quinta-feira, 19 de junho de 2014

EMAGRECIMENTO X METABOLISMO

Apesar de ter sido publicado em 2010, meu livro de Emagrecimento começou a ser concebido 10 anos antes e foi escrito em 2008. Uma das suas inovações é o conceito de que nosso metabolismo reage às tentativas de emagrecer. Quem não conhece a ...velha história das pessoas que fecham a boca e mesmo assim não emagrecem? Muitos acham isso impossível, e pensam “esse sacana deve estar comendo escondido”, mas nem sempre é assim. Um exemplo é um relato de uma mulher que participou de um estudo de 15 semanas na Laval University, trazido por Angelo Tremblay e Arne Astrup,dentre outros. Ela começou o estudo com 79,7 quilos e baixou sua ingestão calórica de 2358 kcal para 1879 kcal, se fossemos fazer uma análise matemática, ela teria acumulado um déficit de 50.295 kcal, o que equivaleria a uma perda de 6,5 kg de gordura! Tudo certo na calculadora, mas sabe o que aconteceu? Ao final das 15 semanas de dieta a pobrezinha estava pesando 81,8 kg, ou seja, ela engordou!! Coisa do demônio? Não, isso ocorreu devido a um fenômeno chamado termogênese adaptativa, que quer dizer que o metabolismo abaixa diante de uma restrição calórica! No caso dela, ela passou a comer 488 calorias a menos, no entanto, seu metabolismo de repouso baixou 552 calorias! Isso mesmo, o corpo conseguiu não apenas compensar o que ela comia a menos, mas ainda fez isso com sobras, fazendo-a engordar mesmo em uma dieta restritiva.

Esse conceito também se aplica ao aeróbio, especialmente ao aeróbio em jejum. Aí muitos podem espernear, chorar, xingar mamãe. Mas a verdade é que as abordagens que as pessoas estão usando para emagrecer não funcionam porque empregam um modelo matemático simplista e inadequado. Se quiser continuar contando calorias e fazendo exercícios de baixa intensidade, divirta-se, mas saiba que para emagrecer vale mais usar o cérebro do que a calculadora.

(Paulo Gentil)

Tremblay A, Major GC, Doucet E, Trayhurn P, Astrup A. Role of adaptive thermogenesis in unsuccessful weight-loss intervention. Future Lipidol 2007;2: 651–658.
Gentil P. Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas. 2 edição. Sprint, Rio de Janeiro, 2011.
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sexta-feira, 6 de junho de 2014

ALGO SOBRE TREINO INTERVALADO

Muitas dúvidas surgem com relação à execução do treinamento intervalado (rebatizado de HIIT). Uma das que mais vejo é sobre a recuperação, se deve ser parada (passiva) ou em movimento (ativa), se há riscos em parar de uma vez... O tipo de i...ntervalo dependerá de muitas coisas, mas normalmente um estímulo de grande intensidade necessitará de um recuperação de baixa intensidade e a forma como você descansará depende da intensidade que deseja manter. Nesse sentido, intervalos passivos favorecem a recuperação das reservas energéticas, possibilitando colocar mais intesidade nos tiros. Por outro lado, os intervalos ativos favorecem a remoção de metabólitos, diminuindo a acidose e atenuando o desconforto.

Com relação a parar rápido ou devagar, o exercício intenso desloca o fluxo sanguineo para os músculos, deviando-o de órgãos da região central. Quando o exercício é interrompido, ele retorna rapidamente e há relatos de desconfortos gastrointestinais devido a essas alterações bruscas. Desse modo, a interrupção gradual poderia aliviar tais sintomas. Por outro lado, há uma crença que a interrupção brusca poderia ser perigosa para o coração. Mas, pela lógica, quando se coloca a mão em algo quente e não quer ter a pele queimada, você vai tirar a mão aos poucos ou de uma vez? Da mesma forma acontece no esforço físico, os fatores de risco são normalmente associados à frequencia cardíaca e pressão artertial, portanto, a interrupção do exercício significa interrupção dos fatores agressores. Assim, parar de uma vez não é tão problemático, até porque não seria muito prático ficar trotando dentro de um ônibus após correr para não perde-lo.

Então: 1) descanse parado se quiser se recuperar mais rápido e, assim, colocar mais intesidade na tiro seguinte; e descanse em movimento se quiser menos acidose nos músculos. 2) Parar de uma vez não vai te matar do coração; e parar aos poucos pode aliviar o mal estar durante os treinos (dica para quem sente “nó nas tripas” durante o HIIT)

(Paulo Gentil)
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