domingo, 4 de setembro de 2011

EXERCÍCIOS ESPORÁDICOS

EXERCÍCIOS ESPORÁDICOS SÃO RISCO PARA A SAÚDE

Uma conclusão controversa é que pode parecer melhor não se exercitar a fazer exercícios físicos esporadicamente. Sabemos que o exercício físico praticado uma vez por semana pode ser o gatilho de eventos cardíacos. O mesmo risco pode ocorrer nas atividades físicas intensas de quem tem histórico prévio de doenças cardíacas. “Se a pessoa tiver um acompanhamento médico e realizar exames regularmente, o exercício não é prejudicial, mesmo se praticado só de vez em quando”, afirma Dr. Nabil Ghorayeb, chefe da Seção Médica de Cardiologia do Exercício e do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Mas, e quanto ao aumento de quase três vezes nos riscos de se ter um ataque cardíaco? O cardiologista explica: “Cientificamente, é um aumento significativo, mas estatisticamente, não. Em outra pesquisa, realizada com seis milhões de membros de academia durante dois anos, 66 pessoas morreram, sendo que, desse total, 70% exercitava-se somente uma vez por semana”, exemplifica Nabil. Portanto, ainda não é nenhum valor que preocupe, embora seja melhor ficar de fora dessa estatística.
O respeito aos limites é algo que deve ser sempre lembrado na hora de praticar qualquer atividade física. O especialista faz um alerta para aqueles que ultrapassam os limites de segurança. “Se ao entrar numa academia e fazer a avaliação médica, o profissional recomendar que se faça 30 minutos de bicicleta três vezes por semana, a pessoa não pode decidir sem orientação começar uma aula de spinning para ver se consegue. Se ela não tiver condicionamento físico que suporte uma aula intensa como esta, problemas como falta de ar, desmaio e até parada cardíaca podem acontecer”, explica Nabil.
Então, para quem quiser iniciar atividades físicas depois dos 50 anos, a recomendação é a mesma: respeito aos limites, sempre com uma orientação médica. “Ao fazer uma avaliação médica antes de entrar em uma academia de ginástica, o médico precisará avaliar com cuidado os limites do paciente: pressão sanguínea, pulsação cardíaca, proibições e restrições. Para quem já passou dos 50 anos de idade, essa avaliação deve ser profunda e incluir um teste ergométrico feito por um especialista em cardiologia, e não por um educador físico ou fisioterapeuta. E deve ser feita regularmente, mesmo depois de já ter iniciado as atividades físicas. O check up não tem validade, não tem previsão. Qualquer doença que se tenha, mesmo que seja uma gripe, afeta o resultado”, finaliza.

NUTRIÇÃO E CANCER

NUTRIÇÃO E CÂNCER: POSSÍVEIS INTERVENÇÕES

A perda de peso é um dos sintomas clínicos mais marcantes em pacientes com câncer. Essa diminuição de peso corporal, principalmente de massa gorda (tecido adiposo branco) e de massa magra (tecido muscular esquelético), até a década de 80 era atribuída à anorexia (induzida por fatores produzidos pelo tumor) e ao aumento do gasto energético. No entanto, a administração de suplementos nutricionais enteral ou parenteralmente não reverte esses sintomas (Bruera & Sweeney, 2000), refutando, dessa forma, a hipótese de que a deficiência de nutrientes é o agente causador da caquexia associada ao câncer.
A síndrome da caquexia é um estado metabólico que apresenta como características, anorexia, perda de peso, astenia, anemia, anormalidades do metabolismo intermediário que incluem uma utilização incomum dos substratos energéticos pelo organismo, prejuízo na absorção intestinal, balanço nitrogenado e calórico negativos, degradação de proteínas teciduais, perda de água e eletrólitos e uma consequente degeneração do organismo do paciente (ARGILES et al, 1997; SEELAENDER et al., 1999). Durante o final da década de 80 e início da década de 90, a caquexia foi atualizada a partir de um novo prisma, formulando-se uma nova concepção da mesma, como uma síndrome inflamatória crônica. Atualmente, acredita-se que fatores produzidos pelo tumor e pelo hospedeiro induzem a anorexia e as alterações metabólicas que resultam neste quadro (Bruera & Sweeney, 2000; Tisdale, 2003). Acerca disto, diversos grupos de estudiosos vêm examinando diferentes estratégias nutricionais no intuito de averiguar os potenciais efeitos dos suplementos no tratamento desta síndrome em modelo animal e humano.
Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) são componentes essenciais da dieta humana, uma vez que as enzimas responsáveis pela síntese dos mesmos não são produzidas pelo nosso organismo. Precisamos ingeri-las (Mero 1999). Estes constituem cerca de 1/3 das proteínas musculares e apresentam em sua cadeia lateral uma estrutura ramificada, a qual confere aos BCAAs estrutura e função diferenciadas. Estudos conduzidos por Ventrucci et al (2001), examinaram os efeitos da suplementação com leucina (a 3%) em animais portadores do tumor de Walker-256 e realizaram ensaios com o músculo esquelético (gastrocnêmio) a fim de elucidar o mecanismo de catabolismo tecidual que ocorre durante o processo da caquexia. Conforme esperado, os grupos que portavam o tumor apresentaram aumento da taxa de proteólise muscular e redução da taxa de síntese protéica muscular. Porém, o "grupo portador do tumor e tratado com dieta rica em leucina" apresentou aumento da síntese protéica e menor taxa de proteólise muscular quando comparado com o "grupo tumor não tratado com leucina". Corroborando tais resultados, Gomes-Marcondes et al (2003) observaram que a suplementação com a mesma dosagem do aminoácido em animais portadores da doença retardou a taxa de crescimento do tumor e preservou o conteúdo de miosina muscular em relação ao grupo portador que não foi suplementado com a substância. Os autores especularam que a leucina pode ter ação direta e/ou indireta sobre mecanismos que controlam estimulando a síntese e/ou inibindo o processo de oxidação protéica no músculo esquelético.
Em outro estudo, Eley et al (2007) examinaram os efeitos do tumor MAC 16 em camundongos, sobre a síntese protéica na musculatura do gastrocnêmio, e o possível efeito protetor dos BCAAs (1g/kg de peso corporal). A suplementação com BCAA causou uma supressão significativa na perda de peso corporal em ratos caquéticos, preservando significativamente o peso do músculo esquelético, através do aumento na síntese protéica e diminuição da degradação.
Em seres humanos, encontra-se um cenário ainda controverso. Por exemplo, McNurlan et al. (1994), observaram em pacientes portadores de tumor colorretal, que a infusão de uma solução nutriente intravenosa induz maior aumento na síntese protéica muscular esquelética e tumoral do que a infusão da mesma mistura enriquecida com BCAAs. Por outro lado, Biolo et al. (2006), estudando pacientes portadores de câncer colorretal e cervical, observaram que a infusão de uma mistura isonitrogenada, porém enriquecida em aminoácidos de cadeia ramificada, oferece benefícios adicionais sobre a síntese protéica muscular, observação que foi corroborada em um recente estudo conduzido por Sun et al. (2008), porém em pacientes desnutridos portadores de câncer gastrointestinal.
Coletivamente, estes dados sugerem benefícios da suplementação de aminoácidos sobre a síntese protéica muscular, também em humanos. Entretanto, a diversidade de concentração nas doses utilizadas, e dos diferentes tipos de câncer estudados, dificultam conclusões definitivas sobre o tópico.


REFERÊNCIAS:
BRUERA E SWEENEY C. Cachexia And Asthenia In Cancer Patients. Lancet Oncol. 1:138-47. 2000 Nov.
TISDALE MJ. Pathogenesis Of Cancer Cachexia. J Support Oncol. 1(3):159-68. 2003 Sep-Oct.
MERO A. Leucine supplementation and intensive training. Sports Med. 27(6):347-58. 1999 Jun.
VENTRUCCI G., MELLO MA., GOMES-MARCONDES MC. Effect of a leucine-supplemented diet on body composition changes in pregnant rats bearing Walker 256 tumor. Braz J Med Biol Res. 34(3):333-8. 2001.
GOMES-MARCONDES MC., VENTRUCCI G., TOLEDO MT., CURY L., COOPER JC. A leucine-supplemented diet improved protein content of skeletal muscle in young tumor-bearing rats. Braz J Med Biol Res. 2003. 36(11):1589-94. Epub 2003 Oct 22. ELEY HL., RUSSEL ST., TISDALE MJ., Effect of branched-chain amino acids on muscle atrophy in cancer cachexia. Biochem J. 407(1):113-20. 2007.
MCNURLAN MA., HEYS SD., PARK KG., BROOM J., BROWN DS., EREMIN O., GARLICK PJ., Tumour and host tissue responses to branched-chain amino acid supplementation of patients with cancer. Clin Sci (Lond). 86(3):339-45. Mar 1994.
BIOLO G., DE CICCO M., DAL MAS V., LORENZON S., ANTONIONE R., CIOCCHI B., BARAZZONI R., ZANETTI M., DORE F., GUARNIERI G. Response of muscle protein and glutamine kinetics to branched-chain-enriched amino acids in intensive care patients after radical cancer surgery. Nutrition. 22(5):475-82. May 2006.
SUN LC., SHIH YL., LU CY., HSIEH JS., CHUANG JF., CHEN FM., MA CJ., WANG JY. Randomized, controlled study of branched chain amino acid-enriched total parenteral nutrition in malnourished patients with gastrointestinal cancer undergoing surgery. Am Surg. 74(3):237-42. 2008 Mar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PROTEJA SE CÉREBRO E SEU CORAÇÃO

PROTEJA SEU CÉREBRO E SEU

CORAÇÃO

Para alguns pode parecer estranho imaginar que o que entra pela nossa boca produza algum efeito nos nossos cérebros. Contudo, pesquisas recentes vêm mostrando que até desordens psiquiátricas, como a depressão, os transtornos bipolares e a esquizofrenia, estão de alguma forma ligadas às deficiências nutricionais.
O mesmo se dá com aqueles que lutam contra a perda da memória, com a doença de Alzheimer ou com uma simples ansiedade ou tristeza. Nutrientes envolvidos com um bom desempenho mental incluem as vitaminas do complexo B e os ácidos graxos ômega-3. Estes e outros nutrientes melhoram também o funcionamento do nosso coração, tão requisitado durante nossos treinos.
Vitaminas do complexo B - Estas vitaminas fazem parte das enzimas que proporcionam o uso dos carboidratos, proteínas e lipídios que utilizamos para correr e também para pensar. Todas as vitaminas do complexo B são solúveis em água, assim ingerir mega suplementos não proporcionará nenhum efeito benéfico e ainda sairá caro, já que todo o excesso será eliminado através da urina.
Por isto, a dieta deve conter fontes dos alimentos ricos nas diversas vitaminas do complexo B diariamente. Os alimentos mais ricos nestas vitaminas são vegetais de folhas verde-escuras, cereais integrais, frutas e carnes magras. Como não existe um alimento perfeito, o ideal é que nossa alimentação seja bastante diversificada durante a semana para que nenhum nutriente fique em falta. Ou seja, não vale salada de alface com tomate a semana inteira. Um dia alface, no outro brócolis, no outro couve, no outro rúcula e assim por diante. Do mesmo modo para as frutas. Banana e maçã não são as únicas frutas do mundo, certo?
Mais ômega-3 - Os ácidos graxos ômega-3 são classificados em três famílias: o ácido eicosapentaenóico (EPA), docosaexaenóico (DHA) e alfa-linolênico (ALA). Este último é encontrado no óleo de canola, linhaça, nozes e é transformado no organismo nos ácidos graxos DHA e EPA, que também vêm dos peixes. O consumo de ômega-3 já foi mais abundante na dieta dos seres humanos, porém após o século 20 a proporção de ômega-3 para ômega-6 se reduziu muito, causando um desequilíbrio em nosso corpo.
A principal causa deste desequilíbrio é o consumo exagerado de óleos ricos em ômega-6, como os de milho e de soja, e os alimentos processados feitos com os mesmos. Já o ômega-3 presente especialmente nos peixes de águas salgadas e frias e no óleo de linhaça são bastante negligenciados e algumas pessoas passam vários meses ou até anos sem consumir fontes deste nutriente.
Como estes compostos são fundamentais para a estabilização de membranas do tecido nervoso, sua deficiência pode causar menor comunicação entre as células e menor troca de informações. Baixos níveis de DHA, por exemplo, têm sido ligados à depressão, às desordens de déficit de atenção, esquizofrenia, autismo e dificuldades de aprendizado, além de mau humor, já que o ômega-3 tem um papel no aumento dos níveis do hormônio antidepressivo, a serotonina.
Outros estudos mostram que a ingestão adequada de ômega-3 reduz a incidência de doenças que vão de infarto a doença de Alzheimer. Isto se dá porque o lipídio diminui a inflamação, que está associada com doenças degenerativas. Os ácidos graxos ômega-3 também têm um efeito benéfico em pessoas com doenças cardiovasculares pré-existentes.
Uma porção de peixes semanalmente pode diminuir o risco de ataques cardíacos fatais em aproximadamente 40%. Para a população em geral, duas porções de peixes ricos em DHA e EPA semanalmente são recomendadas como parte de uma dieta saudável.
Soja, fundamental - Este alimento é fonte de nutrientes fundamentais para nossa performance atlética e para nossa qualidade de vida em geral. Proteínas, fibras e isoflavonas estão presentes na soja, que hoje em dia pode ser consumida de diversas maneiras, como sucos, iogurtes, molhos, bolos ou pães.
As isoflavonas são os nutrientes que diferenciam a soja de outros produtos. As mesmas têm a capacidade de reduzir o colesterol ruim e os triglicerídeos no sangue, além de serem benéficas ao atleta por suas propriedades antioxidantes, que combatem os radicais livres e ainda nos protegem contra a aterosclerose. Para as mulheres, as isoflavonas da soja também são um aliado e tanto no alívio dos sintomas da menopausa.
Chá verde, 5 xícaras? A bebida está na moda e é rica em polifenóis, compostos que diminuem o risco de doenças cardiovasculares por protegerem nossas artérias. Porém para que o chá faça efeito o consumo deve ser de cerca de 5 xícaras ao dia.
Prebióticos e probióticos - Os prebióticos são carboidratos complexos que funcionam como o principal alimento das bactérias benéficas (probióticos) do nosso intestino. Os prebióticos estimulam a proliferação destas bactérias, induzindo efeitos favoráveis à nossa saúde, uma vez que aumentam o número de evacuações semanais, eliminando as toxinas presentes no trato digestivo. Fontes de prebióticos incluem cebola, tomate, centeio, alho, banana, aspargo, alcachofra e mel.
Os probióticos são os microorganismos vivos que, juntamente com as fibras, atuam promovendo o equilíbrio da flora intestinal. Este equilíbrio acarreta um controle do colesterol e da pressão arterial, a ativação da imunidade, a redução diarréica e da formação de gases e a diminuição do risco de desenvolvimento de câncer. Os probióticos podem ser encontrados em leites fermentados, em iogurtes e em suplementos nutricionais.
Até a próxima!
Andreia Torres
Nutricionista
CRN 1685 - 1