terça-feira, 14 de março de 2017

ESPORTE NÃO É SAÚDE, MAS SERÁ QUE É DOENÇA?

cienciainforma
Algumas modalidades esportivas trazem inegáveis riscos à saúde, por exporem seus praticantes a rotinas de treinamento e competições exagerados, estresse psicológico, alimentação restritiva ou desbalanceada e controle excessivo do peso corporal. Atletas de elite vivenciam o dia-a-dia do esporte por anos a fio, muitas vezes, desde quando crianças. É possível imaginar que o preço pago por uma rotina física e mental tão desgastante possa ser muito caro. De fato, há evidências de que ex-atletas possam sofrer de alterações morfológicas cardíacas, arritmias, fibrilação arterial, calcificação de artéria coronariana, osteoartrite, doenças neurodegenerativas (em modalidades de frequente trauma craniano, como boxe e futebol) e distúrbios alimentares. No entanto, pouco se sabe se essas desvantagens se sobrepõe aos efeitos terapêuticos da prática regular de atividade física.
A fim de lançar luz sobre essa questão, um interessante estudo populacional investigou se ciclistas de elite (n = 786) que participaram do mundialmente conhecido Tour de France entre 1947 e 2012 tinham uma chance de mortalidade diferente da população francesa geral. Interessantemente, os ciclistas, em média, apresentaram riscos reduzidos de mortalidade por todas as causas e por câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e doenças do aparelho digestório, quando comparados a população geral da França. A média de ganho de sobrevida dos atletas foi de 6,3 anos em comparação à população. Evidentemente, esse estudo possui limitações, como, por exemplo, o fato de que os atletas de elite avaliados no estudo pertencem, provavelmente, aos mais altos estratos de aptidão física e saúde, caso contrário não conseguiriam competir em tão alto nível (na epidemiologia, isso é chamado de “viés de seleção”). Contudo, a mensagem do trabalho é bastante clara: os riscos da prática esportiva em alto nível não superam os inúmeros benefícios promovidos pelo exercício. Em outras palavras, o sedentarismo mata muito mais do que o esporte. As doses mais efetivas de atividade física para promoção de saúde e redução de mortalidade parecem ser as moderadas, mas isso é assunto para outro post

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