sábado, 22 de junho de 2019

MUSCULAÇAO PREVINE LESOES

O envolvimento com esportes, tanto profissional quanto amador, está associado com o aparecimento de algumas lesões, especialmente as por excesso de uso. O problema é que essas lesões, além da dor e dos inconveniente, também podem gerar o afastamento das atividades, para os amadores tem o impacto na composição corporal, funcionalidade e até mesmo a parte psicológica No esporte profissional, isso ainda tem os gastos com reabilitação, perdas de competições, prejuízos de mídia, etc. Então vale o ditado “é melhor prevenir que remediar”.
Para isso, o bom e velho treino resistido (musculação) tem se mostrado especialmente eficiente. Em uma revisão sobre o tema, Bo Lauersen et al. (2018) compilaram dados de 7738 participantes com acompanhamentos que iam de 14 semanas a 1 ano! De acordo com as análises, fazer treino de força, resulta em um risco relativo de 0,338 em comparação com quem não faz! Ou seja, quem não faz musculação tem uma chance cerca de 3 vezes maior de se lesionar!! Os resultados foram independentes da idade dos participantes (adolescentes vs. adultos).
Com relação aos mecanismos. as hipóteses são que o treino de força melhore a coordenação, fortaleça tecidos adjacentes, reduza a sobrecarga nas articulações e promova melhor percepção de risco, dentre outras coisas.
Enfim, se você pratica esportes, seja por diversão, seja profissionalmente, é importante considerar a inclusão do treinamento de força (musculação) em seus treinos. Além de ajudar no seu desempenho, também vai ajudar na sua saúde!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Lauersen JB, Andersen TE, Andersen LB. Strength training as superior, dose-dependent and safe prevention of acute and overuse sports injuries: a systematic review, qualitative analysis and meta-analysis. Br J Sports Med. 2018 Dec;52(24):1557-1563. doi: 10.1136/bjsports-2018-099078

EXERCICIO E CANCER

Uma das consequências marcantes do câncer é a perda de massa muscular. É comum que, independente do tratamento, a pessoa perca tanto massa no músculo esquelético quanto cardíaco, o que leva a diversos problemas funcionais e de saúde. E esse quadro é ainda mais agravado por algumas das terapias posteriores. Como o exercício tem o um efeito positivo nesses tecidos, resta a dúvida se ele poderia ajudar a controlar esse quadro catabólico ou se ele poderia ser, de algum modo, prejudicial. Para testar a hipótese pesquisadores da Universidade do Kansas induziram câncer de próstata em ratos e os separam em um grupo que fazia exercícios e outro que permanecia sedentário. O exercício envolvia uma hora de esteira realizado todo os dias por um mês.
Ao final, os ratos que tinham câncer e permaneciam sedentários tinham a menor massa de ventrículo esquerdo (a parte que bombeia sangue para o corpo). A capacidade de bombear sangue foi maior nos animais que se exercitavam e não havia diferença entre os que possuíam ou não câncer. O exercício também ajudou a preservar a massa muscular esquelética e funcionalidade nos ratos com tumor. Com isso, os resultados confirmam que o tumor promove perda de massa muscular esquelética e cardíaca e demonstram que o exercício ajuda a mitigar esses efeitos.
Isso é uma informação importante porque muitas pessoas têm medo de treinar pessoas com câncer, por elas estarem fragilizadas e apresentarem muita fadiga. No entanto, não é uma questão de “se” elas devem se exercitar, mas sim “como” elas devem faze-lo. Apesar de parecer difícil vencer a barreira em um primeiro momento, vale a pena o esforço para adotar uma vida mais ativa. Posteriormente, os sintomas estarão mais controlados e as melhoras na saúde, funcionalidade e qualidade de vida serão inquestionáveis e incríveis. Vamos estudar e aprender para fazer bem feito, pois da mesma forma como Francis Bacon nos trouxe que “conhecimento é poder”, o Tio Ben nos lembra que “com grandes poderes vem grandes responsabilidade”. Temos o poder de mudar a vida das pessoas e a responsabilidade de fazer isso bem feito!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Baumfalk DR, Opoku-Acheampong AB, Caldwell JT, Ade CJ, Copp SW, Musch TI, Behnke BJ. Effects of prostate cancer and exercise training on left ventricular function and cardiac and skeletal muscle mass. J Appl Physiol (1985). 2019 Mar 1;126(3):668-680. doi: 10.1152/japplphysiol.00829.2018.

JEJUM INTERMITENTE

A prática do jejum intermitente tem conotações religiosas, como o Yam Kippur e o Ramadã, mas também pode ser encontrada no hinduísmo, budismo e no cristianismo.Por exemplo, a Biblia fala de 3 tipos de jejum, completo, com água e parcial (como na quaresma). O mais interessante é que, mesmo com motivos religiosos, há recomendações que ele seja evitado em diversos casos e que não dure muito tempo. Aí vemos pessoas dizendo que jejum é o elixir da vida e se orgulhando e passar vários dias sem comer! Isso sim é fanatismo!!
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Costuma-se citar estudos do Valter Longo para defender jejum. Só que ele não usou jejum! Os estudos comparam grupos que comiam à vontade com grupos que praticavam restrição calórica e melhoravam a qualidade da alimentação durante 5-6 dias do mês. Olha um trecho do artigo “No entanto, o jejum prolongado é difícil para a grande
maioria da população, particularmente em pessoas mais velhas e frágeis. Essas preocupações apontam a necessidade de intervenções dietéticas que induzam os efeitos do jejum prolongado ao mesmo tempo que minimizam os efeitos adversos e danos da restrição completa de comida”. Ou seja, o estudo tenta minimizar os malefícios do jejum e é citado para defender o jejum!
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As revisões sobre o tema são claras ao mostrar que o jejum não produz vantagens sobre uma alimentação similar feita de maneira regular e, mais ainda, ressaltam que ele pode trazer problemas para pessoas saudáveis! Além disso, esses longos períodos sem comer ativam vias catabólicas, mesmo quando não há restrição calórica. Inclusive, estudo dos quais participei verificaram queda na testosterona e perda de massa magra em homens treinados que faziam jejum intermitente. Aliás, ganhamos um dos principais prêmios de Nutrição Esportiva do Mundo devido a esse trabalho (ainda não foi publicado, mas os dados estão nas aulas)! Isso alerta para possíveis problemas no longo prazo, especialmente em pessoas mais velhas e mulheres após a menopausa.
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Vamos parar de dar ouvidos a fanáticos! Nas aulas sobre jejum mostro cerca de 50 referências e dou detalhes para quem quiser saber realmente a verdade (www.aulas.paulogentil.com).
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)

COMO TREINAR

Hoje quero sua atenção para um tema que pode não fazer sentido para muitos, mas deveria! Não apenas porque você precisará disso um dia, mas porque muitos à sua volta precisam agora. Muito se fala que fazer exercício faz bem à saúde, mas não é simplesmente “fazer” e sim os resultados provenientes dessa prática. Com a musculação, por exemplo, ir à academia não fará uma pessoa viver mais, mas sim os ganhos de força que ela obtiver, conforme mostrado brilhantemente pelo grupo de Jeremy Loenneke. Ou seja, não basta apenas sugerir que idosos levantem pesos, temos que garantir que o treino irá gerar os benefícios que ele precisa.
Assim, pensar em protocolos eficientes não é apenas uma questão de #bumbumnanuca ou #shapefoda, é uma questão de saúde. Um problema nos idosos é que a maioria das pessoas adota uma abordagem extremamente conservadora, com alto volume e baixa intensidade, cheia de cotonetes e bosus... Mas isso não dá certo! Os idosos perdem as fibras que fazem força e velocidade e essa perda é justamente porque eles deixam de usa-las. A prova disso são estudos em que idosos alcançam os valores de força e massa muscular de jovens em poucos meses de treino. Também tem estudos em que, quando idosos e jovens são estimulados da mesma maneira, ambos obtêm ganhos similares de força e hipertrofia.
Além disso, a aplicação de treinos intensos e curtos pode trazer vantagens em vários aspectos, como reduzir riscos cardiovasculares, problemas articulares e depressão imunológica. E aí? Está esperando o que para mudar sua história e a de muitos à sua volta? Em um artigo intitulado “Why intensity is not a bad word - benefits and practical aspects of high effort resistance training to the older” eu, James Steele e James Fisher, levantamos essa bola e passamos uma série de informações mais aprofundadas. Leiam o texto e venham ouvir essas feras pessoalmente nos Simpósios Internacionais de Recife (16/9), São Paulo (18/11) e Florianópolis (19/11). Informações sobre agenda e artigo na minha página www.PauloGentil.com.
(Paulo Gentil)
Gentil P, Steele J, Fisher J. Why intensity is not a bad word - Benefits and practical aspects of high effort resistance training to the older. Clin Nutr. 2017 May 27. pii: S0261-5614(17)30198-X. doi: 10.1016/j.clnu.2017.05.024. [Epub ahead of print]
Dankel SJ, Loenneke JP, Loprinzi PD. Determining the Importance of Meeting Muscle-Strengthening Activity Guidelines: Is the Behavior or the Outcome of the Behavior (Strength) a More Important Determinant of All-Cause Mortality? Mayo Clin Proc. 2016 Feb;91(2):166-74.

GH HORMONIO DO CRESCIMENTO

O hormônio do crescimento voltou à popularidade com as canetinhas, que tornaram mais fácil sua venda e uso. No entanto, é importante alertar que o hormônio do crescimento não é anabólico para o tecido muscular. Isso foi descoberto logo nos estudos iniciais, das décadas de 1980 e 1990, quando jovens e idosos recebiam GH e não tinham ganhos de força ou massa muscular. Mesmo estudos em atletas e doses altas mostram resultados desanimadores! Inclusive, a suposição que GH potencializa os efeitos da testosterona é mito. Quem está tomando testosterona e GH tem o mesmo ganho de músculo e força que se tomasse apenas testosterona, só que gastando muito menos!
Por falar em gasto, mesmo na perda de gordura os efeitos do GH são muito pequenos. Por exemplo, uma meta-análise estimou que tomar GH por 6 meses geraria uma perda de gordura de 2,1kg. Nas doses usadas, isso sairia uns R$25.000, ou seja, se estaria pagando cerca de R$12.000 no quilo da gordura!! O chato é que pessoas torram grana nisso, mas acham caro pagar um personal trainer e nutricionista. Pior, os estudos mostram que se você fizer treino e dieta certinho o GH não faz diferença no emagrecimento, ou seja, se você está se alimentando bem, treinando bem e tomando GH, poderia muito bem estar tomando injeção de água que daria o mesmo resultado.
Por fim, os efeitos colaterais! O GH produz retenção hídrica e hipertrofia de tecidos não contráteis, com isso há muitas dores articulares e também é comum ocorrer síndrome do túnel do carpo, isso chega a ocorrer em 40% das pessoas. Outro problema sério são as alterações na glicemia, há estudos em que metade das pessoas ou ficaram diabético ou com intolerância à glicose. Sem falar no risco aumentado de câncer.
Então acordem para a vida! GH é ineficiente, perigoso e caro! Claro que vão tentar te empurrar com falsas promessas, pois assim todo mundo vai lucrar, de quem vende a quem prescreve. Não dá para colocar todas as referências aqui porque viraria uma revisão sistemática, rs. Mas você poderá acompanhar tudo nas aulas sobre o tema em www.aulas.paulogentil.com
(Paulo Gentil - www.paulogentil.com)

NOSSOS OSSOS

Nossos ossos vivem em um processo contínuo de remodelagem, ou seja, praticamente uma reforma, na qual os ossos velhos são substituídos por novos. Para ter uma ideia, a cada 10 anos quase todos os nossos ossos são renovados.
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Assim, existem células removendo os ossos velhos, como os osteoclatos, e células formando novos ossos, no caso os osteoblastos (imagem do post).
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A osteoporose é um distúrbio caracterizado pela maior atividade osteoclástica em relação a osteoblástica, ou seja, há uma maior quebra do que síntese, levando à formação dos poros e consequentemente deixando os ossos mais frágeis.
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As mulheres são mais suscetíveis à osteoporose por conta da menopausa. No caso, a menopausa acarreta na diminuição da secreção de estrogênio, e parece que esse hormônio exerce um efeito protetor contra à osteoporose.
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Desse modo, parece que o estrogênio funciona como se fosse um "freio" controlando o paratormônio (PTH). Lembrando que a principal função do PTH é aumentar a disponibilidade de cálcio no sangue, sendo assim, ele estimula a atividade dos osteoclastos, e consequentemente a degradação dos ossos.
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Fazendo uma analogia, esse processo funciona como na imagem em destaque. No caso, as células estão trabalhando normalmente, só que o PTH é um patrão explorador que exige que o osteclasto trabalhe mais para aumentar a produção, ou seja, a degradação óssea. Só que o osteoclastos tem ao seu lado as leis trabalhistas que controlam o PTH, e dessa forma os osteoclastos trabalham tranquilamente, no seu ritmo.
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Só que quando as leis trabalhistas não estão presentes o patrão abusa do funcionário e ele acaba produzindo muito. Ou seja, se o estrogênio não estiver presente o PTH vai aumentar muito a atividade dos osteoclastos, e consequentemente a degradação óssea, resultando na osteoporose.
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No entanto, a ingestão adequada de cálcio e o exercício físico afetam positivamente essa remodelagem prevenindo à osteoporose.
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Portanto, tenha uma vida saudável.
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@personal_edmarlima
@fisiologia_analoga
Referências:
Imagem adaptada da internet.
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HALL, John E. Guyton e Hall tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2017.
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MCARDLE, Wiliam; KATCH, Frank; KATCH, Victor. Fisiologia do exércicio: nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

PÓS TREINO

Sempre ouvimos falar que é necessário ingerir proteínas de alto valor biológico após o treino, o que se consegue principalmente pelas fontes animais, por possuírem uma melhor combinação de aminoácidos. Nesse sentido, um ponto que se questiona das proteínas vegetais seria a carência da leucina, importante para síntese proteica. No entanto, evidências recentes questionam essa crença!
Em um estudo holandês, homens jovens e ativos realizaram um treino de musculação e depois receberam 45g de carboidratos com 20g de proteína, que poderia ser whey, proteína de soja ou proteína de soja enriquecida com leucina. A síntese proteica muscular e mitocondrial foi acompanhada nas 6 horas seguintes. A análise da leucina no sangue não revelou diferença entre tomar whey ou proteína de soja enriquecida com leucina, mas ambos tiveram maiores níveis do que o grupo que tomou a proteína da soja. Até aí tudo bem... mas ao analisar a síntese proteica muscular e mitocondrial elas foram similares entre os três grupos (Churchward-Venne et al., 2019)! Ou seja, os maiores níveis de leucina no sangue não parecem influenciam na resposta da síntese proteica pós treino e a proteína de soja simples parece ser suficiente para estimular o anabolismo.
Os autores sugerem que no pós treino a síntese proteica está ativada por outras vias, portanto a ingestão de leucina não seria tão essencial. No entanto, eles ressaltam que estudos feitos no repouso (sem exercícios) mostram que as proteínas vegetais geram menor síntese proteica no repouso. De qualquer forma, isso é uma notícia interessante por permitir variar a dieta e traz uma reflexão importante sobre a paranoia pós treino! Ah, e por favor, quando falei que os estudos sugerem menor síntese proteica de repouso com proteínas vegetais não quero dizer que seja impossível para um vegano ter hipertrofia e tampouco quero entrar nas discussões filosóficas ou ideológicas do veganismo. Eu pedi, por favor, viu? Não sejam chatos! Ah, e se vierem dizer que viram não ingerem soja porque viram um maluco dizendo que isso transforma homens e mulheres, eu vou apagar o comentário!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Churchward-Venne TA, Pinckaers PJM, Smeets JSJ, Peeters WM, Zorenc AH, Schierbeek H, Rollo I, Verdijk LB, van Loon LJC. Myofibrillar and Mitochondrial Protein Synthesis Rates Do Not Differ in Young Men Following the Ingestion of Carbohydrate with Whey, Soy, or Leucine-Enriched Soy Protein after Concurrent Resistance- and Endurance-Type Exercise. J Nutr. 2019 Jan 29. doi: 10.1093/jn/nxy251.

MUSCULAÇÃO AUMENTA QUEIMA DE GORDURA EM REPOUSO

No meu livro de Emagrecimento dou um destaque especial para a Musculação e também gravei aulas explicando a importância da musculação para o emagrecimento e, principalmente, mostrando como ela deve ser feita (www.paulogentil.com). Uma das maiores dúvidas sobre o tema é como ela poderia ajudar a emagrecer, já que não gasta tantas calorias e também não entra muito na zona de queima de gordura. A resposta não está no que acontece ENQUANTO você treina sim DEPOIS que você treina, pois parece haver aumento da utilização de gordura nas horas que sucedem o treino. Para exemplificar, trago um estudo Allman et al. (2019) no qual mulheres treinadas fizeram diferentes tipos de treino e foram acompanhadas por várias horas. O treino envolvia agachamento, supino, levantamento terra, remada, desenvolvimento e afundo feitos com 3x10 na intensidade subjetiva de 8-10 (escala de 0-10) e 90s de intervalo entre as series. Os resultados revelaram aumento de 12,5% no gasto energético de repouso após o treino e aumento do uso de gorduras! Para se ter ideia, antes do treino a estimativa é que, da energia gasta, 80,81% viria da gordura e 19,19% do carboidrato. Mas após o treino isso mudou para 90,61% vindos da gordura e apenas 9,39% dos carboidratos!!! Isso reforça que muitas vezes olhamos para a coisa errada quando pensamos em emagrecer. Muita gente acha que simplesmente queimar calorias ou gordura DURANTE o treino é o segredo e esquece de pensar o que acontece com seu organismo após o exercício.
Inclusive pude expor essa visão que venho defendendo há anos, que popularizei com o lançamento do meu livro, para vários veículos de mídia internacionais, desde Reuters e BBC até o JAMA! Para quem quiser saber mais, recomendo o livro "Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas" (pode ser adquirido em www.paulogentil.com/livros) e as aulas que poderão ser vistos em www.paulogentil.com.
Bora pensar fora da caixa!
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Allman BR, Morrissey MC, Kim JS, Panton LB, Contreras RJ, Hickner RC, Ormsbee MJ. Fat metabolism and acute resistance exercise in trained women . J Appl Physiol 126: 739 –745, 2019

JA OUVIU FALAR EM LEPTINA?

A palavra leptina vem do grego leptos, que significa "magro".
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A leptina é um hormônio protéico produzido pelo tecido adiposo (local onde a gordura é armazenada), e quando lançada na corrente sanguínea chega ao cérebro e age especificamente no hipotálamo inibindo a fome.
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Fazendo uma analogia, a leptina funciona como a imagem em destaque, no caso, o Tom seria a comida e o cão seria fome. O Tom está provocando o cão (o que muitas vezes as comidas deliciosas fazem com a gente kk).
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O que impede o cão de atacar o Tom é a corda onde ele está preso. A leptina funciona da mesma forma, ou seja, ela age como uma corda inibindo a fome e com isso você não ataca à comida.
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"Mas professor, se a leptina é produzida no tecido adiposo, então quanto maior a quantidade de gordura maior a produção de leptina, Correto!?"
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Sim! Aliás, indivíduos obesos produzem 4 vezes mais leptina em comparação com indivíduos magros.
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"Então se uma pessoa obesa produz mais leptina, consequentemente não era pra ela ter uma menor sensação de fome?" ...
Sim! Isso era esperado.
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Contudo, parece que esse paradoxo observado em obesos é por uma falha nos receptores da leptina no hipotálamo, onde ela acaba não exercendo sua função, mecanismo parececido com a resistência à insulina observado no diabetes tipo 2.
Mutações em ratos ou em seres humanos que levam à incapacidade de produzir leptina ou que geram receptores defeituosos no hipotálamo, podem levar a hiperfagia (aumento do apetite) e obesidade.
Lembrando que a leptina tem outras funções, como por exemplo, aumenta o metabolismo, o gasto energético e a atividade simpática, inibi a secreção de insulina, dentre outras.
@personal_edmarlima
@fisiologia_analoga
Referências:
HALL, John E. Guyton e Hall tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2017.
GENTIL, Paulo. Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas. Rio de Janeiro: Spring, 2011.
MCARDLE, Wiliam; KATCH, Frank; KATCH, Victor. Fisiologia do exércicio: nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

EXERCÍCIO É REMEDIO PARA DISTROFIA

Quando posto sobre os benefícios do exercício, surgem as perguntas... será que esse negócio é bom para tudo e para todos? Existe algum caso em que exercício é contraindicado?
Um dos campos em que isso é bem discutido é a distrofia! Esse grupo de doenças envolve a perda da funcionalidade da distrofina, envolvida com a integridade da fibra muscular e, como resultado há grande perda de massa muscular e de funcionalidade. O exercício não faz parte do tratamento padrão e há inclusive discussão sobre sua viabilidade, já que, como o músculo sofreria mais danos e se recuperaria menos, o exercício poderia piorar o quadro clínico.
Portanto, para ser viável, seria necessário treinar minimizando os danos às fibras! Quem lembra do meu livro e aulas sobre Hipertrofia lembra que a história de que deve haver microlesões para o músculo se adaptar é mito e existem várias formas de treinar e ter resultados sem as lesões, como é o caso das ações isométricas (vejam livros e aulas em www.paulogentil.com). Para testar se isso, Lindsay et al. (2019) usaram ações isométricas em ratos com distrofia e os resultados foram muito interessantes! Houve aumento de força logo na primeira semana! Melhor ainda, houve redução na fibrose e aumento da quantidade de células satélites, sugerindo melhor recuperação! Também houve aumento na área do músculos. Ou seja, o exercício ajudou a controlar problemas associados à doença! Resultados tão promissores que já foram iniciados seus estudos com humanos!!
Sei que poucos aqui vão se deparar com a distrofia e as curtidas serão muito menores do que se o texto falasse de “shape”. Mas esse é o tipo de conhecimento que precisa ser compartilhado para que as pessoas entendam que o exercício pode ajudar a melhorar a vidas em vários campos. A questão parece ser muito mais “como fazer” do que “se fazer”. O uso do exercício na Saúde é um campo fascinante, mas que necessita de um amplo conhecimento para que consigamos bons resultados e com segurança! Errar na prescrição de uma pessoa doente é bem diferente de passar um treino ruim para quem quer estética. A responsabilidade é maior, mas o retorno compensa demais, vai por mim! Bora mudar vidas!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Lindsay A, Larson AA, Verma M, Ervasti JM, Lowe DA. Isometric resistance training increases strength and alters histopathology of dystrophin-deficient mouse skeletal muscle. J Appl Physiol (1985). 2019 Feb 1;126(2):363-375. doi: 10.1152/japplphysiol.00948.2018.

GANHE MAIS TREINANDO MENOS

O “quanto mais, melhor” está presente de maneira muito forte no treinamento, desde as pessoas que buscam estética até os atletas que buscam melhorar seu desempenho. No entanto, no caso dos últimos, o excesso pode ter implicações um pouco piores, já que poderá comprometer seu desempenho e até mesmo provocar lesões. Tanto um quanto outro podem ser fatais para a carreira de um competidor. No entanto, mesmo nos esportes de resistência, a qualidade parece ser mais importante que a quantidade. Para dar um exemplo, trago um estudo com triatletas. Nele, os competidores foram divididos em um grupo que mantinha o treino habitual e um que passaria a se dedicar aos treinos intervalados de alta intensidade (popularmente chamados HIIT) por 4 semanas (Mallol et al. 2019). .
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O grupo de HIIT reduziu seu volume em 43% (ou seja, passou a treinar quase metade) e passou a fazer sessões de HIIT no laboratório. Os treinos eram realizados apenas duas vezes na semana, na bicicleta, envolvendo uma mistura de HIIT longos e curtos com intensidade entre 95 e 115% da intensidade equivalente ao consumo máximo de oxigênio.
Ao final, o consumo máximo de oxigênio (VO2max) e a potência no primeiro e no segundo limiar ventilatório aumentaram apenas em que fez HIIT! Apesar de não haver melhoras diretas nos testes de corrida e ciclismo, houve redução na performance de quem manteve o volume! Desse modo, os resultados sugerem um potencial benefício do HIIT que, além de tudo, vai tomar menos tempo e envolver menor volume de treino.
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Isso pode ser bacana tanto para quem trabalha com atletas, quanto para os amadores que desejam melhorar seu desempenho e precisam conciliar sues treinos com as atividades do dia a dia! Quem se interessa pelo tema, depois confere as aulas sobre HIIT e sobre musculação para corredores em www.aulas.paulogentil.com, com certeza vão conseguir melhorar o desempenho de muita gente com treinos de mais qualidade e menos quantidade!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Mallol M, Bentley DJ, Norton L, Norton K, Mejuto G, Yanci J. Comparison of Reduced-Volume High-Intensity Interval Training and High-Volume Training on Endurance Performance in Triathletes. Int J Sports Physiol Perform. 2019 Feb 1;14(2):239-245. doi: 10.1123/ijspp.2018-0359. Epub 2019 Jan 2.

SABE O QUE É GH?

O hormônio do crescimento ou como é conhecido popularmente pela sigla GH (growth hormone) é um hormônio formado por 191 aminoácidos e portanto classificado como um hormônio protéico. O GH também é conhecido como somatotropina.
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Esse hormônio é secretado pela hipófise (glândula que fica no cérebro), mais precisamente pela hipófise anterior em resposta ao hipotálamo.
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Vários fatores estimulam a secreção do GH, como por exemplo, o sono profundo, jejum, grelina, estresse, exercício intenso, dentre outros. O Gh estimula à secreção de IGF1 no fígado. O IGF1 atua como mediador de muitas ações do GH.
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O GH exerce inúmeras funções no nosso organismo, como por exemplo, aumenta a síntese de proteínas na maiorias das células, estimula à lipólise, reduz a utilização de glicose, estimula o crescimento ósseo, etc.
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"Então esse hormônio é a chave da beleza, pois além de aumentar a síntese protéica ele também aumenta a queima de gordura!?"
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Calma, não é bem assim! Parece que esse aumento da síntese protéica não é acompanhado por ganhos de força, sugerindo o aumento de proteínas não-contráteis, como por exemplo o colágeno. Sem falar na retenção hídrica que leva o aumento da massa livre de gordura.
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Além disso, o GH em excesso pode ocasionar alguns problemas, como diabetes, sindrome do túnel do carpo, acromegalia (crescimento das mãos, pés, orelhas, protusão da mandíbula inferior), gigantismo, dentre outras.
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Lembrando que a falta do GH antes da fusão das epífises pode ocasionar em nanismo. Contudo, existe alguns casos paradoxais, como por exemplo, os pigmeus africanos que apresentam concentrações normais ou até mesmo elevadas de GH e mesmo assim portam o nanismo.
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Assim, o GH é extremamente importante para o nosso organismo, mas sempre em equilíbrio, caso contrário pode trazer vários problemas.
@personal_edmarlima
@fisiologia_analoga
Referências:
HALL, John E. Guyton e Hall tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2017.
GENTIL, P. Bases cientificas do treinamento de hipertrofia. 5 ed. Rio de Janeiro, 2014.
MCARDLE, Wiliam; KATCH, Frank; KATCH, Victor. Fisiologia do exércicio: nutrição, energia e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.