sexta-feira, 8 de julho de 2011

SOBRE O COLESTEROL

MITOS SOBRE O COLESTEROL

Colesterol alto, só exercícios não o reduzem! Apesar da maioria das pessoas saberem algo sobre o colesterol, vamos esclarecer o que é mito e o que é verdade.
O colesterol é uma gordura necessária ao nosso organismo, mas quando uma de suas frações (LDL) se eleva no sangue, é um perigoso fator de risco para doenças cardíacas porque é a causa da doença Aterosclerose, que provoca o infarto do miocárdio e o derrame cerebral. Ele resulta do metabolismo das gorduras saturadas e tem subdivisões (frações) importantes: fração HDL, conhecida como colesterol bom, e fração LDL, o mau colesterol.
O nível do LDL pode estar elevado por fator genético e por dieta inadequada rica em gorduras. A maior parte do colesterol, cerca de 70%, é fabricado no fígado e também pelas vísceras, cobertas de adiposidades nas pessoas com largas cinturas abdominais (barrigudos!), enquanto que apenas 30% provém da alimentação. Existem pessoas que nascem geneticamente destinadas a serem grandes produtoras de colesterol, e que se não for metabolizado convenientemente, ficará sobrando na circulação podendo se depositar na parede interna dos vasos arteriais. O colesterol não tem nada a ver com excesso de peso, pois indivíduos magros podem ter níveis de colesterol alto. O colesterol só existe nos alimentos de origem animal, ricos em gorduras saturadas como as carnes vermelhas, frutos do mar, miúdos, gema de ovo, leite e seus derivados, e alimentos industrializados como linguiça, salsicha, salame e presunto. Importante lembrar que em nenhum óleo vegetal ou azeite existe colesterol, e por isto nem precisaria estar escrito sem colesterol nos seus rótulos.
O colesterol é fundamental para a vida porque faz parte da constituição da membrana celular que reveste todas as células. Ele também é a matéria-prima para a fabricação da bile digestiva, dos hormônios sexuais e da vitamina D. No sangue ele pode estar livre ou fazendo parte das chamadas lipoproteínas (aglomerado de colesterol, proteínas e gorduras que circulam pelas artérias e veias), mas só o LDL participa da formação das placas de gordura que se depositam na parte interna dos vasos sanguíneos (artérias), e isso deve ser sempre combatido.
Já o colesterol bom, o HDL, não participa do processo de obstrução das artérias e sabe-se que tem um verdadeiro efeito protetor, porque retira o colesterol dos tecidos e os leva para o fígado onde é eliminado ou reaproveitado. Portanto, quanto maior o nível do HDL, mais se evita a obstrução das artérias pela aterosclerose.
Algumas dicas são úteis, alimentos funcionais elevam o colesterol bom diminuindo o ruim. Para reduzir o excesso de colesterol deve-se comer mais fibras, frutas com casca e verduras, cereais, grãos, aveia, alimentos integrais, soja, maçã. Nunca reaproveitar o óleo já utilizado, diminua o consumo de maionese padrão, as preparações à base de côco, bolachas recheadas, alimentos cremosos. Leia com atenção o rótulo dos alimentos e evite os que contêm gordura saturada e hidrogenada. Coma mais grelhado ou assado ou cozido, peixes e aves sem a pele e evitando frituras. Infelizmente comer ou beber limão, laranjada com berinjela e alho, não diminui a taxa do colesterol. Os derivados da uva são agora reconhecidos como alimentos que elevam o HDL, tanto o suco, como o vinho tinto (este não mais do que uma taça por dia). O valor ideal do HDL é acima de 40 mg/dl para homens e acima de 50 mg/dl para mulheres.
Os exercícios físicos não reduzem o LDL a níveis normais, é necessária alimentação saudável e medicamentos, o valor a ser alcançado é menos de 80 mg/dl para quem tem ou teve doença cardiovascular e menos que 100 mg/dl para os sadios. Pessoas que têm parentes diretos com colesterol alto e familiares com aterosclerose, devem conhecer os níveis do seu colesterol. Levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em 20 cidades, incluindo São Paulo, constatou que 40% da população tem nível anormais (elevados) de colesterol total, entre 200 e 240 mg/dl. Pesquisas indicam que mesmo um pouco elevado não é seguro deixá-lo sem correção.

OVER TRAINING

CUIDADO PARA O TREINO NÃO PASSAR DO PONTO

         Muitas pesquisas científicas entre as décadas de 1960-1980 apontavam na direção de que um aumento do volume de treino acarretaria uma melhora no rendimento atlético. Sem dúvida que isso provou ser parte de uma verdade incontestável da preparação dos corredores: um avanço nos resultados passa necessariamente pelo aumento da quantidade nos treinos. Ou seja, para se correr mais rápido, deve-se percorrer maiores distâncias no treinamento.
Porém, isto corresponde a apenas uma parte da verdade do treinamento esportivo. Ao longo do percurso científico e da evolução do conhecimento no esporte, descobriu-se que o aumento do volume de treino tem um teto ao qual o corredor, ao ultrapassar seus limites biológicos de ajuste orgânico (dos órgãos e sistemas do organismo), além de não obter qualquer benefício para o seu condicionamento, piora o rendimento atlético e põe em risco a sua saúde.
Exemplo disso é que alguns corredores de elite na década de 1970-80 chegaram a percorrer mais de 8 mil quilômetros por ano, porém, sem apresentar qualquer melhora em sua capacidade aeróbia e tampouco no rendimento atlético, e ainda acompanhado por um aumento das lesões. Isso fez com que os treinadores e cientistas esportivos mudassem o foco de suas pesquisas e metodologias de treinos para a questão da intensidade do esforço e a sua importância para a melhora do resultado esportivo.
PRIMEIRO QUANTIDADE, DEPOIS QUALIDADE. Mas, como já foi destacado, para se melhorar a qualidade, primeiro deve-se priorizar a quantidade. E este é um dos preceitos básicos da teoria geral do treinamento esportivo. Aos corredores iniciantes, o aumento do volume de treino é fundamental para a formação e consolidação de sua resistência, força e velocidade.
Só que o aumento da quilometragem semanal e do volume geral de treinamento deve ser realizado progressivamente, de modo a proporcionar ao corredor um ajuste gradual em seus sistemas orgânicos (cardiovascular, respiratório, muscular e nervoso) em relação às exigências do treinamento.
Tudo deve ser feito em fases, etapas e períodos - sem pressa e com atenção às respostas anatômicas e fisiológicas dadas pelo organismo. Para isso, os corredores principiantes devem realizar corridas em ritmo lento e constante, procurando aumentar antes a duração do esforço que a sua intensidade. Uma correta sedimentação do condicionamento para a corrida deverá observar, em primeiro lugar, a melhora da resistência (cardiorrespiratória e muscular), da coordenação motora e aprendizagem da técnica e, posteriormente, da velocidade, ritmo de deslocamento e estratégia de competição.
Já os corredores experientes podem utilizar duas propostas de treinamento, sempre observando a questão do volume e da intensidade:
1) Aumentar a quilometragem semanalmente, de modo gradual e progressivo, exclusivamente por meio de rodagens e treinos longos, concentrando-se, portanto, apenas no fator volume de treinamento. Não ficarão "velozes", porém muito resistentes.
2) Aumentar a quilometragem semanalmente, de modo gradual e progressivo, mas utilizando-se também dos treinos de qualidade (fartleks, intervalados, fracionados), uma ou duas vezes na semana, além das rodagens e longos, enfatizando tanto o fator volume quanto a intensidade. Vão aliar resistência à velocidade.
Essas duas variantes podem ser utilizadas na preparação dos corredores, desde que sempre seja observada a questão da moderação (aumento gradual e progressivo).
O treino vai além do necessário quando ocorre o fenômeno do supertreinamento, ou seja, aumento do volume (ou da intensidade) em ritmo muito rápido, que tem como resultado uma diminuição do rendimento. Mesmo treinando mais, o organismo não responde às expectativas do corredor, já que se encontra em um estado crítico, de fragilidade, pois não consegue absorver a carga de treinamento. É o treino em excesso, o esgotamento, a apatia e a fadiga crônica que atingem o corredor e por vezes também doenças oportunistas, como gripes e resfriados.
OS SINTOMAS DO SUPERTREINAMENTO. Muitos e variados são os sintomas da síndrome do supertreinamento, dentre eles, pode-se destacar os seguintes, segundo consta no livro "Corrida - Ciência do Treinamento e Desempenho", de Eric Newsholme, Tony Leech e Glenda Duester. Editora Phorte, 2006.
- A frequência cardíaca encontra-se aumentada pela manhã e, após o exercício ocorre uma demora para ela retornar aos valores de repouso;
- Redução do rendimento atlético;
- Diminuição da capacidade de resistência e força geral;
- Perda de peso;
- Maior propensão a adquirir infecções;
- Demora na cicatrização;
- Apatia e fadiga crônica.
O corredor que se encontra em um estado de supertreinamento deve reduzir a carga de treinos, observar maiores períodos de repouso, fazer treinos leves / regenerativos, de preferência, utilizando-se de outras modalidades (natação, ciclismo etc.), alimentar-se adequadamente, dentre outros. Os casos mais suaves podem ser "curados" em duas a quatro semanas. Porém, em casos extremos de supertreinamento, o corredor poderá ficar até seis meses ou mais afastado dos treinos e competições.
Conta-se que, em 1973, em uma maratona na Inglaterra, Ron Hill, o favorito, foi surpreendido por um atleta desconhecido, Ian Thompson. Thompson treinava não mais que 100 km / semana e, após vencer algumas provas, foi aconselhado pelos especialistas da época a aumentar sua quilometragem semanal para 190-210 km, caso contrário, seu futuro como atleta fundista estaria comprometido. Thompson seguiu o conselho e, coincidência ou não, nunca mais venceu uma prova. Eis a questão!
Outro caso interessante é do atleta Vladimir Kutz, da ex-União Soviética, que na década de 1950 foi recordista mundial e campeão olímpico dos 5.000 e 10.000 m (Melbourne, Austrália, 1956). Kutz realizava treinos longos e intensos mais do qualquer outro atleta já tenha feito, seguindo uma metodologia científica rigorosa, o que lhe possibilitou certa hegemonia nas pistas durante algum tempo. Entretanto, Kutz veio a falecer com 45 anos, vitimado por um ataque cardíaco fulminante, resultado de seu árduo treinamento.
Portanto, aos corredores mais dedicados e competitivos, muita atenção aos seus treinamentos e a aquilo que diz o seu corpo. O supertreinamento pode ser bastante prejudicial!