sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

ANÁLISES EM 100000 MULHERES FALA QUE FAZER EXERCÍCIO NOS 3 PRIMEIROS MESES DE GESTAÇÃO NÃO AUMENTA RISCO DE ABORTO

 Um dos principais medo de se exercitar na gestão envolve seu no estágio inicial. Muita gente tem medo de fazer esforço por um suposto risco de aborto, especialmente no primeiro trimestre. Inclusive esse é o principal motivo para gestantes não praticarem atividade física.

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Uma revisão sistemática e meta-análise publicada por Hegaard et al., (2016) analisou os dados de cerca de 100.000 mulheres e nos trouxe informações interessantes sobre o risco de aborto espontâneo. Em dois estudos chineses, com um total de mais de 2.000 mulheres, foi verificado que exercitar-se mais que duas vezes por semana REDUZIA o risco de aborto em comparação com quem não se exercitava. Outros dois estudos não encontraram associação entre realizar atividades físicas, mesmo as intensas, e o risco de aborto espontâneo. No entanto, um estudo dinamarquês verificou AUMENTO do risco de aborto com o aumento da quantidade de exercício. A associação foi vista em atividades de alto impacto, como correr, esportes com bola e com raquete, mas não com atividades como pedalar e nadar.
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Outro dado interessante foi que estudos retrospectivos superestimavam o risco, já que ao entrevistar mulheres após o evento era mais comum elas reportarem que faziam atividade física. Por outro lado, quando se acompanhava as mulheres com avaliações objetivas de atividade física, o risco não existia. Isso provavelmente ocorre porque, após o evento, as mulheres buscavam justificativas baseadas em suas crenças e percepções.
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Ao final, a conclusão dos autores é que fazer atividade física durante o primeiro trimestre de gestação NÃO aumenta ao risco de aborto. Portanto, se a gestante for fisicamente ativa não há problema em interromper; mas caso esteja parada é importante consultar o médico para avaliar o risco. Perdido o medo, confiram as aulas sobre gestantes no @nerdflix_br
(https://nerdflix.paulogentil.com/
) para entender “como” exercitar gestantes em diferentes níveis e quadros clínicos!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Hegaard HK, Ersbøll AS, Damm P. Exercise in Pregnancy: First Trimester Risks. Clin Obstet Gynecol. 2016 Sep;59(3):559-67. doi: 10.1097/GRF.0000000000000200. PMID: 27042797.

MASCARAS TRAZEM PREJUÍZOS AOS TREINOS DE MUSCULAÇÃO EM TREINADOS

 Desde o início da Pandemia tentamos fornecer informações úteis em nossa área, como a importância de se exercitar antes, durante e após a infecção (veja as aulas no Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/

) e esqueça os terroristas que recomendam sedentarismo). Também trouxemos sugestões dos impactos do uso de máscaras e aqui vou trazer um estudo muito bacana de pesquisadores brasileiros, da querida e quente Teresina!
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Rosa et al. (2021) colocaram 17 homens treinados para fazer 4 séries máximas de supino, com ou sem máscara (FFP2/N95), usando 50 ou 70% de 1RM. Tudo na velocidade 20X0 e 2min de intervalo entre as séries. No geral, o uso de máscara interferiu na velocidade (deixando o movimento mais lento), resultou em menor saturação de oxigênio e maior percepção de desconforto, mas não interferiu na quantidade de repetições realizadas. Não consegui ver se se a máscara foi removida nos intervalos, pois isso parece fazer diferença (uma vez esqueci a garrafa de água e quase morri por não ter as pausas para “respirar”). Mas o estudo mostra algo interessante ao revelar que o impacto negativo parece ser maior quando se usa carga mais baixa, o que é explicado pelo sistema energético utilizado, já que exercícios mais prolongados têm maior exigência cardiorrespiratória. Esse ótimo estudo reforça uma sugestão que trazemos em nossos artigos: para reduzir o desconforto e prejuízo, prefira treinos tensionais.
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Agora mudando de assunto... passei por alguns Países, desde os mais liberais até os mais lacradores, e treinei em todos eles. Interessantemente em nenhum era obrigatório usar máscaras para treinar. Outra curiosidade, em frente à minha academia tem um bar/balada (muito bom, por sinal!). Lá, como em qualquer lugar parecido, não é obrigatório usar máscara, mesmo que estejamos aglomerados bebendo, dançando e cantando. Mas se atravessar a rua e entrar na academia para fazer exercício sozinho somos obrigados a usar. Sendo mais claro, eu estarei de máscara te ajudando no supino na minha academia, mas estarei sem ela para tomarmos umas do outro lado da rua e até dançamos um forrozinho... interessante, né?
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Rosa BV, Rossi FE, Moura HPDSN, Santos AMDS, Véras-Silva AS, Ribeiro SLG, Nakamura FY, Pereira Dos Santos MA. Effects of FFP2/N95 face mask on low- and high-load resistance exercise performance in recreational weight lifters. Eur J Sport Sci. 2021 Aug 9:1-9. doi: 10.1080/17461391.2021.1953613. Epub ahead of print. PMID: 34365900.

TREINO INTENSO AUMENTA A CAPACIDADE FÍSICA E FORTALECE O CEREBRO

 Viver mais é um objetivo comum, viver melhor também! Agora, viver mais e melhor seria o melhor dos mundos, certo? E hoje vou apresentar uma estratégia que funciona para tudo e é cientificamente comprovada: o exercício físico INTENSO. Sim, não apenas o exercício, mas o em intensidade alta. Alguns podem se questionar se isso seria possível para pessoas idosas, obesas ou até mesmo idosas e obesas. A resposta é SIM, pois intensidade é algo subjetivo. Por exemplo, a Mayara faz treino intervalado (HIIT) a 15km/h, mas as idosas em um estudo nosso faziam a 4km/h. Ambas treinam em alta intensidade, apesar dos valores absolutos serem diferentes. Vou dar um exemplo bacana de um estudo de pesquisadores chineses para ilustrar os benefícios do treino intenso.

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Li et al. (2021) colocaram idosos sedentários com sobrepeso ou obesidade para fazer 2 tipos de treinos intensos na bicicleta: HIIT (4 x 3min a 90% da iVO2max por 3min a 60%) ou contínuo (25min a 70%); havia também um grupo controle. Os dois grupos aumentar a capacidade aeróbia, flexibilidade, tempo de reação, equilíbrio, sendo que HIIT promoveu mais aumentos no consumo de oxigênio (mais que o dobro!). Lembrando que tempo de reação é importante para evitar quedas em idosos! Parênteses para as melhoras no equilíbrio e flexibilidade sem precisar das bobagens funcionais e mobilidades inúteis. Agora vem a parte bacana e inovadora! O exercício levou ao aumento das substâncias que fortalecem os neurônios, como BDNF, NGF, NT-3 e NT-4, com algumas vantagens para o HIIT!!
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Olha que legal, temos uma ferramenta valiosa que pode ser usada para melhorar diversos aspectos de saúde ao mesmo tempo: o exercício! Mas ele precisa ser feito na intensidade adequada e da forma adequada. E aqui destaco a importância de saber usar o treino intervalado de alta intensidade (HIIT)! Vou mandar o artigo no meu grupo do Telegram (veja os destaques dos Stories ou vai direto em https://t.me/drpaulogentil
) e tenho aulas completas sobre HIIT, para você aprender como usar, qual tipo escolher, para quem e como! Entrem no @nerdflix_br
(https://nerdflix.paulogentil.c#conhecimentoépoder
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Li X, Han T, Zou X, Zhang H, Feng W, Wang H, Shen Y, Zhang L, Fang G. Long-term high-intensity interval training increases serum neurotrophic factors in elderly overweight and obese Chinese adults. Eur J Appl Physiol. 2021 Oct;121(10):2773-2785. doi: 10.1007/s00421-021-04746-w. Epub 2021 Jun 20. PMID: 34148146.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

PAPO SOBRE ENLATADOS

 PROTEÍNA Pt.5 - Fechando o papo das toxinas, temos os enlatados como o atum e a sardinha. Apesar de serem fontes de ômega 3, são ricos em sódio e toda lata recebe um revestimento de plástico e é submetida à altas temperaturas, liberando os bisfenóis (BPA) e contaminantes plásticos, nocivos ao organismo. BPA’s migram mais para alimentos gordurosos, ácidos e com o calor. Não vejo sentido na orientação de usar as versões em óleo por causa disso. Se por um lado, o óleo absorveria essas toxinas no lugar da carne, por outro, é "meio" difícil de separar completamente o óleo da carne do peixe na hora de comer, então não é inteligente comer o dobro (ou triplo) de gordura (de óleo vegetal pró-inflamatório) na esperança de comer menos BPA. Até porque o excesso de calorias ainda é bem mais inflamatório que o BPA.


O melhor ainda me parece comer o enlatado em água, menos calórico sabendo que deve ser utilizado esporadicamente, uma vez que seu corpo tem mecanismos para eliminar o BPA (e pequenas quantidades de alumínio), se você tiver alimentação e sono saudável e exercício regular (eu sei... você não tem). Se puder lavar em água potável para remover o excesso de sódio e conserva, melhor ainda... o mesmo vale para os carboidratos enlatados. Como são pouco perecíveis, considero que são ótimas opções para emergências e viagens.

Sobre os embalados à vácuo de prateleira eu não tenho opinião formada... sei que no rótulo não diz ter conservantes e que a lei sobre rotulagem é severa. Mas aqui é o Brasil e fiscalizar não é o nosso forte. De qualquer forma, no preço que custa o frango desfiado pronto, é mais barato contratar uma cozinheira e comprar um mini freezer.

E pare com esse negócio de “carne e frango tem hormônio...” sei que “a lei não permite” nem sempre vale aqui, mas não é financeiramente viável dar hormônio pro frango e fazer ele chegar no mercado com preço competitivo. E o principal local de acúmulo de toxinas em animais é o tecido gorduroso. Mais um motivo pra escolher as carnes magras.

Mas se vc tem medo de toxinas, coma melhor, vá aos treinos, durma bem, beba menos, não fume e use menos maquiagem.

P/AGENDAR: link em @felipenassau ou diga “OI” no DIRECT

Te vejo lá!

DIETA VEGANA NÃO PREJUDICA HIPERTROFIA

 Perceba que o título não é uma pergunta, é uma afirmação! Lembro de ter visto esse estudo em um congresso e estava ansioso por ele... enfim foi publicado. Estudos agudos sugerem que a ingestão de proteína animal eleva mais a síntese proteica do que ingerir proteínas vindas de plantas. No entanto, as controvérsias começaram a surgir e os efeitos de uma dieta vegana em praticantes de musculação ainda não haviam sido estudados.

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Ainda... pois um estudo recente colocou 19 veganos e 19 onívoros para fazer treinamento resistido por 12 semanas (Hevia-Larraín et al., 2021). Ambos ingeriam 1,6g de proteína por quilo de massa corporal, todos com dieta monitorada. As avaliações envolveram massa magra, área de secção transversa e força muscular. O aumento na massa magra da perna foi 1,2kg tanto para veganos quanto para onívoros. Veganos e onívoros também tiveram ganhos similares na área de secção transversa do reto femoral, vasto lateral, vasto medial e nos ganhos de força no leg press. Ou seja, tudo igual mesmoooo!
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Olha, eu era um dos que achava que não daria para ter bons resultados com uma dieta vegana e ainda sou um dos que faz bullying com os veganos (e aviso que continuarei fazendo). No entanto, o que a Ciência tem mostrado de maneira consistente é que é sim possível, desde que a dieta esteja equilibrada. O Felipe Nassau tem boas ações para quem deseja ser vegano , recomendo que o procurem. Para quem deseja saber mais sobre o tema, no meu canal do YouTube (https://youtube.com/drpaulogentil ) eu tenho vários posts sobre esse tema, confiram lá e aproveitem para seguir meu canal!
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O artigo estará no meu grupo do Telegram, para quem quiser ler! Para entrar veja o link t.me/drpaulogentil ou busque no link do meu perfil
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com )
Hevia-Larraín V, Gualano B, Longobardi I, Gil S, Fernandes AL, Costa LAR, Pereira RMR, Artioli GG, Phillips SM, Roschel H. High-Protein Plant-Based Diet Versus a Protein-Matched Omnivorous Diet to Support Resistance Training Adaptations: A Comparison Between Habitual Vegans and Omnivores. Sports Med. 2021 Jun;51(6):1317-1330. doi: 10.1007/s40279-021-01434-9. Epub 2021 Feb 18. PMID: 33599941.

PEDALAR REDUZ RISCO DE MORTALIDADE

 Sabemos que fazer atividade física é importante para saúde e para reduzir o risco de morte. E quando falamos atividades físicas, falamos de diferentes formas e variações, portanto, é importante procurar algo que você goste e faça com regularidade e qualidade. Nesse sentido, uma das formas de atividade física bastante populares é o ciclismo.

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Tenho aulas no Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/ ) ensinando a treinar pessoas que praticam essa modalidade, seja para competição, seja recreacionalmente. Então vocês podem conferir lá para saber mais. Hoje, eu quero trazer informações que podem ajudar convencer as pessoas a pedalar ou continuar pedalando! Uma revisão sistemática e meta-análise de Zhao et al. (2021), que envolvia quase meio milhão de pessoas, verificou que os que pedalavam mais tinha 23% menos risco de morrer em comparação com os que pedalavam menos quando se considerava as causas gerais e 24% quando se considerava a morte por problemas cardiovasculares. No entanto, os autores alertam que não é sempre “quanto mais, melhor”, pois as pessoas que pedalavam em excesso tinham risco aumentado de morte! O ideal, para prevenção de morte por doenças cardiovasculares, seria ficar na casa dos 130min semanais em intensidade moderada a alta.
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Vamos lá, pessoal! Ser fisicamente ativo é bom demais, mas é preciso fazer com intensidades e volumes adequados. Esse estudo traz uma boa opção e acessível. Digo acessível para quem não está na vibe de comprar bicicletas astronáuticas, pois os benefícios para saúde não dependem do preço do bike, ok? O ciclismo pode, inclusive, ser incorporado na sua vida como meio de transporte. Eu mesmo sempre faço isso nas minhas viagens ao exterior! Economiza dinheiro, reduz a emissão de poluentes e ainda melhora a sua saúde!!
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Para quem desejar, enviarei o estudo no meu grupo do Telegram. Entrem pelo link t.me/drpaulogentil ou busque no link do meu perfil e Stories.
(Paulo Gentil - www.PauloGentil.com)
Zhao Y, Hu F, Feng Y, Yang X, Li Y, Guo C, Li Q, Tian G, Qie R, Han M, Huang S, Wu X, Zhang Y, Wu Y, Liu D, Zhang D, Cheng C, Zhang M, Yang Y, Shi X, Lu J, Hu D. Association of Cycling with Risk of All-Cause and Cardiovascular Disease Mortality: A Systematic Review and Dose-Response Meta-analysis of Prospective Cohort Studies. Sports Med. 2021 Jul;51(7):1439-1448. doi: 10.1007/s40279-021-01452-7. Epub 2021 Mar 28. PMID: 33774807.
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MUSCULAÇÃO VS CÉREBRO

 O treinamento resistido é conhecido pelos benefícios nos músculos, mas há evidências consistentes de seus efeitos no cérebro, tanto no funcionamento quanto morfologia. Isso tem se mostrado útil tanto para prevenir quanto para tratar problemas neurológicos.

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Chow et al. (2021) publicaram um artigo de revisão bem interessante para explorar o tema. Nele, os autores destacam que, apesar de ser comum focar no exercício aeróbio, as evidências sobre musculação estão cada vez mais consistentes. Interessante destacar que os mecanismos de atuação são diferentes, portanto, seria bom combinar os dois ou mesmo avaliar cada caso para ver qual seria mais adequado. O artigo desta que após 4 semanas de treino já é possível verificar melhoras na função cognitiva tanto de pessoas saudáveis quanto pessoas com problemas cognitivos, de diferentes idades. Os autores também destaca que alguns fatores como BDNF, IGF-1 e VEGF parecem estar associados às respostas ao treinamento. E as adaptações também foram identificadas no nível corticoespinhal, bem como na estrutura e função do cérebro. Para quem desejar ver detalhes, enviarei o estudo no meu grupo do Telegram. Entrem pelo link t.me/drpaulogentil
(podem buscar o link do meu perfil e Stories). Mas gostaria de propor algumas reflexões.
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Muita gente acaba não se identificando com o exercício físico, especialmente, musculação devido a um estereotipo do “corpo”. Quantas vezes não convidamos alguém para treinar e recebemos a resposta “mas eu não quero ficar forte!”?? Seria importante disseminar informações como desse post, pois ela pode ajudar muita gente. Por exemplo, melhorar atenção e aproveitamento acadêmico em crianças e adolescentes. Melhorar a capacidade produtiva e intelectual de adultos. Prevenir e tratá-las perdas cognitivas nas pessoas mais idosas. Além disso, ela pode servir como auxiliar no tratamento de diversas doenças, como as já citadas Doença de Parkinson e Alzheimer.
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O cérebro é fortalecido pelos treinos, mas para que isso seja amplamente divulgado precisamos que a musculação seja cada vez mais associada com ele e não apenas com bundas e bíceps!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Chow ZS, Moreland AT, Macpherson H, Teo WP. The Central Mechanisms of Resistance Training and Its Effects on Cognitive Function. Sports Med. 2021 Dec;51(12):2483-2506. doi: 10.1007/s40279-021-01535-5. Epub 2021 Aug 21. PMID: 34417978.

ELETROESTIMULAÇÃO, AUMENTA O METABOLISMO?

 Quando se tenta vender produtos milagrosos, é comum citar “estudos” de forma genérica. Sempre “há estudos” mostrando benefícios do produto, no entanto, ao ler os estudos vemos que as coisas não batem. Olha a eletroestimulação, sempre aparece um aparelho novo dizendo que agora há “estudos” e, dentre os diversos apelos está uma suposta elevação de metabolismo. Agorinha mesmo saiu um estudo que pode aparecer nas propagandas!

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Chen et al. (2021) avaliaram o metabolismo de jovens por 2 horas em 3 situações: sentado imóvel, em pé imóvel ou com eletroestimulação. A eletroestimulação foi aplicada durante 2 horas, sendo que os praticantes poderiam ajustar a intensidade para tolerar o tempo inteiro. Reforçando, comparou ficar parado, sentado ou em pé, com tomar choquinhos por 2 horas. O gasto calórico total nas sessões foi 159, 178 e 221kcal, respectivamente. Ou seja, você fica 2 horas tomando choquinho e gasta 43kcal a mais do que ficar em pé sem fazer absolutamente nada! Sim, eu sei que vendem um programa de 20min que queima mais calorias do que correr uma maratona. Mas, sinceramente... tem que ser meio trouxa para acreditar, né?
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Vou desenhar aqui, se em vez de fazer a eletroestimulação você quisesse produzir o mesmo déficit calórico mexendo na alimentação, bastaria tirar 25g de pão francês da sua dieta. Caso seu fraco for frutas, basta cortar 80g de maçã (meia maçã média). Você também pode comer 10g de açúcar a menos por dia (menos que uma colher de sopa)!
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Quando se falarem “estudos mostram que eletroestimulação aumenta o metabolismo”, será que dirão o quanto aumenta? Será que dirão o quanto custa? Será que dirão sobre os relatos de lesões graves, inclusive em órgãos internos? Acho que não, assim como os defensores que aparecerem aqui provavelmente vão se apegar ao “comigo deu certo”, “o meu aparelho é diferente”, “mas fulana faz” ou v’ao apenas me ofender. Mas isso não muda os fatos!
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Se quiserem saber mais sobre o tema, inclusive toda a história da eletroestimulação, convido a assistirem as aulas do #Nerdflix (https://nerdflix.paulogentil.com/
) e no meu canal do YouTube também tem um vídeo rapidinho sobre o tema (https://youtu.be/pDaOQsg_DXg
)!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Chen YC, Davies RG, Hengist A, Carroll HA, Perkin OJ, Betts JA, Thompson D. Effects of neuromuscular electrical stimulation on energy expenditure and postprandial metabolism in healthy men. Appl Physiol Nutr Metab. 2021 Aug 17:1-7. doi: 10.1139/apnm-2021-0361. Epub ahead of print. PMID: 34403626.

TELEVISÃO E O CÉREBRO DOS JOVENS

 Houve um tempo em que respeitávamos os mais velhos, alunos obedeciam aos professores, acreditar em Deus era bom, estudantes estudavam e trabalhar era bonito! Acreditem, isso não faz tanto tempo assim! Nessa, acreditem, bandas de rock faziam músicas boas! Lembro de uma música chamada “Televisão” que dizia “a televisão me deixou burro, muito burro demais”. E hoje, estudos parecem corroborar essa sugestão!

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Goldfield et al. (2021) fizeram um estudo com adolescentes obesos para avaliar a associação entre o tempo de tela (TV, vídeo game ou uso recreativo do computador) com os níveis de BDNF. Para esclarecer, o BDNF (sigla em inglês para Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro) é uma "neurotrofina", ou seja um fator de crescimento para os neurônios com ação importante em regiões associadas ao aprendizado e memória. Portanto, se cair o BDNF, há aumento do risco de diversos problemas!
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Os resultados levaram em conta fatores como idade, sexo, “raça”, educação e dieta... e deram o esperado: quanto mais tempo diante das telas, menores os níveis de BDNF! Nas análises por tipo, a tela que gerou o prejuízo mesmo foi a televisão! Sim, talvez a música não estivesse tão errada quando falou que a “televisão me deixou burro muito burro demais”. E ela continua atual em outra parte: “A mãe diz pra eu fazer alguma coisa. Mas eu não faço nada. A luz do sol me incomoda. Então deixo a cortina fechada”.
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Quem acompanhou meus vídeos treinando com Paulinho no YouTube (vejam https://youtube.com/drpaulogentil
, são muito fofos) sabe que levo isso a sério. Talvez hoje os pais não tenham a noção do problema que estão gerando ao deixarem seus filhos sedentários e em frente às telas! Problemas que envolvem aumento do risco de morrer precocemente, de doenças cardiometabólicas, de problemas psiquiátricos, de cometer suicídio e, como mostrado nesse estudo, de problemas estruturais no sistema nervoso central.
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Essa mensagem é muito importante, não apenas para pais e parentes, mas também para os profissionais. Por mais que seja belo e importante cuidar dos idosos, se não cuidarmos de nossos jovens nosso futuro será bem complicadíssimo!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Goldfield GS, Cameron JD, Sigal RJ, Kenny GP, Holcik M, Prud'homme D, Guerin E, Alberga AS, D'Angiulli A, Tremblay MS, Mougharbel F, Walsh J. Screen time is independently associated with serum brain-derived neurotrophic factor (BDNF) in youth with obesity. Appl Physiol Nutr Metab. 2021 Sep;46(9):1083-1090. doi: 10.1139/apnm-2020-0756. Epub 2021 Apr 8. PMID: 33829867.