quinta-feira, 18 de junho de 2020

PREPARAÇÃO PARA CORRIDA, HIIT OU CONTINUO?

Há muito falamos que o treino intervalado de alta intensidade (popularmente conhecido pela sigla HIIT, do inglês high intensity interval training) pode ser uma estratégia interessante para a saúde, emagrecimento e melhora do desempenho. Um dos maiores benefícios é o fato de gerar efeitos iguais, ou maiores, que o treino contínuo, mas tomando menos tempo. No entanto, a aplicação do HIIT pode gerar confusão em alguns aspectos, como no caso das provas de longa distância. Nesse caso, a crença é de que se precise treinar com grandes volumes, longas distâncias e baixa intensidade, já que isso seria mais “específico”. No entanto, as evidências mostram que não é bem assim.
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Para exemplificar, trago um estudo de Bonet et al. (2020) no qual mulheres de meia idade se prepararam para uma meia maratona usando treinos contínuos ou HIIT. Para ver detalhes do protocolo, confira o artigo que está no meu grupo do Telegram, para entrar veja o link no destaque dos Stories (Grupo Telegram) ou vai direto em t.me/drpaulogentil). Mas adianto aqui que o grupo que fez HIIT corria uma distância 21% menor e gastava 17% menos tempo treinando. Ao final, todas as participantes concluíram a meia maratona com sucesso, sem diferenças nas melhoras entre os grupos. Quanto à especificidade, apenas o grupo que fez HIIT melhorou o desempenho nos treinos intensos, mas quando a avaliação foi realizada em baixa intensidade, os dois grupos melhoraram igual. Ou seja, os benefícios do HIIT transferem para o contínuo, mas os do contínuo não transferem para o HIIT.
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Eu falo bastante sobre esses aspectos tanto nas aulas de HIIT quanto nas de treinamento para corredores no #nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/). Mas a moral da história é que há várias possibilidades de treinar para um mesmo objetivo, sendo que o HIIT tem a vantagem de envolver menor volume, gastar menos tempo e ainda trazer uma gama de benefícios bem ampla. Nesse sentido, dependendo de como for realizado, o HIIT ainda pode trazer benefícios para imunidade e emagrecimento em comparação aos treinos logos, conforme explico nas aulas sobre o tema.
Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
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Bonet JB, Magalhães J, Viscor G, Pagès T, Javierre C, Torrella JR. High-intensity interval versus moderate-intensity continuous half-marathon training programme for middle-aged women. Eur J Appl Physiol. 2020 May;120(5):1083-1096. doi: 10.1007/s00421-020-04347-z.

TREINAMENTO RESISTIDO PARA MULHERES

Nas minhas aulas sobre mulheres no #Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/, link no perfil) mostro as diferenças importantes entre os sexos e também mitos sobre escolha de exercícios, ciclo menstrual, hormônios, etc. Isso tem repercussões importantes na prescrição do treino. Qualquer um que treino mulheres deveria assistir!
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Nesse tema, Hagstrom et al. (2020) revisaram artigos sobre treinamento resistido em mulheres e trouxeram alguns dados importantes. Um primeiro ponto é que os ganhos de força em membros superiores mostram valores similares que nos inferiores (27 vs 25%), algo que já havíamos destacado (Gentil et al. 2015) e que quebra o mito de que haja dificuldade de mulheres em ganhar força na parte superior. Para a força, houve efeitos favoráveis para treinos com mais séries (2-4) e com maior frequência semanal (3-4), mas a carga usada não influenciou nos resultados, algo que também está nas aulas do #Nerdflix.
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Os ganhos médios de massa magra ficaram na casa dos 1,45kg e não houve influência do número de séries, carga ou frequência semanal. Ou seja, para hipertrofia, pode-se treinar de várias maneiras e ter os mesmos resultados.
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Agora, é importante saber interpretar e aplicar os resultados. Profissionais de Educação Física precisam ter consciência da complexidade inerente ao exercício e sua aplicação em diferentes contextos. Cada vez que você mexe em uma variável influencia em outra e essa combinação deve ser muito bem feita para cada situação. Por exemplo, se você tem uma aluna que possui pouco tempo, pode aumentar a intensidade e diminuir o volume. Se alguém treina poucas vezes por semana, pode aumentar tanto o volume quanto a intensidade da sessão. Se a pessoa que gosta de ir à academia com frequência ou tem pouco tolerância ou desconforto, pode-se reduzir a intensidade, subir volume e frequência. Quem tem conhecimento, tem sempre uma boa solução!
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Os artigos serão enviados no meu grupo do Telegram. Para entrar veja o link no destaque dos Stories (Grupo Telegram) ou vai direto em t.me/drpaulogentil
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Gentil, P, Ferreira-Junior, J. B. , Bemben, Michael G., Ferreira, D. V., Bottaro, M. The Effects of Resistance Training on Lower and Upper Body Strength Gains in Young Women. Int J Kinesiology Sports Sci. 3:18-23, 2015.
Hagstrom, A.D., Marshall, P.W., Halaki, M. et al. The Effect of Resistance Training in Women on Dynamic Strength and Muscular Hypertrophy: A Systematic Review with Meta-analysis. Sports Med 50:1075–1093, 2020. https://doi.org/10.1007/s40279-019-01247-x

RECEITAS FIT?

Repost do @felipenassau - Você anda muito exigente com o mundo... Você quer que tudo seja barato, requintado e caia no seu colo, encaixando perfeitamente no seu perfil de preguiça gourmet.
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Hoje eu não vou abordar o que o excesso de aquecimento produz de toxinas no alimento ao formar casquinhas tostadas. Eu vou ser realista.
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Dá pra fazer uma panqueca de ovo, aveia, e morango no café da manhã. Mas você sabe manusear uma frigideira antiaderente com uma gota de azeite e pincel de silicone (ou sem azeite)? Você tem tempo pra organizar isso de manhã? Você está disposta? Você vai pagar alguém pra fazer pra você? Se a resposta foi “não”, até você desenvolver habilidades ou pagar alguém, pra você é ovo cozido e banana amassada com aveia, Fernandinhazinha.
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Dá pra fazer uma deliciosa torta de frango com massa de grão de bico pro seu lanche da tarde. Mas você tem como manter isso resfriado, reaquecer e principalmente pegar um prato, talheres e parar seu trabalho pra comer isso? Não? Então, Fernandinhazinha... pra você é 250g de uvas e 3 castanhas do Pará.
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Dá pra fazer um escondidinho de baroa com frango desfiado incrível... mas você vai comprar baroa 2x/ semana, cozinhar, amassar, misturar, separar em porções nas quantidades certas? Então é arroz integral que dá pra fazer 1kg de cada vez na panela elétrica que dá pra separar em potes congelados e carne moída que também dá pra congelar em pacotes de papel pra um mês.
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Não é autoritarismo opressor... é que você simplesmente não vai desenvolver mil habilidades da noite pro dia. Faça uma coisa de cada vez bem feita e consolide. O simples, monótono e sem firula é mais fácil de ser colocado em prática. Aí cada vez que você enjoar de alguma das coisas, você pensa na possibilidade de levantar a bunda do sofá e tentar algo mais elaborado. Quanto mais contato tiver com o alimento, mais você passa a gostar dele. Mas se der preguiça e isso te levar a ter contato com hot dog de nutella e sorvete de torresmo, você já sabe onde vai dar, né? Toda vez que você tentar inventar moda antes de fazer o básico, tende a dar merda.
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Um abraço forte, tenro e rotineir

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO FISICA SALVAM VIDAS

Há quem associe os locais para prática de atividade física a objetivos estéticos. Mas há quem use o conhecimento para melhorar vidas dentro de hospitais, clínicas e academias. Vou dar o exemplo de um estudo de caso do nosso grupo, liderado pela Camila Seguro e feito em conjunto com a Liga de Hipertensão Arterial. Ele trata de uma paciente de 67 anos, hipertensa e diabética, com histórico de infarto, 6 cateterismos e uma angioplastia, além do histórico familiar de insuficiência cardíaca e doença coronariana. Apesar de tomar uma quantidade enorme de medicamentos, sua pressão era 182/90mmHg e a glicemia 145mg/dL, e seu teste de esforço foi interrompido a 3,6km/h devido a uma arritmia severa.
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Apesar de ser o tipo de pessoa que se imagina na sala de musculação, ela era acompanhada por uma equipe de alto nível e foi aconselhada a fazer exercício. Seus treinos envolviam musculação e seguiam tudo que falo nas minhas aulas: dose mínima (2 sessões semanais de 20min) e manipulação de variáveis para minimizar riscos e maximizar resultados (veja as aulas em https://nerdflix.paulogentil.com/, link no perfil).
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Após 15 semanas, houve normalização da pressão arterial (129/68mmHg) e da glicemia (86mg/dL), junto com redução para menos da metade dos medicamentos prescritos. Lembra o teste que foi interrompido a 3,6km/h? Ao final, ela o realizou até a fadiga, sem nenhuma alteração cardiovascular. Além disso, sua qualidade de vida aumentou 36,6%, passando a se considerar plena nos aspectos emocionais. Esse ponto é incrível, pois estamos falando de uma pessoa! Uma pessoa que chegou com um olhar triste e desacreditado, cuja história conhecemos, que apreciamos o sorriso, vimos o brilho nos olhos aumentar junto com as melhoras clínicas. Uma pessoa que abraçamos e beijamos todos os dias e que nos brindou com a dádiva de fazer diferença.
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Então, meus parabéns a essa maravilhosa equipe multidisciplinar que participou do estudo. E você reflita sobre o que você faz e quem você é!
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Eu vou mandar o estudo no meu grupo do Telegram, link no destaque dos Stories (Grupo Telegram) ou t.me/drpaulogentil.
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Seguro C, Viana R, Lima G, et al. Improvements in health parameters of a diabetic and hypertensive patient with only 40 minutes of exercise per week: a case study [published online ahead of print, 2019 Mar 23]. Disabil Rehabil. 2019;1‐7. doi:10.1080/09638288.2019.1583780

BENEFICIOS DA CAFEÍNA

Foto do perfil de felipenassau

SONO Pt.9 - O que muda na pessoa saudável quando não toma cafeína? Absolutamente nada! Se o humor e disposição pioram sem cafeína, significa que anda exagerando na cafeína ou que dorme mal. Ou que dorme mal porque exagera na cafeína e nem sabe. Estilo de vida saudável sem neuras nem exageros é o que mais cuida do sono.
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A cafeína aumenta a produção de testosterona nas SUPRA-RENAIS. O que não adianta, pois o que mais sobe é o cortisol, fazendo converter testosterona em DHT, promovendo mais queda de cabelo, acne, risco prostático e para ovários policísticos do que libido, emagrecimento e massa muscular. A testosterona não precisa estar alta. Basta estar equilibrada com os outros hormônios. O que também tem a ver com estilo de vida saudável sem neuras nem exageros.
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Caso use cafeína para estudar ou trabalhar, pode ser um tiro no pé, pois ao piorar o sono, piora a memorização e o aprendizado. Então cuide da saúde e estude com método e regularidade. Funciona mais. Há diversas maneiras de estudar, mas até onde eu sei, ensinar coisas complexas de forma fácil sempre foi minha melhor maneira de aprender. Caso a cafeína piore seu sono e ansiedade, o rendimento do estudo também vai caindo gradualmente. Estudo é mais qualidade do que quantidade.
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E uma vez que a cafeína tem interferência sobre seu cortisol, pressão arterial e ansiedade, o impacto dela no organismo também muda de acordo com sua vida. De férias, dormindo 9h por dia, sem mexer no celular, sem seu chefe encher o saco é provável que tolere um pouco mais de café e até umas 17h. Mas eu sei que você toma mais café quando tem mais stress, mais coisa pra fazer, mais gente pentelhando e dormindo mais tarde. Tem todas as ferramentas pra dar errado. A melhor forma de não achar problemas é sempre procurar no lugar errado ou fingir que eles não existem.
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Mas caso você precise apenas de mais disposição pela manhã, coloque o despertador na hora exata que precisa acordar e tente 3min de exercícios simples de mobilidade articular, meio litro de água e um bom banho ao acordar... e um café da manhã saudável com calma! Faz e me conta!
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Agende no link da Bio ou whats (61)992.325.795
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Um abraço forte, tenro e individual

INATIVIDADE FISICA PODE MATAR OS IDOSOS

Um estudo recente juntou diversas revisões e meta-análises com o objetivo de revelar o impacto da inatividade física nos idosos (Cunningham et al., 2020). Foram vários estudos totalizando milhões de pessoas. Logo de cara, já se revela que a mortalidade por causas gerais cai 22 a 34%, sendo as reduções maiores nos idoso que faziam mais atividade física. Sobre causas específicas, sabemos que as mais comuns são os problemas cardiovasculares e o câncer. Nesse sentido, o risco de morrer por problemas cardiovasculares caía 40% nos idosos mais ativos e havia uma clara relação dose resposta no risco de morrer por câncer de mama, com reduções de 5% para cada 2 horas de atividade física semanal. Sobre o sistema musculoesquelético, o risco de fratura caía cerca de 30% nas pessoas ativas, o de quedas em 39% e o risco de incapacidade chegava a cair pela metade. Mas os benefícios vão além do físico! O risco de perdas cognitivas cai mais de um terço nos idosos ativos, a demência caía 28% e, especificamente para Alzheimer, há evidências da redução na ordem dos 40%. Sem contar a redução de até 30% no risco de depressão.
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Olhe à sua volta, pense nos mais de 10% de idosos que compõem nossa população. Agora olhe mais perto, para sua família, pais e avós. Reflita o que eles fazem durante seus dias e pense no quanto estão perdendo de qualidade e expectativa por não serem mais ativos. E o que você vai fazer para mudar isso?
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Conhecimento é poder e poder gera responsabilidade. Para os mais velhos, exercício pode ser a diferença entre uma vida digna e uma vida sofrida ou mesmo entre a vida e a morte. Então, faça a sua parte! Para quem deseja trabalhar com esse público maravilhoso, há várias aulas no Nerdflix (baixe o app ou visite https://nerdflix.paulogentil.com/) tenho certeza que sua concepção e sua visão irão mudar absurdamente!
Ah, eu mandei o artigo no meu grupo do Telegram. Para entrar vai direto em t.me/drpaulogentil
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Cunningham C, O' Sullivan R, Caserotti P, Tully MA. Consequences of physical inactivity in older adults: A systematic review of reviews and meta-analyses. Scand J Med Sci Sports. 2020;30(5):816‐827. doi:10.1111/sms.13616
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PENSAR NO MUSCULO NÃO FAZ DIFERENÇA

Existem vários mantras, mitos e maluquices no treinamento resistido, como a história de pensar no músculo durante o exercício, achando que isso aumentaria eficiência do treino. Muita gente costuma usar artigos sobre ativação para sugerir que pensar em um músculo faz com que sua atividade aumente. O que tento explicar é que isso só seria possível quando o esforço é baixo (baixa carga e longe da fadiga), já que em treinos com cargas máximas ou levados até a falha haverá recrutamento de todos os músculos envolvidos, independentemente do pensamento!
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Essa questão foi avaliada em um artigo do Rafael Fujita (@rafaakira ), orientado pelo professor Matheus Gomes (@prof.matheus_gomes ) (Fujita et al., 2020). Nele, 20 homens jovens realizaram remada sentada sob 2 diferentes situações: 1) sem orientação, 2) concentrar na extensão do ombro e puxar com os músculos das costas. A atividade eletromiográfica do dorsal, redondo maior, bíceps e deltoide posterior foi avaliada no começo, meio e fim das séries. As séries foram máximas e realizadas com 70% da carga de uma repetição máxima, o que é importante por refletir uma situação real de treino.
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Agora vem a parte legal. Nas primeiras repetições houve mudança na ativação dos dorsais, mas não houve diminuição da ativação do bíceps apesar da sugestão de “puxar com as costas”. No entanto, no meio e final da série, a ativação muscular foi basicamente a mesma, independente do foco. Ou seja, quando se fazia algo próximo a um treino real, o foco de atenção não mudava a ativação dos músculos!
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Se pensarmos que os resultados do treino dependem do esforço empregado vemos que pensar no músculo não faz sentido! Inclusive na aula sobre o tema (baixe o app “Nerdflix” ou visite https://nerdflix.paulogentil.com/) eu explico a questão e mostro que isso pode ser contraproducente. A questão então é: em que pensar? Pense em fazer um esforço elevado e em uma boa técnica de execução, para garantir segurança e um bom desempenho. Simples assim!
Vou mandar o artigo no meu grupo do Telegram. Para entrar veja o link no destaque dos Stories (Grupo Telegram) ou vai direto em t.me/drpaulogentil
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Fujita RA, Silva NRS, Bedo BLS, Santiago PRP, Gentil PRV, Gomes MM. Mind-Muscle Connection: Limited Effect of Verbal Instructions on Muscle Activity in a Seated Row Exercise [published online ahead of print, 2020 May 25]. Percept Mot Skills. 2020;31512520926369. doi:10.1177/0031512520926369
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