terça-feira, 25 de novembro de 2014

CRIOLIPÓLISE 2

No post de criolipólise eu critiquei a forma como a questão foi abordada, e não o procedimento em si. Mas graças ao analfabetismo funcional e ao medo de serem d...esmascarados, alguns jovens, resolveram me atacar e me desafiar (logo quem?). Vou esclarecer alguns pontos!
Existem muitos estudos comprovando a eficiência da criolipólise. Mentira! Os poucos estudos têm conflitos de interesse, não controlaram variáveis importantes (treino, alimentação…) e/ou envolveram análises subjetivas. Como o de Stevens et al. (2013) que tinha o criador como coautor e não controlou nenhum fator externo que poderia influenciar no resultado, e que (acreditem) fala em rentabilidade do equipamento na discussão. Tem a revisão do Krueger (Krueger et al., 2014) que trabalha para uma clínica que vende a criolipólise, mas declara não ter conflito de interesse! Mas também posso falar dos estudos de Nelson et al. (2009) e Avram & Harry (2009) que nem fizerem experimento, apenas escreveram propagandas, o que era esperado, já que os autores recebem tem opções de compras de ações da Zeltiq. Duvida? Olha a primeira página de um dos trabalhos: “Dr. Mathew Avram has stock options from Zeltiq Aesthetics. Rosemary Harry is a paid consultant with stock options from Zeltiq Aesthetics”.
Ela congela a gordura de maneira seletiva! Mentira! Todas as estruturas expostas serão afetadas com as temperaturas baixas, inclusive as terminações nervosas, tanto que já recebi relatos de necroses causadas por esse procedimento.
A célula de gordura sofre apoptose e os resíduos são digeridos por macrófagos. Talvez! Mas isso só foi sugerido em estudos em porcos feitos pelos criadores do procedimento (Manstein et al., 2008; Zelickson et al., 2009) e ainda assim eles mesmos sugerem que a gordura passará pelo processo de turnover, ou seja, volte a ser gordura. Talvez isso explique a hiperplasia adiposa paradoxal, com surgimento de gordura em outras partes do corpo. Aqui trago um trecho escrito pelo Mestre Eduardo Porto Santos em seu perfil do Instagram (@eduportosantos): “os especialistas em criolipólise divergem sobre os mecanismos responsáveis pela improvável eficiência do tratamento. Uns afirmam que a lipólise induzida pelo congelamento das células adiposas, libera a gordura na corrente sanguínea, para sua posterior oxidação. Entretanto, se a captação de gorduras DURANTE exercício aeróbio é limitada e, a quantidade de ácidos graxos disponíveis na corrente sanguínea não é fator determinante para produção de energia, o que dizer de um procedimento que promete apenas liberar gorduras, em repouso? Outros dizem que não ocorre lipólise (o nome é crioLIPÓLISE), mas um congelamento seletivo e irreversível da gordura (apenas do triacilglicerol), que será liberada na corrente e eliminada como corpo estranho pelo sistema imunológico. Sim, as gorduras são sensíveis às baixas temperaturas, mas os ácidos graxos polinsaturados são mais, graças às insaturações. Então antes de congelar a gordurinha localizada, o ômega-3 suplementado, tão importante para nossa saúde, já virou cubinho de gelo há muito tempo! Além disso, o que acontece com os fosfolipídeos de membrana (que também são gorduras)? O que ocorre com a Fosfolipase A2, o Ácido Aracdônico, a atividade das COX-I e COX- II e bainha de mielina dos neurônios? Se é preciso eliminar o "corpo estranho", todo o processo inflamatório no local da aplicação estará comprometido (entendeu o motivo da bolsa de gelo após uma pancada?), já que a formação de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos será inibida pelo congelamento…”. Deu ruim, né?
Quebra de 20 a 25% da gordura da região. Improvável! Se você jogar 25% da gordura de uma região no sangue sem aumentar a oxidação, pode ter certeza que terá problemas sérios! Além disso, se a digestão for pelos macrófagos, pode-se esperar uma reação inflamatória relativamente grande e com danos secundários relevantes.
Deve ser realizada com exercício e dietas. Verdade! Igual a pílula para matar a sede, só funciona se você tomar com dois copos de água!
Eu não estou dizendo que funciona ou que não funciona, apenas relatando os fatos. Se algum estudo sério e confiável confirmar isso, eu serei o primeiro a marcar uma consulta, mas por enquanto vou ficar com o que realmente sabemos que funciona: treinos e dietas.
PS: esqueci uma das minhas favoritas: O procedimento foi desenvolvido por alguém que estudou em Harvard! Verdade! Mas o Unabomber se formou lá e nem por isso eu acho legal explodir as pessoas!
(Paulo Gentil)
Avram MM, Harry RS. Cryolipolysis for subcutaneous fat layer reduction. Lasers Surg Med. 2009 Dec;41(10):703-8. doi: 10.1002/lsm.20864.
Bernstein EF, Bloom JD, Basilavecchio LD, Plugis JM. Non-invasive fat reduction of the flanks using a new cryolipolysis applicator and overlapping, two-cycle treatments. Lasers Surg Med. 2014 Nov 13
Krueger N, Mai SV, Luebberding S, Sadick NS. Cryolipolysis for noninvasive body contouring: clinical efficacy and patient satisfaction. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2014 Jun 26;7:201-5.
Krueger N, Mai SV, Luebberding S, Sadick NS. Cryolipolysis for noninvasive body contouring: clinical efficacy and patient satisfaction. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2014 Jun 26;7:201-5.
Manstein D, Laubach H, Watanabe K, Farinelli W, Zurakowski D, Anderson RR. Selective cryolysis: a novel method of non-invasive fat removal. Lasers Surg Med. 2008;40(9):595–604.
Nelson AA1, Wasserman D, Avram MM. Cryolipolysis for reduction of excess adipose tissue. Semin Cutan Med Surg. 2009 Dec;28(4):244-9. doi: 10.1016/j.sder.2009.11.004.
Stevens WG, Pietrzak LK, Spring MA. Broad overview of a clinical and commercial experience with CoolSculpting. Aesthet Surg J. 2013 Aug 1;33(6):835-46.
Zelickson B, Egbert BM, Preciado J, et al. Cryolipolysis for noninvasive fat cell destruction: initial results from a pig model. Dermatol Surg. 2009;35(10):1462–1470

domingo, 23 de novembro de 2014

CRIOLIPÓLISE

Mais uma magica dos charlatões que so querem seu dinheiro.....NAO EXIATE MAGICA!!!
Acho um absurdo ver pessoas pagando para se associar a subcelebridades que propagam a ignorância, em um novo comércio que envolve desde fotos e vídeos de profis...sionais despreparados fazendo treinos ridículos até textos absurdos com propagandas enganosas, como esse. Se usassem apenas a imagem, tudo bem, mas colocar esses abençoados pra emitir opiniões e montar treinos é outra história! Não confundam bundas, bíceps e cérebro!!
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Se espremer uma espinha já dói, imagine o sofrimento que deve ser sugar gordura pela pele!? E olhe que a espinha é uma inflamação que tem a saída facilitada por estar na base dos pelos, na derme. Já a gordura está abaixo da derme e não tem uma rota definida de saída, ou seja, teria que percorrer um caminho mais longo e forçar sua passagem pelos tecidos (aliás, como ela suga apenas a gordura? Seria tipo um imã mágico com uma afinidade especial por adipócitos?). Enfim, se essa coisa realmente “sugar a gordura”, pode se preparar para sentir a dor de centenas de espinhas gigantes rasgando seus tecidos!! No entanto, dor mesmo ocorrerá quando a gordura for eliminada pela urina! G-zuis, urinar azeite deve gerar mais sofrência que passar dois dias em um quarto escuro ouvindo Pablo! Só que talvez você nem sofra tanto, pois quando essa gordura congelada caísse no sangue, você provavelmente morrerá devido a uma trombose ou algo do tipo!
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E tem mais, se você destruir algo por congelamento certamente não será somente a gordura, senão os alpinistas voltariam "trincados" da expedições, quando na verdade alguns voltam é sem os dedos.
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Parece que o povo considera a quebra de gordura algo literal, como se o adipócito fosse um ovo, que se quebra a casca e conteúdo vaza. Mas entendam que a quebra e oxidação da gordura são processos químicos que envolvem o rompimento das ligações entre os ácidos graxos e o glicerol e passam pela beta-oxidação, ciclo de Krebs, cadeia de transporte de elétrons... Se a quebra de gordura fosse literal, levar soco na barriga ia ser um baita método de definir o abdômen! Quer tentar?
(Paulo Gentil)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

HIIT X MUSCULAÇAO

Um estudo recente de pesquisadores da USP avaliou quatro grupos, um que fazia musculação, um que fazia HIIT, um que combinava ambos e um grupo controle. A muscu...lação seguiu um modelo de periodização envolvendo 12 a 6RM. O intervalado foi realizado na esteira, seguindo o modelo de 60”:60”. O combinado realizava os dois na mesma sessão, iniciando cada dia com um. Tudo foi realizado duas vezes por semana. Ao final, os resultados mostraram que as fibras musculares aumentaram apenas o grupo que fez a musculação sozinha. O grupo que combinou a musculação com HIIT até teve uma tendência de ganho, mas não chegou a ser significativa. Já o HIIT sozinho não deu nada. Ou seja, se você quer maximizar a hipertrofia, não vá inventar de correr, seja em baixa, seja em alta intensidade. Simples assim.
Não estou dizendo que fazer HIIT vá te impedir de ganhar músculos e nem sugerindo que seja proibido fazê-lo. No entanto, deve-se entender, que as atividades devem ser selecionadas de acordo com seu objetivo. Por exemplo, se você precisa colocar um prego na parece, certamente um martelo será mais útil que uma chave de fenda! Isso não quer dizer que a chave de fenda é uma ferramenta ruim, eu apenas não usaria uma nesse caso. O problema é que tem gente querendo usar todas as ferramentas da caixa, aí acaba de embananando!
Por isso, sempre que me questionam se é bom combinar HIIT e musculação, minha pergunta é: para que? Caso queira hipertrofia, não vejo necessidade. Caso queria emagrecer, pode ser interessante, mas saiba que vai atrapalhar a hipertrofia. Caso queira emagrecer e hipertrofiar, pode ficar só com a musculação. Mas caso queira ser maratonista, fisiculturista, glúten free, vegetariana, baladeira… aí é melhor pedir ajuda para outro Paulo, o São Paulo. Pois eu posso até ser bom, mas não faço milagres! Então, decidam o que querem de suas vidas, povo!
(Paulo Gentil)
de Souza EO1, Tricoli V, Aoki MS, Roschel H, Brum PC, Bacurau AV, Silva-Batista C, Wilson JM, Neves M Jr, Soares AG, Ugrinowitsch C. Effects of concurrent strength and endurance training on genes related to myostatin signaling pathway and muscle fiber responses. J Strength Cond Res. 2014 Nov;28(11):3215-23.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ÁLCOOL X TREINAMENTO

O álcool tem diversos efeitos negativos em nosso organismo, inclusive no tocante à estética, e isso vai além do ganho de peso ou da barriga de chope. Apesar de ...ser pouco comentado, o álcool também pode interferir nos ganhos de massa muscular.
Em uma revisão de literatura desse ano, pesquisadores italianos apontam que a ingestão de álcool interfere na via do eixo mTOR (um importante sinalizador da hipertrofia em resposta à sobrecarga), diminui os níveis de testosterona e ainda aumenta os de cortisol. Além disso, um estudo desse mês do Journal of Applied Physiology sugere que o álcool interfira também na resposta ao exercício. No estudo, ratos receberam uma injeção de álcool e em seguida tiveram seus músculos estimulados. As análises mostraram que o álcool inibiu a síntese proteica basal e também após o estímulo, indicando que a ingestão de álcool pode prejudicar os seus ganhos de massa muscular em resposta ao treino.
As evidências sugerem que o prejuízo é dose-dependente, ou seja, quanto mais álcool, pior, mas os efeitos deletérios ficam mais pronunciados a partir de 150mg/dl, ou seja, umas 5 a 6 latinhas de cerveja em uma hora, considerando uma pessoa de 80kg.
Bem, não estou dizendo para você é obrigado a adotar a abstinência completa, até porque, para algumas pessoas, o álcool está em diversos rituais sociais, como o chope com os amigos, o vinho romântico e etc. Mas se você estiver querendo ter mais resultados nos ganhos de massa muscular, diminuir o álcool pode fazer diferença. Na minha opinião, a ingestão do álcool é um daqueles casos em que se deve pensar em minimizar os danos e não em obter benefícios. Ou seja, de preferência não use, mas se for usar, que seja o mínimo possível (e de preferência me chama).
PS: tanta coisa para se pesquisar, tipo a cura do câncer, e esses caras vêm logo falar do álcool…
(Paulo Gentil)
Bianco A, Thomas E, Pomara F, Tabacchi G, Karsten B, Paoli A, Palma A. Alcohol consumption and hormonal alterations related to muscle hypertrophy: a review. Nutr Metab (Lond). 2014 Jun 6;11:26
Steiner JL, Lang CH. Alcohol impairs skeletal muscle protein synthesis and mTOR signaling in a time-dependent manner following electrically stimulated muscle contraction. J Appl Physiol (1985). 2014 Nov 15;117(10):1170-9.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

TRIBULUS TERRESTRIS

Essa plantinha é uma erva daninha (isso mesmo, você paga uma nota para consumir uma praga) comum em várias partes do Mundo e usada há um tempão! Na Grécia Antig...a era usada como tônico e como laxante. Na medicina tradicional chinesa, para problemas hepáticos, dores de cabeça e revigorante. Na Índia, como afrodisíaco, revigorante, problemas renais etc. Já no continente africano era usada em armas letais junto com uma planta venenosa. E agora, serve para enganar o povo com a promessa de aumentar a produção de testosterona e atuar na disfunção erétil (mas esse uso ninguém confessa).
Acredita-se que sua popularização começou quando, na década de 1970, o fisiculturista Jeffrey Petermann atribuiu seu sucesso a ela. Depois, alguns atletas do bloco comunista também diziam que a planta era o segredo do seu sucesso. No entanto, os efeitos anabólicos ou mesmo as alterações nos níveis de testosterona jamais foram comprovadas. Inclusive, só esse ano saíram duas revisões (Qureshi et al., 2014; Pokrywka et al., 2014) mostrando que o Tribulus não eleva as concentrações de testosterona e nem ajudar em porcaria nenhuma, e isso não é novo (Brown et al., 2000). Na verdade, ninguém consegue explicar de onde surgiu essa história, até porque a testosterona é derivada do colesterol e desconheço a existência de colesterol em algum vegetal (ok, tem o papo da protodioscina, uma saponina esteroidal, mas não vamos forçar a barra, né?).
Tem gente jurando que o Tribulus dá resultado? Claro, tem o lance da mentira também. Tipo o caso das atletas que foram pegas no antidoping e alegaram que foi culpa do Tribulus. Mas pesquisadores suíços fizeram um estudo para testar, e viram que não era possível (Saudan et al., 2008).
Com relação à disfunção erétil, tem um artigo espanhol desse ano mostrando que o efeito dela é igual ao do placebo (Santos et al., 2014). Ah, tem estudos controversos! Tem sim, tem um mostrando que o Tribulus pode ajudar ratos viciados em morfina (Ghosian Moghaddam et al., 2013)… ok, avisa lá pro Mickey! Ele anda meio sumido…
PS: também pode ser útil, se seu hamster drogado estiver bocha.
(Paulo Gentil)
Brown GA Vukovich MD, Reifenrath TA, Uhl NL, Parsons KA, Sharp RL, King DS. Effects of anabolic precursors on serum testosterone concentrations and adaptations to resistance training in young men. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2000 Sep;10(3):340-59.
Ghosian Moghaddam MH, Khalili M, Maleki M, Ahmad Abadi ME. The Effect of Oral Feeding of Tribulus terrestris L. on Sex Hormone and Gonadotropin Levels in Addicted Male Rats. Int J Fertil Steril. 2013 Apr;7(1):57-62. Epub 2013 Mar 6.
Pokrywka A, Obmiński Z, Malczewska-Lenczowska J, Fijałek Z, Turek-Lepa E, Grucza R. Insights into Supplements with Tribulus Terrestris used by Athletes. J Hum Kinet. 2014 Jul 8;41:99-105. doi: 10.2478/hukin-2014-0037. eCollection 2014.
Qureshi A, Naughton DP, Petroczi A. A systematic review on the herbal extract Tribulus terrestris and the roots of its putative aphrodisiac and performance enhancing effect. J Diet Suppl. 2014 Mar;11(1):64-79. doi: 10.3109/19390211.2014.887602.
Santos CA Jr, Reis LO, Destro-Saade R, Luiza-Reis A, Fregonesi A. Tribulus terrestris versus placebo in the treatment of erectile dysfunction: A prospective, randomized, double blind study. Actas Urol Esp. 2014 May;38(4):244-8. doi: 10.1016/j.acuro.2013.09.014. Epub 2014 Mar 14.
Saudan C, Baume N, Emery C, Strahm E, Saugy M. Short term impact of Tribulus terrestris intake on doping control analysis of endogenous steroids. Forensic Sci Int. 2008 Jun 10;178(1):e7-10. doi: 10.1016/j.forsciint.2008.01.003. Epub 2008 Feb

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PROMESSAS X VERDADES

Recebo diversas mensagens querendo saber sobre os programas que prometem emagrecer, perder barriga e/ou acabar com a celulite. Como são muitos (e pra evitar dar... ibope para charlatães), vou fazer uma abordagem geral, e deixarei que a carapuça caia onde deve.
Quem usa frases como “choque na gordura”, “melhores exercícios para secar barriga”, “treino para derreter a gordura”, “adeus celulite” nem deveria ser levado à sério. Não existem coisas como dar choque ou derreter gordura, a menos que você seja eletrocutado ou caia numa fogueira. Além disso, os exercícios e treinos dos programas têm um trabalho ridículo em relação às abordagens conhecidas. Sobre os 2485669 “melhor” exercício para perder barriga, não há como direcionar o treino dessa forma, pois mesmo os indícios para perda de gordura localizada são nas extremidades e não no abdome. A celulite, por sua vez, envolve problemas circulatórios, estruturais e/ou inflamatórios que de forma alguma são combatidos de maneira diferenciada por NENHUM desses programas toscos.
As pegadinhas normalmente são programas vendidos pela web que podem ser feitos em casa. No entanto, não há como eles produzirem os efeitos prometidos devido a limitações biomecânicas e fisiológicas. E você até pode treinar em casa de forma séria, mas terá que conseguir meios de aumentar a intensidade, do contrário, os resultados serão limitados e insustentáveis.
Existem pessoas jurando que tiveram resultados? Pode ser, para quem saiu do sedentarismo e adotou hábitos saudáveis. Mas o que você deve se perguntar é se existem pessoas tendo resultados REAIS em longo prazo! Esse é o grande problema desses charlatanismos, os ciclos de empolgação/decepção, emagrece/engorda, etc.
Por fim, há milhares de pessoas em todo o Mundo que seguem programas tradicionais e mantém uma ótima forma física e boa saúde há anos. Mas não sei de ninguém que viva do vídeo da Jane Fonda até hoje (vish, estou velho)! Sei que é tentador acreditar que a solução mágica existe… mas não se deixe enganar tão facilmente.
(Paulo Gentil)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

ESCOLHA SEU CARBOIDRATO


Toda vez que falo dos carboidratos aparecem perguntas sobre Waxy Maize. Eu não me preocupava porque achei que esqueceriam esse produto “mágico” em pouco tempo… ...mas não é que ele ficou!? Então, vamos lá. O waxy maize é extraído do amido de uma variedade de milho, chamada de milho ceroso. A promessa é que ele forneça carboidratos mais rápido que outros suplementos, mas sem causar picos de insulina tão altos (afirmação estranha, pois se ele fornecer glicose rápido, a insulina vai subir rápido… mas deixa pra lá!).
Em um estudo esclarecedor, o grupo de Amanda Sands comparou os efeitos de ingerir 50g de carboidratos vindos do waxy maize, maltodextrina ou pão branco. O índice glicêmico foi de 163, 71 e 63 após duas horas, para a malto, pão branco e waxy maze, respetivamente. Após 4 horas os valores foram de 127, 71 e 60. Além disso, o comportamento da aparição da glicose no sangue foi idêntico entre o waxy maze e o pão branco, enquanto a malto subiu os níveis mais rapidamente e também os levou a descer mais rápido. Houve uma pequena diferença nos níveis de insulina entre o waxy maize e o pão branco, com maiores níveis para o pão (nem precisa falar que a “belezura” da malto sempre mostrava os valores elevados, né?). A sensação de saciedade também foi analisada, e não foi diferente entre as situações.
Perceberam que o tão badalado waxy maize traz poucas vantagens em relação ao pão branco?! Isso mesmo, aquele pão branco que custa muito menos, é bem mais gostoso que o waxy maize e que todo mundo abole do seu cardápio ao adotar uma alimentação saudável! Agora imagina se essas comparações fossem feitas com frutas, legumes ou cereais, ou até mesmo um tipo de pão melhorzinho?! Certeza que o waxy maize ia perder feio na relação custo:benefício!
A minha conclusão é: quem quiser ficar sensualizando com seus pozinhos, fique a vontade, mas eu prefiro comer comida! Uma opção barata, saborosa, saudável e inteligente!
PS: quer apostar que vai aparecer um analfabeto funcional dizendo que estou defendendo o pão branco??
(Paulo Gentil)
Sands AL, Leidy HJ, Hamaker BR, Maguire P, Campbell WW. Consumption of the slow-digesting waxy maize starch leads to blunted plasma glucose and insulin response but does not influence energy expenditure or appetite in humans. Nutr Res. 2009 Jun;29(6):383-90. doi: 10.1016/j.nutres.2009.05.009.