sexta-feira, 22 de novembro de 2019

PAPAI CRIOU O ALIMENTO E O SATANAS O SHAKE? KKKK

felipenassau - Na prática, o shake é:
1. De um lado, alguém achando que vai ficar rico e fica tentando te empurrar as maravilhas do shake, receita de pudim de shake e shake sabor bacon. Na verdade, quem fica rico mesmo é alguém uns 10 degraus acima dele na pirâmide. Ele mesmo, só investe uma bolada nos produtos e costuma sair no prejuízo depois.
2. Do outro lado, alguém que não tem o mínimo de controle pra montar um prato saudável.
E aí vem um contrato onde, “já que você não sabe o que comer, você não come mais nada e troca suas refeições horrorosas que somam 3500Kcal/dia por um shake nutricionalmente horroroso que vai te fornecer 1300kcal/dia.”
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Eu não ligo pros documentos mostrando danos hepáticos e neurológicos por causa do maldito shake. O que importa você assinar um atestado de incompetência de forma tão fácil. E que não importa quanto você emagreça com o shake da fome. O que importa é que você não mexeu na raiz do problema. Você não aprendeu a comer. É tipo você tentar aprender a jogar futebol pelo vídeo game. Não dá. Você aprende a comer lasanha ou pizza 1x/semana sem exagero, fazendo isso 1x/semana em exagero. Você aprende a montar um prato saudável montando um prato saudável. Você aprende a levar banana pro seu trabalho pra não comer pastel levando a banana e não comendo o maldito pastel. Adivinha o que vai acontecer quando passar a fase do shake?
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E sim... eu entendo que muita das vezes você está cansado ou não organizou o seu jantar... muitas vezes monto jantar o qualquer refeição alternativa misturando um suplemento de proteína, frutas, aveia, açaí... como estratégia para melhorar a adesão e cumprir um cálculo semelhante ao original. É óbvio que um prato de arroz, feijão, peito de frango, azeite e salada é mais nutritivo que uma vitamina. Eu apenas estou assumindo que isso é bem melhor que comer pizza da sadia.
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Estudos mostram que shakes emagrecem menos e a explicação é que a adesão é baixa por causa da fome de zumbi. Mas tem os que persistem. Esses podem acabar nas outras estatísticas que falei acima.
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(Dica da Paulo Gentil: quer perder peso? Procure um nutricionista e um profissional de Educação Física)
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#teamcerebro

QUEM FAZ EXERCÍCIO VIVE MAIS

O estudo de Kraus et al. (2019) envolveu acompanhamentos de até 20 anos e total de 3,9 milhões de pessoas! Nele, se confirma que fazer atividade física previne a morte por causas gerais e por doenças cardiovasculares. Para quem alega falta de tempo diante da recomendação de fazer 150-300min semanais de atividade moderadas, esse estudo revela que os benefícios acontecem de maneira dose-dependente a partir do zero. Ou seja, a partir do momento que você sai do sedentarismo, já começa a ter resultado, o que derruba um mito de que haja um mínimo a ser feito. Outro ponto interessante é que mesmo que se faça exercícios apenas final de semana (o atleta de final de semana) os benefícios são visíveis e inquestionáveis, com diminuições da mortalidade na casa dos 30%, equivalentes a quem faz em intervalos regulares. Portanto, você já vai viver mais fazendo pouco e poucos dias da semana! Teve um ponto interessante também é que algumas análises revelaram que a intensidade gerou mais redução na mortalidade do que o volume, ou seja, quem anda mais rápido morre menos do que quem anda muito. Nesse ponto, convido para que assistam a aula no #nerdflix “Como se exercitar (e ter resultados) em pouco tempo e com poucos recursos” na qual mostro como ter ótimos resultados com treinos curtos e simples.
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Para mim, esse estudo traz uma mensagem muito importante para os que alegam falta de tempo e também para os acham não valer a pena pagar um personal ou uma academia para ir apenas uma ou duas vezes por semana, por alguns minutos. A questão é que esse valor pode parecer alto se você considerar os poucos minutos que passa lá, mas você não deveria calcular isso como um “aluguel” e sim como um investimento absurdamente baixo se pensar no que ganha de saúde. Afinal, esse investimento pode reduzir sua chance de morrer em 34% e aumentar a sua expectativa de vida em 5 anos! Imagina onde você estava há cinco anos... imagina mesmo! Agora pensa que tudo que você viveu de lá até hoje poderia ser perdido devido ao sedentarismo. Ficou barato, né?
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Vamos espalhar a mensagem e marcar quem precisa saber, seja para se conscientizar, seja para saber que está no caminho certo!
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Kraus WE, Powell KE, Haskell WL, Janz KF, Campbell WW, Jakicic JM, Troiano RP, Sprow K, Torres A, Piercy KL; 2018 PHYSICAL ACTIVITY GUIDELINES ADVISORY COMMITTEE*. Physical Activity, All-Cause and Cardiovascular Mortality, and Cardiovascular Disease. Med Sci Sports Exerc. 2019 Jun;51(6):1270-1281. doi: 10.1249/MSS.0000000000001939.

CORREÇÃO DE ASSIMETRIAS

Em geral, os membros que usamos mais demonstram melhor desempenho, mais massa muscular e menos gordura em relação ao não dominante. Isso, no entanto, se agrava ]em casos de lesões ou em períodos pós operatórios. Por um motivo ou por outro, é importante saber como intervir. Antes de manifestar minha sugestão, acho interessante trazer um estudo de Gonzalo-Skok et al. (2019). Nele, jogadores de futebol jovens realizaram um treino de agachamento unilateral (2 séries por semana) sob 3 perspectivas: iniciar com a perna forte e fazer volumes iguais para ambas as pernas, iniciar com a perna fraca e fazer volume iguais ou iniciar com a perna fraca e fazer o dobro de volume com ela. O treino foi com ações concêntricas na máxima velocidade e excêntricas máximas. Após 10 semanas, os ganhos na perna fraca só foram significativos nos que iniciaram os treinos com ela e apenas o treino com o dobro volume iniciando com a perna fraca reduziu a assimetria no salto triplo unilateral. Quando se comparou os grupos, foi verificado que, quando se treina com o mesmo volume, iniciar com a perna fraca trouxe maiores reduções na assimetria comparado a iniciar com a perna forte.
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Como todos os treinos foram com esforços máximos, a perspectiva desse estudo seria que ao treinar máximo com a perna forte e fraca, o recomendado seria iniciar com a perna fraca. Além disso, há sugestão que uma maior dose para perna fraca pode ajudar a corrigir assimetrias. Mas é importante notar que dose de treino estava muito baixa (2 séries por semana), portanto, o aumentar do volume trouxe vantagens. Então tome cuidado para que o aumento de dose não coloque um dos lados em excesso de treino e isso o faça ter resultados piores, ok? Para saber sobre dose, dá uma olhada no #nerdflix (link no perfil).
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Então a sugestão é: iniciar os treinos com o lado mais fraco e dar uma dose ótima para ele enquanto o lado forte recebe uma dose subótima. Essa dose ótima por ser um lado treinar com esforço maior (por exemplo, se você usar a mesma carga para ambos, a perna fraca fará mais esforço que a forte) ou com maior volume (colocar os dois para treinar máximo e usar um volume menor para o lado forte).
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Gonzalo-Skok O, Moreno-Azze A, Arjol-Serrano JL, Tous-Fajardo J, Bishop C. A Comparison of 3 Different Unilateral Strength Training Strategies to Enhance Jumping Performance and Decrease Interlimb Asymmetries in Soccer Players. Int J Sports Physiol Perform. 2019 Sep 6:1256-1264. doi: 10.1123/ijspp.2018-0920. [Epub ahead of print]
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REAL EFEITO DE VARIAR OS EXERCÍCIOS

Quando se realiza um exercício repetidamente, a incidência de microlesões é diminuída, o chamado efeito da carga repetida. Apesar disso ser importante para prevenir desconfortos e prejuízos na performance, há a possibilidade dessa acomodação ser uma das responsáveis pela diminuição dos resultados em pessoas treinadas, pois as microlesões são um dos fatores (não o único e tampouco o mais importante) associados aos resultados obtidos com um programa de treinamento. Para contornar essa adaptação, é comum vermos pessoas variando os exercícios com a crença que isso gere uma “confusão muscular” e, assim, haja maior ocorrência de microlesões nos músculos treinados.
Em estudo com homens jovens do grupo de Zourdos, os participantes realizavam 5 séries de 6 repetições de bíceps no banco inclinado e, após 7 dias, um grupo realizava o mesmo exercício e o outro realizava bíceps no banco Scott, também com 5 séries de 6 repetições. Os marcadores de dano muscular, avaliados, por 4 dias após a sessão não revelaram diferenças entre os grupos. Ou seja, não parece houve diferença no efeito protetor da carga entre fazer os dois tipos de exercício.
Esses resultados sugerem que variar exercício não parece confundir o músculo, sendo muito mais uma questão de motivação ou praticidade do que necessariamente uma forma diferente de trabalhar os músculos. É importante ressaltar no entanto, que tais resultados foram obtidos com os exercícios de isolamento de flexão do cotovelo e seria importante fazer análises em movimentos multi articulares para expandir tais observações. De qualquer forma, isso pode servir para ajudar as pessoas que fazem trocentas variações de exercícios de bíceps e tríceps, acreditando que isso fará algo mágico pelo músculo.
(Paulo Gentil)
Zourdos MC, Henning PC, Jo E, Khamoui AV, Lee SR, Park YM, Naimo M, Panton LB, Nosaka K, Kim JS. Repeated Bout Effect in Muscle-Specific Exercise Variations. J Strength Cond Res. 2015 Aug;29(8):2270-6.

TE MANDOU TOMAR CALCIO PARA A OSTEOPOROSE, SÓ?

 A necessidade de cálcio (CA) aumenta na osteoporose. Mas aumentar o cálcio não resolve nada. Primeiro, entenda: precisamos de uma matriz colágena que forma uma espécie de rede onde o CA, magnésio (MG) e o fósforo vão se depositar. Para ser possível formar colágeno, devemos consumir silício, vitamina C e vitaminas do complexo B, e óbvio, proteínas de boa qualidade, ou seja, carnes, cereais integrais, leguminosas, vegetais e frutas
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Para uma boa absorção do CA no intestino e uma boa calcificação do osso, precisamos de MG e vitamina D e K. Ou seja, vegetais, oleaginosas, cereais integrais e exposição adequada ao sol. Sem esses, aumentamos a probabilidade de calcificações indevidas, como arteriosclerose, placas ateroscleróticas, cálculos renais e na vesícula biliar.
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Precisamos também de um bom equilíbrio entre a testosterona e estrógenos, então a atenção deve ser aumentada na menopausa. Amanhã falo de testosterona. Vai ter que fazer exercício direito e dormir direito. No caso da androgenia, o abacate pode ser útil e reguladores de estrogenia, como os compostos da laranja e da tangerina já mostraram efeitos legais em animais. Nessa lógica, os sulfurados do brócolis e couve também podem ser úteis, além de serem fontes de cálcio e magnésio
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Também é importante minimizar a perda óssea. As células que desmineralizam o osso, os osteoclastos, são macrófagos (céls imunes) adaptados ao osso e quanto mais inflamação, mais atividade delas, logo, eliminar as porcarias da dieta, açúcar, álcool e cuidar do intestino é bem-vindo.
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E não adianta nada ter todo esse quadro controlado se você não impuser impacto ou tração ao osso. Sem isso, não há estímulo para formação de novas redes colágenas. Musculação com progressão para cargas mais altas continua sendo o mais indicado, apesar de saltos com progressão de impacto também serem úteis, desde que dose o risco. Ou seja, musculação intensa ainda é mais seguro.
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E você tem o direito de não fazer tudo isso e reclamar da vida. Desde que não seja pra mim...
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Se você não quer ser um velho resmungão, agende pelo link da bio ou whats (61)992.325.795.
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Um abraço forte, tenro e denso
(FELIPE NASSAU)

EXERCÍCIO É VACINA CONTRA A DIABETES

A diabetes é uma das principais causas de morte e incapacidade no Mundo! Com ela aumenta-se o risco de doenças cardíacas, cegueira, amputações, problemas renais e outros. Aqui no Brasil o problema é gravíssimo, pois temos a quarta maior população de diabéticos do Mundo e estima-se que mais da metade da população adulta tem problema para controlar sua glicemia. O diabetes tipo 1, na qual o pâncreas não produz insulina adequadamente, normalmente tem pouca influência ambiental, mas o diabetes tipo 2, no qual a insulina é produzida mas não funciona adequadamente, tem muita associação
com maus hábitos! Considerando que 90-95% dos casos de diabetes são tipo 2, a mudança de hábitos poderia prevenir muito sofrimento e salvar muitas vidas!
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Nesse sentido, Knowler et al. (2002) dividiram 3.234 pessoas com níveis elevados de glicose (mas ainda não diabéticos) em 3 grupos: 1) orientação padrão e placebo, 2) orientação padrão e remédio (começou com 850mg e passou para 1700mg de metformina) e 3) programa intensivo de mudança comportamental. O programa padrão envolvia materiais escritos e encontros anuais de 20-30 minutos para estimular a adoção de hábitos saudáveis, como as cartilhas sobre cuidados alimentares. Já as mudanças comportamentais intensivas envolviam 16 aulas individualizadas nos primeiros 6 meses, que depois eram mantidas mensalmente. Além disso, havia orientações para perda de peso e realização de pelo menos 150 minutos semanas de atividade física.
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Em média, as pessoas foram acompanhadas por 2,8 anos e, ao final, os resultados revelaram que administrar remédio preveniu 31% dos casos de diabetes em relação ao placebo, já as mudanças comportamentais reduziram em 58%!! Ou seja, caiu para menos da metade! Tem noção disso? Isso sugere que, se as pessoas fossem adequadamente orientadas, poderíamos prevenir milhões de casos de diabetes e, com isso, evitar tantos e tantos casos de cegueira, amputação, falência renal e doenças cardíacas que as acompanham. Então vamos aproveitar para propagar essa informação e fiquem de olho nos mutirões que ocorrerão em novembro em várias cidades. Em Goiânia, iremos participar ativamente!! Info por Direct 😉.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Knowler WC, Barrett-Connor E, Fowler SE, Hamman RF, Lachin JM, Walker EA, Nathan DM; Diabetes Prevention Program Research Group. Reduction in the incidence of type 2 diabetes with lifestyle intervention or metformin. N Engl J Med. 2002 Feb 7;346(6):393-403.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

DAR TIROS NA BICICLETA AJUDA A DIMINUIR A DEPRESSAO

O papel do exercício no controle de transtornos de humor vem sendo cada vez mais reconhecido, no entanto, ainda se sabe pouco sobre como cada tipo de atividade atua. Por exemplo, será que as atividades de alta intensidade, como o treino intervalado, poderiam ajudar nesse sentido? Para estudar o tema, um estudo do nosso grupo (Viana et al., 2019) colocou 36 mulheres para fazer HIIT longo (4 tiros de 4min a 90% da frequência cardíaca máxima por 3min de intervalo a 60%) ou SIT (tiros máximos de 30s por 4min de intervalo leve ou passivo). Os treinos foram realizados 3xsemana em uma bicicleta por 8 semanas. Os traços de ansiedade e sintomas depressivos foram avaliados antes e após o estudo. As participantes eram mulheres jovens e não tinha diagnóstico clínico de ansiedade ou depressão, portanto, nossos estudo foi para ver se haveria redução nesses índices, o que poderia ser interessante para prevenir a ocorrência de problemas ou mesmo para melhorar o estado geral de humor delas.
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Ao final, a ansiedade (traço e estado) não foi modificada em nenhum dos grupos. No entanto, os sintomas de depressão reduziram significativamente nos dois grupos! A média dos escores de depressão caiu 17,5% para quem fez HIIT e 28,6% para quem fez o SIT!! Melhor ainda, a quantidade de mulheres com níveis considerados adequados no escore de depressão dobrou com o estudo, pulando de 30,5 para 61,1%!
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Olha que legal. A mulheres são mais suscetíveis aos transtornos de humor (Albert, 2015), o que costuma gerar muito sofrimento individual e comportamentos potencialmente perigosos. Dentre as diversas formas de ajuda-las, temos também a prática do treino intervalado e, o que é melhor, esse tratamento que tem como efeito colateral o ganho de capacidade cardiorrespiratória e a perda de gordura! Então, vamos aos treinos para uma vida melhor, em todos seus aspectos!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Albert P. Why is depression more prevalent in women? J Psychiatry Neurosci. 2015 Jul; 40(4): 219–221. doi: 10.1503/jpn.150205
Viana RB, Gentil P, Naves JPA, Rebelo ACS, Santos DAT, Braga MAO, de Lira CAB. Interval Training Improves Depressive Symptoms But Not Anxious Symptoms in Healthy Women. Front Psychiatry. 2019 Sep 12;10:661. doi: 10.3389/fpsyt.2019.00661.

NÃO SE DIVIDE TREINOS DE MEMBROS INFERIORES

Você NÃO deve dividir os treinos de membros inferiores em “anterior”, “posterior” e “glúteos” ‘sob duas perspectivas: eficiência e segurança
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Sobre eficiência, é praticamente impossível isolar os músculos. Por exemplo, estudos mostram que o glúteo tem ativação igual ou maior que o quadríceps no agachamento (Caterisano et al. 2002, Bryanton et al. 2012). Além de chegar a hipertrofiar mais que o quadríceps com leg press e agachamento (Popov et al. 2006, Kubo et al. 2019). Sobre os posteriores, apesar das controvérsias sobre magnitude da hipertrofia, há evidências de elevada ativação no agachamento (Wilk et al. 1996) e de ganhos de força com leg press (Goncalves et al. 2019). Portanto, ao dividir o treino, se trabalhará mais de o previsto e haverá desequilíbrio entre estímulo e recuperação. Além dos problemas do excesso de dose deve-se lembrar que os processos anabólicos acontecem no descanso (olhe as aulas sobre o tema em https://aulas.paulogentil.com/).
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Sobre segurança, além de lesões musculotendineas devido ao excesso de dose e má recuperação, há os problemas articulares. No leg press, por exemplo, há quem ache que fazer com pé para cima o torna exercício de posteriores, o que é ilógico! Por mais que a altura dos pés mude ligeiramente o trabalho nas articulações do joelho e quadril, as modificações no trabalho muscular são irrelevantes. A mesma coisa vale para os “sumô” e afundos que por vezes se considera para posteriores ou glúteos, mas que envolvem forte extensão de joelhos (Hefzy et al. 1997, Zheng et al. 1998, Clark et al. 2012). Assim, se você fizer agachamento em um dia (para anteriores), leg press com pés altos em outro (para posteriores) e afundo no seguinte (para glúteo), trabalhará os mesmos músculos seguidamente e ainda promoverá desgaste articular. Nesse sentido, o excesso de uso é justamente uma as principais causas de problemas no joelho!!
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Agora, reflita, quantas pessoas você conhece que não prejudicando seus resultados e ainda estão se expondo a lesões por erros básicos? Não quero crucificar quem faça, pois errar é normal, mas insistir no erro depois de ser alertado, aí já é outra história...
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Bryanton MA, Kennedy MD, Carey JP, et al. Effect of Squat Depth and Barbell Load on Relative Muscular Effort in Squatting. J Strength Cond Res, 2012/07/17. (2012);
Caterisano A, Moss RF, Pellinger TK, et al. The effect of back squat depth on the EMG activity of 4 superficial hip and thigh muscles. J Strength Cond Res, 2002/08/14. (2002); 16: 428–432.
Clark DR, Lambert MI, Hunter AM. Muscle activation in the loaded free barbell squat: A brief review. J. Strength Cond. Res. 2012 pp. 1169–1178.
Goncalves A, Gentil P, Steele J, et al. Comparison of single- and multi-joint lower body resistance training upon strength increases in recreationally active males and females: a within-participant unilateral training study. Eur. J. Transl. Myol. (2019); 29: 304–308.
Hefzy MS, al Khazim M, Harrison L. Co-activation of the hamstrings and quadriceps during the lunge exercise. Biomed. Sci. Instrum. (1997); 33: 360–5.
Kubo K, Ikebukuro T, Yata H. Effects of squat training with different depths on lower limb muscle volumes. Eur. J. Appl. Physiol. (2019); 119: 1933–1942.
Popov D V., Tsvirkun D V, Netreba AI, et al. Hormonal adaptation determines the increase in muscle mass and strength during low-intensity strength training without relaxation. Hum. Physiol. (2006); 32: 121–7. Nauka/Interperiodica.
Wilk KE, Escamilla RF, Fleisig GS, et al. A comparison of tibiofemoral joint forces and electromyographic activity during open and closed kinetic chain exercises. Am J Sport. Med, 1996/07/01. (1996); 24: 518–527.
Zheng N, Fleisig GS, Escamilla RF, et al. An analytical model of the knee for estimation of internal forces during exercise. J Biomech, 1998/12/05. (1998); 31: 963–967.

MUSCULAÇÃO FAZ COM QUE MULHERES COM CANCER DE MAMA POSSAM VIVER MAIS E MELHOR

O nosso grupo na Universidade Federal de Goiás, tem vários professores e alunos envolvidos em projetos interessantes e importantes, como é o trabalho do professor Carlos Alexandre Vieira, que coordena pesquisas e ações sobre câncer de mama. Nesse campo, uma conclusão cada vez mais presente é que o exercício é importante em todas suas fases. Por exemplo, os tratamentos levam à perda de massa óssea, muscular, ganho de gordura, perda de capacidade funcional, aumento da fadiga, etc. A consequência é que muitas pessoas acabam perdendo qualidade de vida e tendo sua expectativa de vida reduzida. Mas a musculação pode ajudar muito!
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Por exemplo, em um artigo nosso, liderado pelo Wanderson Santos e orientado pelo professor Carlos Alexandre (Dos Santos et al., 2017) revisamos os efeitos crônicos do treinamento resistido em mulheres que foram tratadas para o câncer de mama. A primeira observação importante é que não existe risco ou agravamento de linfedema, o que é uma informação muito importante, já que muitas mulheres que tiveram câncer de mama temem pegar peso por acharem que isso seja perigoso. E é muito importante desfazer esse mito, já que ele induz ao desuso e prejudica bastante a funcionalidade! Com relação aos tipos de treinos, verificamos que o treinamento com cargas mais altas traz mais ganhos de força. Ou seja, tem que pegar pesado mesmo! Reforçando a importância da intensidade, verificamos que muitos estudos não encontraram ganho de massa magra e perda de gordura, o que provavelmente ocorre devido ao baixo esforço.
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Se precisar de algo mais par estimular, um estudo de Hardee et al. (2014), estimou que que fazer musculação reduz em 33% a taxa de mortalidade de pessoas que passaram por tratamento de câncer! Tem noção disso? Se a pessoa fizer musculação, a chance de morrer cai um terço! Então olhe que interessante, mulheres com câncer de mama se beneficiam muito da musculação, mas é preciso que treinem bem! Então reflita, seria ético não orientar pessoas com câncer a fazer exercício? Então faça sua parte e espalhe a notícia!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Dos Santos WDN, Gentil P, de Moraes RF, Ferreira Júnior JB, Campos MH, de Lira CAB, Freitas Júnior R, Bottaro M, Vieira CA. Chronic Effects of Resistance Training in Breast Cancer Survivors. Biomed Res Int. 2017;2017:8367803. doi: 10.1155/2017/8367803. Epub 2017 Aug 1.
Hardee JP, Porter RR, Sui X, Archer E, Lee IM, Lavie CJ, Blair SN. The effect of resistance exercise on all-cause mortality in cancer survivors. Mayo Clin Proc. 2014 Aug;89(8):1108-15. doi: 10.1016/j.mayocp.2014.03.018. Epub 2014 Jun 21.

A IMPORTANCIA DA FORÇA NA ADOLESCENCIA

Acaba de ser lançado um dos maiores estudos sobre a importância da aptidão física na juventude. Um estudo sueco fez o acompanhamento de nada menos que 1.202.503 adolescentes. Os participantes foram testados para força e capacidade aeróbia e depois acompanhados por aproximadamente 30 anos. Os resultados revelaram que havia um maior risco de receber pensão por invalidez nos que tinham baixos níveis de força, sendo que os que eram mais fracos na extensão de joelhos tinham um risco 40% maior. Interessantemente, o risco era ainda maior se considerassem a invalidez por problemas psiquiátricos. Pior ainda era quando os jovens possuem tanto baixa força quanto baixa capacidade aeróbio. Quando isso ocorria, o risco de se tornar “inválido” por qualquer causa aumentava 80%, quando se consideravam apenas os problemas psiquiátricos, o risco chegava a ser 90% maior!!
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Agora pensa em quantos adolescentes passam por problemas que poderiam se beneficiar disso! Para piorar muitos criam aversão aos exercícios e alguns até mesmo pegam atestados médicos para serem liberados da aulas de Educação Física, por exemplo. Tenho certeza que isso só acontece porque pais, médicos e eles mesmos não tem consciência do problema que estão causando com a inatividade. Então, precisamos conscientizar os pais e profissionais de saúde dos perigos do sedentarismo, para que eles entendam que é necessário se esforçar para romper esse padrão. Além disso, devemos estar prontos para trabalhar com esse público, conhecer suas particularidades fisiológicas e psicológicas. Eu dou aula sobre isso na pós do @institutovalorize e também tenho aulas sobre o tema em https://aulas.paulogentil.com/.
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Se você tiver algum depoimento ou opinião nesse sentido, adoraria ler, pois isso ajuda muito a conscientizar os demais leitores! Inclusive, se for profissional e trabalhar com esse grupo, deixe sua mensagem e local de atuação. Na Academia Malhart, por exemplo, temos pessoas que começaram adolescentes e continuam conosco até hoje!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Henriksson H, Henriksson P, Tynelius P, Ortega FB. Muscular weakness in adolescence is associated with disability 30 years later: a population-based cohort study of 1.2 million men. Br J Sports Med. 2019 Oct;53(19):1221-1230. doi: 10.1136/bjsports-2017-098723.