sexta-feira, 17 de novembro de 2023

EXERCÍCIO VS CÂNCER

 Muitas vezes negligenciamos a importância da aptidão física quando jovens. Talvez por acreditarmos que ela só fará falta quando envelhecermos. No entanto, os danos que o baixo condicionamento físico causam à saúde se acumulam e podem refletir em problemas sérios, várias décadas adiante. Por exemplo, aumentando a probabilidade de se desenvolver vários tipos de câncer!

Isso foi confirmado por pesquisadores suecos, que acompanharam 1.078.000 homens por uma média de 33 anos (Onerup et al. 2023)! Os jovens entre 16-25 anos foram avaliados para a aptidão cardiorrespiratória em um teste na bicicleta. De acordo com os resultados, jovens que se saíam mal no teste tinha maior risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço, sistema gastrointestinal (esôfago, estomago, pâncreas, fígado, cólon e reto) e rins, dentre outros. Em alguns casos, como câncer de esôfago e fígado, os jovens com maior capacidade cardiorrespiratória chegavam a ter 40% menos risco de desenvolver o problema.
No artigo, os autores reforçam que os achados indicam que devemos esforços de saúde pública buscando prevenir câncer deveria focar em exercícios físicos de intensidade suficiente para aumentar a aptidão cardiorrespiratória. Olha que interessante! Mais uma evidência forte que precisamos adotar bons hábitos, se quisermos viver mais e melhor!
Aproveito e deixo o convite para assistir as aulas sobre Câncer no Nerdflix, pois lá eu abordo o uso do exercício em várias fases, desde a prevenção até sua aplicação em pessoas que estão passando por quimio e radioterapia. Imperdível!
Doi: 10.1136/bjsports-2022-106617

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

SEGUNDO OMS, CRIANÇAS PRECISAM TREINAR FORÇA

Joãozinho mandou um recado pra vocês...Vamos malhar, gente!!

Você não leu errado!!
No posicionamento de 2020 da Organização Mundial de Saúde se recomenda que TODAS as faixas etárias façam atividades de fortalecimento muscular, incluindo crianças e adolescentes. No entanto, os jovens estão cada vez menos envolvidos com esse tipo de atividade e, como consequência, as gerações mais recentes estão cada vez mais fracas. Basta lembrar da facilidade com a qual subíamos em árvores, saltávamos, escalávamos paredes, pulávamos muros, etc. Esse alerta foi feito por Faigenbaum et al. (2023) ressaltando que crianças fracas, tendem a gerar adultos fracos e isso tem graves repercussões para saúde e qualidade de vida.
Para mudarmos isso, os autores propõem a adoção de uma abordagem socioecológica que envolveria diversos passos. O primeiro, no âmbito individual, seria a exposição das crianças às atividades de força em idade precoce, com brincadeiras que envolvessem escalar, pendurar, puxar, empurrar etc. No campo interpessoal seria importante informar parentes sobre os benefícios e segurança das atividades de força, inclusive estimulando-os a se envolverem junto com as crianças. No campo organizacional, as escolas deveriam repensar as aulas de Educação Física, incluindo componentes de força. Na comunidade, seria necessário criar espaços e estruturas amigáveis, com playgrounds e ter profissionais capacitados a dar orientações e fazer acompanhamento, tanto na Saúde quanto na Educação. Por fim, as políticas, com promoção e reconhecimento à participação em atividades de fortalecimento muscular, como já foi feito com sucesso em alguns Países.
Veja que interessante, não precisamos ficar sentados reclamando. Todos podemos ajudar em pelo menos um dos campos citados! Lembrando que, conforme já falei em aulas no @‌nerdflix_br, baixos níveis de força em jovens podem gerar um aumento de mais de 65% no risco de ter problemas psiquiátricos e de 35% no risco de morrer precocemente. Quem desejar ler o artigo, ele foi enviado para meu grupo do Telegram dia 19/10, basta entrar pelo link que está nos meus Destaques.
Doi 10.1136/bjsports-2023-106748

ATIVIDADE FÍSICA PODERIA EVITAR 1 EM CADA 6 MORTES PREMATURAS

 Uma pesquisa de Garcia et al. (2023) revisou 196 estudos, envolvendo mais de 30 milhões de pessoas para estimar a relação entre fazer atividades físicas no tempo livre e o risco de diversas doenças crônicas. Os resultados revelaram que atingir as metas mínimas de atividade física (150min semanais de atividade moderada, 75min de atividades intensas, ou combinações equivalentes) levaram a uma redução de 31% no risco de morrer precocemente por causas gerais, de 29% no risco de morte por doenças cardiovasculares e 15% no risco de morrer de câncer.

As análises mostram que, se todas as pessoas que hoje são insuficientemente ativas se tornassem ativas, conseguiríamos prevenir 15,7% de todas as mortes precoces do Mundo!
Entenda bem, estou dizendo que SALVARÍAMOS UMA (1) EM CADA SEIS (6) pessoas que morrem precocemente simplesmente tornando-a fisicamente ativa!
Pense no tanto que isso é forte, pense nos milhões de pessoas que morrem de doenças cardíacas e câncer. Incluindo pessoas próximas e queridas! A atividade física tem o poder de salvar muitas dessa vidas, no entanto, é preciso que os profissionais tenham uma postura séria sobre isso.
Enquanto acharmos que as referências de exercício são usuários e traficantes de drogas, que exemplos de “atletas” são pessoas morrendo na casa dos 30 anos, será difícil convencer a massa da nossa importância. Precisamos fazer as pessoas entenderem que praticar atividade físicas está muito além de estética e que as mortes precoces que presenciamos não representam a realidade dessa área.
A Educação Física pode salvar vidas, enquanto a ignorância as vem tirando cada vez mais precocemente.
Compartilhe essa informação com aquele amigo ou familiar que você quer que viva muuuuuito tempo!
Doi: 10.1136/bjsports-2022-105669

HIIT - TREINO INTERVALADO

 O treino intervalado de alta intensidade (HIIT) vem sendo crescentemente prescrito para diferentes populações. No começo, havia muito medo sobre seu uso, pois a prescrição dominante eram os aeróbios contínuos de intensidade moderada. Mas as evidências sobre sua segurança e eficiência vêm se acumulando, inclusive uma revisão sistemática e meta-análise trouxe informações muito fortes sobre os efeitos do HIIT na saúde cardiometabólica.

O estudo de Edwards et al. (2023) reuniu dados de nada menos que 97 estudos, em um total de 3399 participantes. Com isso, os autores concluíram que HIIT melhora a capacidade cardiorrespiratória, fração de ejeção, pressão arterial e débito cardíaco. O HIIT também reduziu o IMC, circunferência abdominal e percentual de gordura. Em termos metabólicos, houve redução na insulina, proteína C reativa, triglicerídeos e LDL, além de aumentar o HDL. Imagina controlar tudo isso com um só remédio?
Com isso, os autores concluem que o HIIT pode ser importante para controlar fatores de risco cardiometabólicos, o que pode ter implicações importantes para prescrição de exercício para saúde.
Em termos práticos, o HIIT pode ser uma ótima alternativa, pois ele pode ser adaptado em diferentes modos de treino (corrida, natação, ciclismo, calistenia, dança, artes marciais...) e em pouco tempo (alguns protocolos, como Tabata duram 4 minutos). Lembrando também que intensidade é algo individual, por exemplo, para pessoas descondicionadas uma simples caminhada pode ser intensa, para outras, pode ser necessário correr. Com isso, ele pode ser adaptado para os mais diversos tipos de pessoas e situações.
E assim, a Ciência segue nos ajudando a sermos mais saudáveis!
Doi: 10.1007/s40279-023-01863-8