sexta-feira, 6 de abril de 2018

JEJUM INTERMITENTE, ESTRATEGIA HONESTA ENDEUSADA DE MANEIRA DESONESTA

Não, o prémio Nobel da Medicina não "foi categórico ao afirmar que jejum é muito melhor do que comer de 3 em 3 horas”. O que levou a atribuição do Nobel de Medicina à Yoshinori Ohsumi em 2016, foi o seu trabalho sob mecanismos de autofagia em células de levedura que, apesar de fornecer pistas interessantes para futura investigação, ainda está a uma distância considerável de considerar - “categoricamente” - que o jejum é a melhor opção para perder peso. O principal problema desta “notícia”, é a quantidade alarmante e preocupante de profissionais de saúde que a partilham e fazem com que muitos dos seus pacientes, que confiam no seu crivo científico, tomem estas notícias como verdadeiras e não como fake news. E digo isto porque em uma revisão onde se sumariza todos os estudos que demonstraram benefícios do jejum intermitente em humanos, se concluiu as seguintes particularidades:
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✔Nem sempre o jejum conduziu a perda de peso. Em quatro dos 16 estudos não houve mudanças de peso, e em um deles o peso aumentou.
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✔Quase metade dos estudos (sete) não tiveram grupo controle, e em dois deles o grupo controle apenas manteve os seus hábitos alimentares. Isto faz com que nestes nove estudos não se saiba se os benefícios foram devido ao jejum ou simplesmente à restrição calórica induzida nos participantes;
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✔Os estudos que compararam o jejum com outro grupo que também estava em restrição calórica não verificaram, de forma geral, diferenças significativas na glicemia, triglicérides, colesterol, leptina, adiponectina e proteína C reativa (um marcador de inflamação). .
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Tudo isto indica que a nível metabólico, os benefícios do jejum dependem, inteiramente, da restrição calórica que induzem, e que com muito boa vontade, pode ser uma estratégia útil para indivíduos mais resistentes à insulina. Além disso, como se tratam de estudos com duração reduzida (de apenas um dia a 12 semanas) é completamente abusivo tecer grandes considerações acerca do seu impacto na doença cardiovascular, nos cânceres, na diabetes ou no Alzheimer.
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@stefanny_karenn
#Texto do nutricionista Felipe Teixeira!

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