segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ALGO SOBRE CARBOIDRATOS DE ALGO INDICE GLICEMICO

Vai uma malto aí?

Em um estudo recente, pesquisadores europeus avaliaram os efeitos da L-carnitina no metabolismo de homens jovens, no entanto, deixaremos para falar da L-carnitina no próximo texto... agora o assunto serão os carboidratos!...

Muita gente deixa de se alimentar para usar suplementos, sendo os produtos a base de proteínas e carboidratos os mais comuns. As explicações sobre proteínas envolvem digestibilidade, valor biológico, praticidade, etc. Apesar de muitos pontos serem questionáveis, até há algum fundamento em alguns deles. Mas é impressionante mesmo ver o uso de suplementos de carboidratos, como a maltodextrina e a dextrose. Os carboidratos são facilmente obtidos por meio da alimentação, são baratos, práticos, saborosos e podem ser saudáveis, se selecionados adequadamente. Um dos maiores problemas quando se corta carboidratos da dieta é perder fibras e vitaminas, e o que mais se procura evitar nos carboidratos é um índice glicêmico alto, certo?

Certo! Então por que tomar indiscriminadamente um carboidrato de alto índice glicêmico, pobre em vitaminas e fibras, como os suplementos de maltodextrina e dextrose? Pior ainda para quem está querendo controlar o percentual de gordura!

Olha o exemplo do estudo citado no começo do texto. Os participantes tinham o peso estável há seis meses e, durante 12 semanas, passaram a tomar duas doses diárias de 80g de carboidratos de alto índice glicêmico. O resultado foi que o peso aumentou em média 1,9 kg, sendo que 1,8 kg eram de gordura!!! Isso mesmo, o ganho foi praticamente todo de gordura, pra ser mais preciso 95% do peso ganho foi gordura!!

Enfim, os carboidratos comumente usados nos suplementos são pouco nutritivos e trazem calorias vazias acompanhadas de reação metabólicas desfavoráveis tanto para saúde quanto para estética! Se for para serem usados, que seja, na hora e da forma adequada...

(Paulo Gentil)

Stephens FB, Wall BT, Marimuthu K, Shannon CE, Constantin-Teodosiu D, Macdonald IA, Greenhaff PL. Skeletal muscle carnitine loading increases energy expenditure, modulates fuel metabolism gene networks and prevents body fat accumulation in humans. J Physiol. 2013 Sep 15;591(Pt 18):4655-66.
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ALGO SOBRE L-CARNITINA

Estudo recente comprova que a L-carnitina funciona!?

A L-carnitina é um suplemento antigo e altamente questionável. Como a carnitina é envolvida no transporte de produtos do metabolismo lipídico para dentro das mitocôndrias, se acreditava ...que a sua suplementação aumentasse o metabolismo de gordura... e assim começou a onda dos "fat burners" ou queimadores de gordura. Mas existem várias evidências mostrando que 1) a ingestão de carnitina não eleva as concentrações da substância no músculo 2) que ela simplesmente não emagrece.

O primeiro empecilho para suplementação de L-carnitina é que as pesquisas apontam que sua ingestão não eleva a concentração da substância no músculo. No entanto, foi descoberto que altos níveis de insulina facilitam o seu transporte para dentro do músculo, de modo que a solução seria fazer a suplementação junto com o carboidrato de alto índice glicêmico (Wall et al., 2011)!

Com essa estratégia, um estudo recente publicado por pesquisadores britânicos (dentre os quais o grande Paul Greenhaff) mostrou dados potencialmente favoráveis à suplementação de L-carnitina. No estudo, homens treinados foram divididos em um grupo que tomou 4 g de L-carnitina junto com 160g de carboidratos de alto índice glicêmico e outro que tomou apenas os carboidratos. Ao final do estudo, o grupo que tomou apenas carboidratos engordou 1,9kg, sendo praticamente tudo de gordura, já o grupo que tomou L-carnitina não ganhou peso (Stephens et al., 2013).

Calma, agora vem a pegadinha... a suplementação de L-carnitina não emagreceu! Os participantes vinham mantendo o peso em 76,6kg nos últimos seis meses e após 12 semanas ingerindo l-canitina e carboidrato, seu peso ficou em 76,7kg!

A pegadinha é a seguinte... A substância pode ajudar no controle do peso, mas há muita dificuldade dela chegar ao músculo. Como a insulina ajuda na sua absorção, a L-carnitina precisa ser ingerida com carboidratos de alto índice glicêmico. Mas o problema é que os carboidratos de alto índice glicêmico engordam (https://www.facebook.com/drpaulogentil/posts/684151358270735).... Ou seja, a L-carnitina inibe o ganho de peso provocado pela ingestão de carboidratos necessária para sua absorção!
É impressão minha ou isso não faz muito sentido? Oras, então que não se tome o carbo de alto índice glicêmico e nem a carnitina!! Não é uma crítica ao estudo, pois percebi nenhum viés e não houve posicionamentos fora do contexto. É apenas um alerta para que não se use mal as evidências científicas

(Paulo Gentil)

Stephens FB, Wall BT, Marimuthu K, Shannon CE, Constantin-Teodosiu D, Macdonald IA, Greenhaff PL. Skeletal muscle carnitine loading increases energy expenditure, modulates fuel metabolism gene networks and prevents body fat accumulation in humans. J Physiol. 2013 Sep 15;591(Pt 18):4655-66.
Wall BT, Stephens FB, Constantin-Teodosiu D, Marimuthu K, Macdonald IA, Greenhaff PL. Chronic oral ingestion of L-carnitine and carbohydrate increases muscle carnitine content and alters muscle fuel metabolism during exercise in humans. J Physiol. 2011 Feb 15;589(Pt 4):963-73.
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PERDER PESO RÁPIDO OU DEVAGAR?

Perder peso rápido ou devagar?

Na hora de calcular o prazo em que desejamos ter os resultados a resposta é simples: o menor possível! Normalmente quando decidimos perder peso é porque algo realmente nos incomodou: a roupa que não entra, a balança cujos ponteiros giraram mais que o esperado, o espelho que nos deprime, a saúde que não vai bem...

No entanto, os perigos das práticas que prometem res...ultados rápidos são bem conhecidos. Para deixar as coisas mais claras, é interessante citar um estudo norueguês feito com atletas jovens de ambos os sexos. No estudo, foram comparados os efeitos de duas estratégias para perda de peso, uma que envolvia a perda de 0,7% do peso por semana e outra que envolvia a perda de 1,4%. A restrição calórica no primeiro caso foi de 19 e no segundo de 30%, sendo que ambos mantinham a prática de musculação 4 x semana, em treinos voltados para o ganho de massa muscular.

Ao final do estudo, a média de perda de peso semanal foi de 0,7% e 1% para os grupos que perderam peso de maneira lenta e rápida, respectivamente, o que já reflete que não foi fácil cumprir as metas mais audaciosas, mesmo por atletas.

Os dois grupos perderam a mesma quantidade de peso (~5,6%), sendo que o grupo que adotou a estratégia mais agressiva demorou 5,3 semanas em média, enquanto o grupo mais lento levou 8,5 semanas. Apesar da perda de peso ter sido similar, houve bastante diferença na composição corporal, pois o grupo que perdeu peso mais lentamente perdeu mais gordura (31 vs 21%) e ganhou massa magra (2,1 vs -0,2%).

Os autores reforçam que, como o estudo envolveu atletas, foi inserido o treino de musculação para prevenir a perda de massa muscular e, consequente, minimizar o prejuízo nas suas performances. A pergunta é: imagina se não houvesse musculação? Por exemplo, imagina se a estratégia de perda de peso drástica não fosse acompanhada de exercício ou, pior, fosse acompanhada de atividades de baixa intensidade e longa duração?

É como dizia a minha vó... a pressa é inimiga da perfeição.

(Paulo Gentil)

Garthe I, Raastad T, Refsnes PE, Koivisto A, Sundgot-Borgen J. Effect of two different weight-loss rates on body composition and strength and power-related performance in elite athletes. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2011 Apr;21(2):97-104.