int J Behav Nutr Phys Act.;11:132, 2014)! No entanto, se a pessoa desejar EMAGRECER, a caminhada tradicionalmente feita NÃO É UMA INDICAÇÃO ADEQUADA! Embora esta prática auxilie na melhora da saúde cardiometabólica, e reduza a chance de desenvolver doenças ou morrer, o impacto na redução da massa corporal e da gordura é quase irrelevante! Você pode estar perdendo TEMPO, DINHEIRO e ENERGIA se exercitando de modo errado:

Imagine que 3 meses de caminhada, com 5 sessões/sem, de UMA HORA por dia gerou redução de APENAS 1kg com diminuição de 0,5 cm na cintura (Diabetes Care; 22(4): 555-561, 1999). Metanálise sobre efeitos da caminhada na perda de peso (Ann Fam Med 2008;6:69-77) observou que aumentar o número de passos por dia de:

4.790 para 8.300 reduziu o peso em 0,9 kg após 2 meses

5.752 para 9.123 reduziu o peso em 0,7 kg após 4 meses

Outro trabalho (Prev Med 38 (2004) 651–661) observou que média de 6 meses de caminhada, com ~4x/sem e sessões com ~40 min, melhorou TIMIDAMENTE o LDL-colesterol, mas não melhorou HDL, glicemia e proporcionou PERDA DE PESO de APENAS 100 gramas, com reduções de gordura corporal menores que 1%! Definitivamente, a caminhada tradicional não vai ajudar a emagrecer.

Você conseguirá emagrecer caminhando!

Mas precisa fazer um pequeno ajuste no modo como você caminha!

FABRICIO BOSCO

EVIDENCIAS SOBRE ELETROESTIMULAÇÃO


Fiz um post alertando para os problemas e as mentiras associadas à eletroestimulação (EMS). Alguns me xingaram, uns me ameaçaram, outros me mandaram estudar... ...Nada de novo. Mas o que deixou impressionado de verdade, foi descobrir o tanto de gente que vende esse negócio. Logo eles fizeram publicações defendendo o uso do produto, cheias de argumentações falaciosas, tipo dizer que determinada Universidade estuda o produto, como se houvesse apoio institucional. Mais ainda, na tentativa de convencer os leitores, falaram em evidências científicas e até fazem referência a uns estudos. Para ter certeza que eu não estou sendo um cara sacana, eu li TODOS eles e vou aqui lhes apresentar o resumo da ópera.
Mas, antes de seguir vou relembrar as promessas encontradas nos sites dos vendedores: “Tonificação de diferentes músculos como abdômen, glúteos, braços, pernas, etc.”, “Redução de gordura corporal, celulite e flacidez”, “Aumento da capacidade dos treinos de alta performance”, “Melhora na força, aptidão, resistência e estética corporal”, “Equilibrio do sistema muscular”, “Estímulo da produção de colágeno e fluxo sanguíneo na pele”, “Aumento duradouro de consumo de energia pelo corpo”, “Economia de tempo”, “Redução das dores nas costas”, “Proteção das articulações”. Inclusive um deles fala “Nós ajudamos nossos clientes a treinar de maneira mais eficiente e nossos parceiros a ter sucesso em seus negócios”.
Deu água na boca, né? Mas vamos aos estudos. Começamos pelos que devem ser removidos da conversa, tipo Filipovic et al. que usaram EMS em jogadores de futebol (2016) e avaliaram deformabilidade dos glóbulos vermelhos (2015). Também não dá para considerar Kemmler & von Stengel (2012) pois é uma revisão com evidências frágeis sugerindo uso de EMS para idosos frágeis. Mustafa & Ozgur (2009), reportam perda de 3kg de gordura em 8 semanas, mas é um estudo duvidoso, publicado em um jornal estranho e sem controle da dieta. Por falar em estudo estranho, Ahmad & Hasbullah (2015) fazem propaganda sem ao menos mostrar os resultados do experimento!
Seguindo a brincadeira, temos Kemmler et al. (2013), Kemmler et al. (2017), Humbert et al. (2009), Wittman et al. (2016) e Van Buuren et al. (2015) os quais sugerem que, quando comparado com NADA, a EMS pode ser boa para idosos, diabéticos, etc (que fique claro que é quando comparado com NADA, ok?). Mesmo em idosos, vale citar os estudos de von Stengel (2015) e Kemmler & von Stengel (2013) nos quais, após mais de UM ANO, idosos não melhoraram a densidade óssea, e ganharam míseros 0,5% na massa muscular e perderam 1,2% da gordura abdominal. Após mais de um ano!!
Sobre jovens, Kemler et al. ( 2016a, 2016b) têm estudos de 4 meses em que pessoas destreinadas reduziram em 1% o percentual de gordura e ganharam 600g de massa magra. Antes disso, Kemmler et al. ( 2010) não encontraram aumento no metabolismo de repouso com EMS e nem diferenças na perda de peso em relação a quem não fez NADA. Diz aí, esse produto é bichão, hein?
E tem as coincidências. Praticamente todos estudos mostrados citam os fabricantes em seus agradecimentos. Se formos nos estudos “esquecidos” pelos vendedores, achamos Porcari et al. (2002) que afirmam que EMS não tem efeito na composição corporal, força e aparência física e concluem que as promessas associados ao produto não se justificam.
Antes de mimimi ou falar em generalização, volte e leia o que dizem as propagandas. O texto é sobre isso. E aí, alguém quer um lenço?
PS: ainda não entenderam que me ameaçar e desafiar tem justamente o efeito contrário?
(Paulo Gentil)
Ahmad MF & Hasbullah AH (2015). The Effects of Electrical Muscle Stimulation (EMS) towards Male Skeletal Muscle Mass. Int J Sport Heal Sci 9, 860–869.
van Buuren F, Horstkotte D, Mellwig KP, Fründ A, Vlachojannis M, Bogunovic N, Dimitriadis Z, Vortherms J, Humphrey R & Niebauer J (2015). Electrical Myostimulation (EMS) Improves Glucose Metabolism and Oxygen Uptake in Type 2 Diabetes Mellitus Patients—Results from the EMS Study. Diabetes Technol Ther 17, 413–419.
Filipovic A, Grau M, Kleinöder H, Zimmer P, Hollmann W & Bloch W (2016). Effects of a Whole-Body Electrostimulation Program on Strength, Sprinting, Jumping, and Kicking Capacity in Elite Soccer Players. J Sports Sci Med 15, 639–648.
Filipovic A, Kleinöder H, Plück D, Hollmann W, Bloch W & Grau M (2015). Influence of Whole-Body Electrostimulation on Human Red Blood Cell Deformability. J Strength Cond Res 29, 2570–2578.
Humpert PM, Morcos M, Oikonomou D, Schaefer K, Hamann A, Bierhaus A, Schilling T & Nawroth PP (2009). External Electric Muscle Stimulation Improves Burning Sensations and Sleeping Disturbances in Patients with Type 2 Diabetes and Symptomatic Neuropathy. Pain Med 10, 413–419.
Kemmler W, Bebenek; M & von Stengel S (2013). Effects of Whole-Body-Electromyostimulation on Bone Mineral Density in lean, sedentary elderly women with osteopenia: The randomized controlled TEST-III Study. Osteologie 22, 121–128.
Kemmler W, Kohl M & Stengel S von (2016a). Effects of High Intensity Resistance Training Versus Whole-Body Electromyostimulation on Cardio-Metabolic Risk Factors in Untrained Middle Aged Males. A Randomized Controlled Trial. J Sport Res 3, 44–55.
Kemmler W, Schliffka R, Mayhew JL & von Stengel S (2010). Effects of Whole-Body Electromyostimulation on Resting Metabolic Rate, Body Composition, and Maximum Strength in Postmenopausal Women: the Training and ElectroStimulation Trial. J Strength Cond Res 24, 1880–1887.
Kemmler W & von Stengel S (2012). Alternative Exercise Technologies to Fight against Sarcopenia at Old Age: A Series of Studies and Review. J Aging Res 2012, 1–8.
Kemmler W & von Stengel S (2013). Whole-body electromyostimulation as a means to impact muscle mass and abdominal body fat in lean, sedentary, older female adults: subanalysis of the TEST-III trial. Clin Interv Aging 8, 1353.
Kemmler W, Teschler M, Weißenfels A, Bebenek M, Fröhlich M, Kohl M & von Stengel S (2016b). Effects of Whole-Body Electromyostimulation versus High-Intensity Resistance Exercise on Body Composition and Strength: A Randomized Controlled Study. Evid Based Complement Alternat Med 2016, 9236809.
Kemmler W, Weissenfels A, Teschler M, Willert S, Bebenek M, Shojaa M, Kohl M, Freiberger E, Sieber C & von Stengel S (2017). Whole-body electromyostimulation and protein supplementation favorably affect sarcopenic obesity in community-dwelling older men at risk: the randomized controlled FranSO study. Clin Interv Aging 12, 1503–1513.
Mustafa à & Ã�zgür B (2009). Archives of Applied Science Research. Scholars Research Library. Available at: http://www.scholarsresearchlibrary.com/…/effects-of-wholebo… [Accessed April 4, 2018].
Porcari JP, McLean KP, Foster C, Kernozek T, Crenshaw B & Swenson C (2002). Effects of electrical muscle stimulation on body composition, muscle strength, and physical appearance. J strength Cond Res 16, 165–172.
von Stengel S, Bebenek M, Engelke K & Kemmler W (2015). Whole-Body Electromyostimulation to Fight Osteopenia in Elderly Females: The Randomized Controlled Training and Electrostimulation Trial (TEST-III). J Osteoporos 2015, 643520.
Wittmann K, Sieber C, von Stengel S, Kohl M, Freiberger E, Jakob F, Lell M, Engelke K & Kemmler W (2016). Impact of whole body electromyostimulation on cardiometabolic risk factors in older women with sarcopenic obesity: the randomized controlled FORMOsA-sarcopenic obesity study. Clin Interv Aging Volume 11, 1697–1706.

CIRURGIA BARIATRICA PODE ESTIMULAR A PRODUÇÃO DE MAIS GORDURA

Vira e mexe aparecem dados que reforçam a hipótese lipostática, a qual indica que, quando quantidades do tecido adiposo são arrancadas, o organismo se esforça para que elas sejam recolocadas.

Com ratos tem uma série de estudos apontam para a hiperplasia do tecido adiposo após lipectomia, ou seja, retirada do tecido adiposo através de cirurgia (Neurosci Biobehav Rev 2001. 25(1):15-28). Entre humanos, mostrei dados sobre:

#criolipolise, que pode gerar HIPERPLASIA do tecido adiposo (Aesthetic Surgery J 2016, 36(1) NP6–NP13). A pessoa vai na “estética” para congelar a gordura e, tanto consegue que, ao destruir as células de gordura, o corpo faz com que elas aumentem de tamanho.

#lipoaspiração, que pode gerar aumento da quantidade de gordura, especialmente se a pessoa não realizar exercícios após a cirurgia (J Clin Endocrinol Metab. 2012;97(7):2388-95)

Aí, perguntam-me: - Isto acontece quando alguém com #obesidade faz cirurgia bariátrica?

Sim! Embora esta cirurgia não seja um exemplo de lipectomia – extração do tecido adiposo – ela estressa esta reserva energética.

Pesquisadores espanhóis observaram dados de 33 pacientes obesos que passaram por #gastroplastia, a tal da #cirurgiabariatrica (Surg Obes Relat Dis. 2016;12(2):357-62). Eles avaliaram a expressão de genes que trabalham para AUMENTO do tecido adiposo! E voilá, genes de diferentes enzimas adipogênicas (PPAR-gama e CEBP-alfa) e responsáveis pela lipogênese de novo (Ácido graxo sintase, SREBF1 e ELOVL6) estavam com expressões aumentadas após a cirurgia bariátrica!

O organismo é implacável: Quando você tenta “arrancar a gordura na marra”, ele sempre tentará arrumar um jeito de “compensar”. Afinal, somos sobreviventes de milhares de anos de seleção! Em última instância, nosso organismo se tornou EXPERT em ARMAZENAR gordura, e quando você tenta reduzi-la de modo “forçado”, ele tentará compensar isto de algum modo. Os mais comuns? - Aumentando a fome - Reduzindo metabolismo basal - Tentando elevar estoques de gordura, primeiro a partir de maior EXPRESSÃO gênica para enzimas lipogênicas e, então, a partir da maior ATIVIDADE destas enzimas.

Ah! Muitas vezes a bariátrica é a única saída para um novo começo

FABRICIO BOSCO

ENCHE O TREINO DE METODOS E NAO FAZ O BASICO?


Sabe os MÉTODOS? Eles são usados para potencializar os treinos. Mas antes de fazer qualquer INTERVENÇÃO utilizando-se de métodos, algumas variáveis como velocidade de execução, amplitude, intervalo, repetição, sobrecarga e é claro a execução, precisam estar impecáveis, para depois usar, então, os tais MÉTODOS, se necessário.

O ótimo resultado depende PRINCIPALMENTE do controle de todas as variáveis. Garanto a você que a base do treino bem feita, dará mais resultados a você do que se prender ao INCREMENTO SEM FUNDAMENTO.

Todo mundo quer ser forte, mas fazer força DIREITO ninguém quer.
•TREINADOR CRISTIANO LEITE

DIETAS RESTRITIVAS- CUIDADO


Cuidado com dietas muito restritas como HCG, Ravenna, dieta da sopa de cebola e outras do gênero. Estudos conduzidos por Newma...nn (1902) e Gulick (1922) já demonstravam uma espécie de adaptação do nosso corpo à variações na ingestão de energia. Uma revisão conduzida por Tremblay et al. (2007) já haviam chamado a atenção para um processo chamado de termogênese adaptativa, situação em que nosso corpo reduz o metabolismo para compensar uma baixa ingestão de energia, uma espécie de mecanismo de defesa que acaba atrapalhando o emagrecimento. Se além da restrição energética ainda tiver restrição de exercícios, haverá perda de massa muscular que agravará ainda mais o processo.
Mas o que fazer para evitar a diminuição do metabolismo?
Primeiro de tudo não fazer dietas muito restritivas! Além de insustentáveis são as que mais influenciam negativamente no gasto energético de repouso.
Além disso, MUSCULAÇÃO parece ser o segredo para atenuar esse processo!!! Estudo publicado em 2008 (Tremblay et al.) avaliou mulheres com sobrepeso que emagreceram cerca de 12kg após uma dieta bem restrita (800 kcal). Elas foram divididas em 3 grupos: 1) musculação; 2) aeróbio; 3) controle. Os resultados mostraram que o grupo que fez musculação conservou a massa muscular e manteve o gasto energético de repouso, enquanto os grupos aeróbio e o controle perderam massa magra e tiveram o metabolismo reduzido. Os autores do estudo ressaltaram que, em longo prazo, a musculação pode ser uma importante arma para auxiliar na manutenção do peso perdido com a dieta.
Mas treine intenso!!! Outro estudo, conduzido por Paoli et al (2012) demonstrou que um treino de alta intensidade, com apenas 3 exercícios e realizado por cerca de 30 minutos, foi capaz de aumentar o metabolismo e o gasto de gordura! Foi estimado uma aumento de metabolismo que resultou em um gasto excedente de 450kcal por dia!
Quer emagrecer? Evite dietas muito restritas e não esqueça da musculação intensa!
BRUNO FISCHER