terça-feira, 28 de junho de 2022

NÃO MANDE AS CRIANÇAS FICAREM QUIETAS

 Quantas vezes ouvimos um pai ou mão gritando para a criança “não corre!”, “fica quieto” etc? Como pai, não quero discutir sobre educação ou imposição de limites; no entanto, é importante darmos oportunidades e estimularmos as crianças a se movimentarem e, principalmente, a fazer isso em alta intensidade! No @nerdflix_br (NERDFLIX | NERDFLIX ) tenho aulas mostrando os benefícios do treino de alta intensidade para crianças, lá destaco que correr em alta velocidade e com frequências cardíacas altas é associado aos melhores resultados para os jovens. Desse modo, um bom indicativo de saúde da criança poderia ser o quão rápido ela se movimenta!

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Recentemente, uma análise de 8345 crianças confirmou essas informações. Shang et al. (2022) avaliaram a velocidade com um teste de 50m (duas avaliações separadas por 12 meses) e suas correlações com marcadores de saúde. Com relação à composição corporal, a maior velocidade no teste foi associada a um menor IMC e menor percentual de gordura. Ser veloz também foi associado com redução de outros fatores de risco, como níveis de triglicerídeos e escore para risco cardiometabólico além de maiores níveis de HDL. O aumento da velocidade de um teste para outro (lembrando havia 12 meses entre eles), esteve associado com redução do IMC, da circunferência da cintura, percentual de gordura, pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, pressão arterial média, LDL, glicemia e escore de risco cardiometabólico. Ou seja, se tornar mais veloz melhorou muuuuito a saúde deles!
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O alerta é muito importante, pois nossas crianças estão adoecendo por falta de movimento! Vemos um aumento assustador da obesidade, diabetes, alterações no colesterol e outros problemas que não eram comuns nos jovens. Um dos principais culpados disso é a falta de movimento! Portanto, que fique o alerta para os pais e profissionais de Saúde: estimulem os pequenos a se movimentarem e a façam isso de maneira intensa! Pode ser que estejamos diante da primeira geração de adultos que precisa virar para uma criança e gritar: “menino, vai correr!”
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
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doi: 10.1055/a-1308-2924. Epub 2021 Sep 22. PMID: 34553365.

EXERCÍCIOS EM ALTA INTENSIDADE PRODUZEM MELHORES RESULTADOS EM PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA

 A esclerose múltipla é uma doença que afeta a capacidade de condução de impulsos nervosos no sistema nervoso central. A doença pode se manifestar por meio de diversos sintomas neurológicos, levando a perdas progressivas da capacidade física e cognitiva, e geralmente está associada a dores e incapacidade física. Infelizmente ainda não há uma cura conhecida, mas com o tratamento pode-se trazer boas perspectivas de manejo. Normalmente a abordagem busca-se melhorar as funções comprometidas com os ataques e prevenir tanto novos episódios quanto a perda de funções e qualidade de vida.

Nesse sentido, o exercício tem se mostrado um importante aliado, mas há muitos pontos a se observar, já que o estresse elevado e o aumento da temperatura podem gerar crises. Desse modo, é comum optar por atividades de intensidade mais baixa. No entanto, talvez seja preciso rever essa questão, já que muitas pessoas com esclerose múltipla não respondem a esse tipo de exercício. Para avaliar se o emprego de treinos intervalados de alta intensidade (HIIT) mudaria essa perspectiva, Lea Schlagheck et al. (2022) colocaram 131 pessoas com esclerose múltipla para fazer treino moderado ou HIIT (tiros de 1,5 a 3min com intensidades de 85-100% da frequência cardíaca máxima) por 3 semanas. Logo de cara vale ressaltar que a adesão foi similar para quem fez treino contínuo ou HIIT. Sobre os resultados, os ganhos de capacidade aeróbia foram de 9,1% para o contínuo 16,1% para o HIIT, com maiores resultados para o HIIT. Melhor ainda, 70,8% das pessoas que tiveram HIIT tiveram resultados relevantes, enquanto no treino contínuo apenas menos da metade das pessoas (47%) tiveram ganhos!
Olha que bacana! O conhecimento é essencial para equilibrarmos segurança e eficiência. Se tivemos medo, podemos não ajudar. Se tivermos precipitação, podemos prejudicar. Recomendo muito a maratona de HIIT no @nerdflix_br (NERDFLIX | NERDFLIX ) para entender quais seria os protocolos mais indicados para cada caso.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
doi: 10.1055/a-1481-8639. Epub 2021 Jul 1. PMID: 34198345.

VALE APENA SE EXERCITAR EM ALTA INTENSIDADE?

 Assinantes do @nerdflix_br já sabem que os melhores treinos para perda de peso são os treinos intensos; também sabem que eles são ainda melhores e mais indicados para pessoas com excesso de peso... se você ainda tem dúvidas sobre isso já corre em NERDFLIX | NERDFLIX e faça sua assinatura por apenas R$24,9 (são mais de 200 aulas para ver quantas vezes quiser!). No entanto, ainda vamos ver muitas questões como “vale mesmo a pena treinar em intensidade alta?”. Para ajudar, vou trazer um estudo de Abassi et al. (2022) que comparou protocolos que possuíam 2 séries de 6-8 tiros de 30s por 30s de intervalo. Um deles foi realizado a 110% da velocidade aeróbia máxima (tenho um vídeo ensinando a calcular isso) e 50% na recuperação ativa. O outro usou 70-80% da velocidade aeróbia máxima no tiro e os mesmos 50% na recuperação. As jovens com sobrepeso ou obesidade foram avaliadas antes e após 12 semanas.

Ao final, o grupo que se exercitou em alta intensidade perdeu peso (6,82%), reduziu o IMC (15,2%), percentual de gordura (4,8%), circunferência de cintura (3,5%), pressão arterial sistólica (2,1%) e aumentou o desempenho aeróbio (16,1%)! Já o grupo que treinou em intensidade moderada melhorou apenas a massa corporal (1,5%) e IMC (3,4%) e aumentou o desempenho aeróbio (7,35%). Como pode ser visto nos valores, a alta intensidade gerou mais benefícios que a moderada. Ou seja, vale sim a pena se exercitar em alta intensidade.
Antes que reclamem ou venham com mimimi, temos estudos mostrando que esse protocolo no estilo 30:30 costuma ser até mais seguro e agradável que o contínuo, pois os esforços não são exaustivos e duram pouco, o que reduz o desconforto e o estresse cardiovascular. Além disso, lembre-se que os treinos podem ser feitos com diferentes exercícios, como bicicletas, corda naval, remos e até mesmo atividades aquáticas para os que possuem limitações musculo esqueléticas. Enfim, o único grande limitante para o uso desse tipo de treino parece mesmo ser a ignorância. Corram para o Nerdflix e vejam as aulas sobre HIIT, elas são libertadoras e esclarecedoras!! O artigo está no meu grupo do Telegram (link no perfil)

SER SEDENTÁRIO SAI MUITO CARO

 Um estudo realizado em Santos/SP avaliou 746 adultos e verificou que as pessoas que passam mais tempo em atividades físicas moderadas a vigorosas eram mais magras e não tinham problemas como hipertensão, diabetes e dislipidemia, além de possuírem melhor capacidade física. Interessantemente, os valores de capacidade física moderavam os efeitos positivos da atividade física. Ou seja, é importante não apenas fazer exercício, mas o exercício precisa aumentar seu condicionamento físico (Simões et al., 2022).

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Outra coisa bacana do estudo é que os autores discutem que os custos com saúde são mais baixos nas pessoas com maior capacidade física! Só para ter ideia do drama, aumentar 1MET a capacidade física de um obeso gera uma economia de cerca de R$30.000 por ano (6.103 dólares) em gastos de saúde!! E olha só, um bom profissional faz uma pessoa aumentar 1MET em poucas semanas com extrema facilidade!
Veja que legal! Se você fizer exercício de maneira eficiente você ficará mais magro e ainda prevenirá doenças que afetam milhões de pessoas em nosso País e estão entre as principais causas de morte do Mundo. Além de ganhar saúde e expectativa de vida, você ainda vai economizar muito dinheiro, tanto do seu bolso quando do sistema público de saúde! E aí, faz as contas e reflita o quanto o sedentarismo custa caro!!
Marque aqui todos que precisam saber disso, seja para reforçar o que sabem, seja para refletir sobre seus hábitos!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Simoes et al. Effect Modification of Cardiorespiratory Fitness, Obesity, and Physical Activity in Adults. Int J Sports Med. 2022 Jun;43(6):561-566. doi: 10.1055/a-1562-6014. Epub 2021 Jul 30. PMID: 34331303.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

ALTAS DOSES DE TESTOSTERONA PARA TRATAR CÂNCER DE PRÓSTATA?

 A matéria está circulando e na legenda lemos coisas como “testosterona é vida”, “não faz sentido culpar a testosterona pelo câncer de próstata”, “por isso tomo e tomarei” ou então simplesmente verão aplausos e coraçõezinhos de bombados loucos para fundamentar seu vício.

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O prêmio recebido por oncologistas brasileiros do Hospital Moinhos de Vento que deve ser documentado e aplaudido, com certeza. O problema é a interpretação torta que dão ao tema. Ao pelo autor (Pedro Velho) e os termos “testosterona câncer de próstata” no Pubmed apare o tratamento androgênico bipolar para o câncer de próstata resistente à castração. O artigo de 2010, que apresenta o artigo começa com “ablação de andrógeno é um tratamento paliativo altamente eficiente para o câncer de próstata metástico...”. Ou seja, não questiona a importância de “castrar” para suprimir a testosterona!! A ideia genial é fornecer testosterona exógena de maneira alternada para tumores resistentes à castração, que parecem ter uma expressão anormal de receptor androgênio.
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O tratamento envolveria 400mg de esteroides a cada 28 dias (100mg por semana) e depois manter os níveis próximos a zero. Só para ter ideia do quão pouco são 100mg por semana, temos estudos com mulheres tomando 1.000mg e há homens que tomam 5.000mg! Por que durou 28 dias? Porque as análises mostraram que longos períodos (mais que 3 meses) faz com que o tumor cresça! Aí o Zé Bomba quer usar o estudo para tomar doses cavalares de bomba a vida toda!?
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O estudo é maravilhoso e fico feliz como brasileiro, cientista e filho que perdeu o pai devido a uma metástase de câncer de próstata. Mas bomba continua sendo bomba e remédio continua sendo remédio! Os artigos estão no meu grupo do Telegram, entrem gratuitamente pelo link no meu perfil ou em t.me/drpaulogentil
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
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doi: 10.2967/jnumed.120.259226. Epub 2021 Jan 15. PMID: 33452039; PMCID: PMC8882898.
doi: 10.1002/pros.21196. PMID: 20607766; PMCID: PMC4124628.

DIETA, NÃO DEU CERTO? A CULPA É DO QUE OU DE QUEM?

  Você anda muito exigente com o mundo... Você quer que tudo seja barato, requintado e caia no seu colo, encaixando perfeitamente no seu perfil de preguiça gourmet.

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Hoje eu não vou abordar o que o excesso de aquecimento produz de toxinas no alimento ao formar casquinhas tostadas. Eu vou ser realista.
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Dá pra fazer uma panqueca de ovo, aveia, e morango no café da manhã. Mas você sabe manusear uma frigideira antiaderente com uma gota de azeite e pincel de silicone (ou sem azeite)? Você tem tempo pra organizar isso de manhã? Você está disposta? Você vai pagar alguém pra fazer pra você? Se a resposta foi “não”, até você desenvolver habilidades ou pagar alguém, pra você é ovo cozido e banana amassada com aveia, Fernandinhazinha.
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Dá pra fazer uma deliciosa torta de frango com massa de grão de bico pro seu lanche da tarde. Mas você tem como manter isso resfriado, reaquecer e principalmente pegar um prato, talheres e parar seu trabalho pra comer isso? Não? Então, Fernandinhazinha... pra você é 250g de uvas e 3 castanhas do Pará.
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Dá pra fazer um escondidinho de baroa com frango desfiado incrível... mas você vai comprar baroa 2x/ semana, cozinhar, amassar, misturar, separar em porções nas quantidades certas? Então é arroz integral que dá pra fazer 1kg de cada vez na panela elétrica que dá pra separar em potes congelados e carne moída que também dá pra congelar em pacotes de papel pra um mês.
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Não é autoritarismo opressor... é que você simplesmente não vai desenvolver mil habilidades da noite pro dia. Faça uma coisa de cada vez bem feita e consolide. O simples, monótono e sem firula é mais fácil de ser colocado em prática. Aí cada vez que você enjoar de alguma das coisas, você pensa na possibilidade de levantar a bunda do sofá e tentar algo mais elaborado. Quanto mais contato tiver com o alimento, mais você passa a gostar dele. Mas se der preguiça e isso te levar a ter contato com hot dog de nutella e sorvete de torresmo, você já sabe onde vai dar, né? Toda vez que você tentar inventar moda antes de fazer o básico, tende a dar merda.
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Um abraço forte, tenro e rotineir

VARIAR OS EXERCÍCIOS PROMOVE HIPERTROFIA EM DIFERENTES PARTES DOS MÚSCULOS?

 Dentro de uma academia há diversos aparelhos. Aliás, na própria musculação há diversos exercícios para um mesmo grupamento muscular. Isso gera muitas dúvidas sobre sua utilidade e necessidade. Dentre os principais argumentos há alguns que prevalecem, como de que variar seria necessário para ter mais resultados e de que variar seria necessário para trabalhar diferentes partes do mesmo músculo. O primeiro argumento é bem abordado na aula sobre “Periodização” e “Treinamento com recursos alternativos” no @nerdflix_br (NERDFLIX | NERDFLIX ).. sem muitas novidades. Sobre as partes do músculo, você também verá aulas lá... mas há estudos recentes que merecem ser citados.

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Nesse sentido, Costa et al. (2021) colocaram homens jovens para treinar por 9 semanas seguindo 2 abordagens diferentes: 1) fazer sempre os mesmos exercícios (ex: supino reto e leg press) e 2) variar a cada sessão (supino reto/inclinado/declinado e leg press/agachamento/hack). Imagens de ultrassonografia foram obtidas de diferentes partes do músculo para avaliar se haveria mudança nos locais que mais “crescem” com cada protocolo. Para ser mais claro, será que precisamos fazer diferentes supinos para promover hipertrofia em todas as partes do peitoral? Ou devemos variar os exercícios de coxa para promover hipertrofia nas regiões da coxa que ficam mais perto do joelho ou mais perto do quadril? Valeria a pena variar os de bíceps e tríceps?
A resposta para a questão foi NÃO! Os dados revelam que não havia diferença na hipertrofia das diferentes partes dos músculos (bíceps, tríceps, quadríceps ou posteriores de coxa) para quem mudava o exercício ou fazia sempre o mesmo.
Em resumo, variar exercícios pode ser interessante para motivação, para adaptar a uma limitação funcional ou para aproveitar melhor algum método. Mas fazê-lo com objetivo de promover hipertrofia seletiva parece ser pura perda de tempo! Bora parar com a visão de açougueiro, meu povo!! Nada novo para quem assina o Nerdflix, né?
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
DOI: 10.1055/a-1308-3674

O QUE É MAIS SEGURO PARA O CORAÇÃO, ISOMÉTRICO OU DINÂMICO?

 Se você é assinante do @nerdflix_br ou foi meu aluno no @institutovalorize a pergunta é moleza. Mas muita gente com certeza ainda vai responder que o dinâmico é mais seguro e o isométrico é perigoso, devendo até ser contraindicado para os cardiopatas. Grande mito!

O medo do isométrico se deve ao fato de que, ao chegar à fadiga, a ação dinâmica vira isométrico, tipo quando você “trava” no supino. Como as respostas cardiovasculares aumentam com o esforço, esse momento gera um elevado estresse. Mas a questão não é por ser isométrico, mas sim por ela ocorrer em um momento de esforço máximo. No entanto, quando se equipara o esforço as coisas são beeem diferentes.
Nesse sentido, um estudo de Kounoupis et al. (2022) comparou as respostas de leg press dinâmico e isométrico, ambos realizados por 4 séries de 2min com 30% da força máxima. Grande parte das alterações cardiovasculares foram similares, no entanto, o treino dinâmico gerou maior duplo produto (um marcador de estresse do miocárdio) e débito cardíaco (marcador de trabalho cardíaco) outro ponto importante foi que a redução na oferta de sangue para o miocárdio e no barorreflexo foi maior para o exercício dinâmico!
Olhe só, o exercício isométrico parece ser tão ou mais seguro que o dinâmico. Lembrando as aulas do Nerdflix nas quais mostro que ele pode ser tão ou mais eficiente que as demais formas de exercício em baixa a pressão arterial, creio que já passou da hora de pararmos de espalhar mitos e medos infundados sobre esse tipo de exercício!
Corram no meu grupo do Telegram para ler o artigo gratuitamente.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Kounoupis A, Dipla K, Tsabalakis I, Papadopoulos S, Galanis N, Boutou AK, Vrabas IS, Smilios I, Zafeiridis A. Muscle Oxygenation, Neural, and Cardiovascular Responses to Isometric and Workload-matched Dynamic Resistance Exercise. Int J Sports Med. 2022 Feb;43(2):119-130. doi: 10.1055/a-1539-6561. Epub 2021 Aug 11. PMID: 34380149.
Edgardo Pelaez

EXERCÍCIO E ESCLEROSE MULTIPLA

 A esclerose múltipla é uma doença que afeta a capacidade de condução de impulsos nervosos no sistema nervoso central. A doença pode se manifestar por meio de diversos sintomas neurológicos, levando a perdas progressivas da capacidade física e cognitiva, e geralmente está associada a dores e incapacidade física. Infelizmente ainda não há uma cura conhecida, mas com o tratamento pode-se trazer boas perspectivas de manejo. Normalmente a abordagem busca-se melhorar as funções comprometidas com os ataques e prevenir tanto novos episódios quanto a perda de funções e qualidade de vida.

Nesse sentido, o exercício tem se mostrado um importante aliado, mas há muitos pontos a se observar, já que o estresse elevado e o aumento da temperatura podem gerar crises. Desse modo, é comum optar por atividades de intensidade mais baixa. No entanto, talvez seja preciso rever essa questão, já que muitas pessoas com esclerose múltipla não respondem a esse tipo de exercício. Para avaliar se o emprego de treinos intervalados de alta intensidade (HIIT) mudaria essa perspectiva, Lea Schlagheck et al. (2022) colocaram 131 pessoas com esclerose múltipla para fazer treino moderado ou HIIT (tiros de 1,5 a 3min com intensidades de 85-100% da frequência cardíaca máxima) por 3 semanas. Logo de cara vale ressaltar que a adesão foi similar para quem fez treino contínuo ou HIIT. Sobre os resultados, os ganhos de capacidade aeróbia foram de 9,1% para o contínuo 16,1% para o HIIT, com maiores resultados para o HIIT. Melhor ainda, 70,8% das pessoas que tiveram HIIT tiveram resultados relevantes, enquanto no treino contínuo apenas menos da metade das pessoas (47%) tiveram ganhos!
Olha que bacana! O conhecimento é essencial para equilibrarmos segurança e eficiência. Se tivemos medo, podemos não ajudar. Se tivermos precipitação, podemos prejudicar. Recomendo muito a maratona de HIIT no @nerdflix_br (NERDFLIX | NERDFLIX ) para entender quais seria os protocolos mais indicados para cada caso.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
doi: 10.1055/a-1481-8639. Epub 2021 Jul 1. PMID: 34198345.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

O QUE É MAIS EFICIENTE PARA EMAGRECER?

 O combate à obesidade envolve diversos aspectos importantes, mas o centro da questão

parece ser a mudança de hábitos. Mesmo que se consiga perder peso por intervenções
cirúrgicas ou tratamentos farmacológicos, os bons hábitos tanto aumentarão seus
resultados quanto garantirão que eles sejam mantidos em logo prazo. Apesar de
comumente se colocar a dieta como protagonista (inclusive com aquelas contas
absurdas de dizer que 80% do emagrecimento é dieta, algo já explicado no meu canal do
YouTube) a prática de atividade física jamais deve ser negligenciada.
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Tanto para saúde quando para o emagrecimento, a recomendação é que se faça tanto
aeróbios quanto musculação. Nesse sentido, um estudo de Tittlbach et al. (2022) avaliou
dados de 22.822 adultos e verificaram que fazer pelo menos 150min de aeróbio e 2x na
semana de musculação reduz em 27% o risco de ter sobrepeso, em 58% o risco de ter
obesidade e em incríveis 75% o risco de ter obesidade grau II (IMC > 35, ou seja
alguém de 1,8m pesar 113,4kg ou alguém de 1,6m pesar 89,6kg.
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Podemos traduzir isso de uma maneira ainda melhor. De cada 4 pessoas que estão com
obesidade grau II, 3 deixariam de ser se tivesse feito exercício. Com isso, cada uma
ganharia, em média, 7,2 anos de vida. Poderíamos seguir para uma perspectiva maior. O
Brasil tem cerca de 160 milhões de pessoas acima de 18 anos, das quais 21,5% (34,4
milhões) tem obesidade e 36,5% (58,4 milhões) com excesso de peso. Se todas elas
fizessem exercício estaríamos tirando 35,72 milhões da obesidade e sobrepeso. No total
nós estaríamos dando-lhes incríveis 161.245.200 anos de vida ao todo, ou uns 60
bilhões de dias a mais nesse Mundo.
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Se você ainda não entendeu a importância de fazer atividade física, espero que os dados
apresentados de outra forma não deixem dúvidas! Compartilhe à vontade, para que a
ficha caia no máximo de pessoas possíveis!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Tittlbach SA, Hoffmann SW, Bennie JA. Association of meeting both muscle
strengthening and aerobic exercise guidelines with prevalent overweight and obesity
classes - results from a nationally representative sample of German adults. Eur J Sport Sci. 2022 Mar;22(3):436-446. doi: 10.1080/17461391.2020.1870161. Epub 2021 Jan
18. PMID: 33369530.

TREINOS METABÓLICOS X TREINOS TENSIONAIS

 Recebo muitas perguntas do pessoal sobre quais seriam as diferenças no planejamento de treinos metabólicos e tensionais. Para entender melhor a questão, é importante compreender quais as implicações de se trabalhar com diferentes orientações. Uma das principais diferenças entre eles, é que os treinos metabólicos, no geral, usam menos cargas e mais repetições. Por outro lado, os tensionais usam mais cargas e menos repetições. Partindo disso, um estudo de Marshall et al. (2022) pode nos dar alguns insights. Nele, se avaliou a fatigabilidade em treinos máximos com cargas leves (50%) ou altas (>80%). Imediatamente após a sessão, a queda na taxa de desenvolvimento de força foi mais que o dobro para treinos com cargas leves, que também levaram a maiores reduções na contratilidade. Por outro lado, as cargas altas levaram a maiores declínios na ativação muscular. Aparentemente uma coisa compensou a outra, já que as reduções na força máxima foram similares para os grupos.

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O estudo reforça alguns pontos que trago nas aulas do @nerdflix_br, como o fato de haver queda de desempenho quando se treina o máximo (ou mesmo perto do máximo). Assim, se você está conseguindo fazer 3 séries com a mesma carga e mesma quantidade de repetições, pode ter certeza que a intensidade está baixa. Também há informações relevantes para quem deseja manter a produção de força e potência, já que tais pessoas não deveriam treinar até a falha. Infelizmente, os métodos tiveram características que não permitem algumas informações práticas, já que não havia ajuste de carga e ao final, a quantidade de repetições realizadas com cargas baixas ficou muito reduzida (~5 na última série). No entanto, foi interessante perceber a grande fadiga acumulada ao longo do treino com cargas leves, outro ponto que destaco nas aulas.
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Então, pessoal, a recomendação que fica desse estudo é que, se você não está reduzindo o desempenho no seu treino, ele é bem fofo! Outro ponto é que, ao fazer treinos com cargas mais leves (como nos treinos metabólicos), você precisa ficar atento aos ajustes de carga, para que a quantidade de repetições não caia muito.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Marshall, P.W., Forward, T. & Enoka, R.M. Fatigability of the knee extensors following high- and low-load resistance exercise sessions in trained men. Eur J Appl Physiol 122, 245–254 (2022). https://doi.org/10.1007/s00421-021-04832-z