quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

MODELAR OS MÚSCULOS?

Paulo Gentil
Mas, falando sério, quem nunca ouviu falar em modelar os músculos, como se fossem aquelas ma...ssinhas coloridas? É exercício para fazer a voltinha do quadríceps, arredondar bumbum, deixar o bíceps bicudo por aí vai... Um exemplo clássico são os músculos do peitoral. Comecemos dessa história que movimentos inclinados são para parte clavicular (superior) e retos para parte do meio do peitoral. Sobre ativação, há estudos que não reportaram diferença da parte superior do peitoral entre supino reto e inclinado (Barnett et al., 1995) e, pior ainda, há os que não encontram diferença nem entre o supino inclinado e declinado (Glass & Armstrong, 1997)! Há também quem encontre diferença, mas apenas quando a inclinação passa dos 40 graus (Trebs et al., 2010; Luczak et al., 2013). Porém, mesmo que houvesse consenso com relação à ativação, devemos lembrar que modificações no sinal eletromiográfico não necessariamente se refletem em ganhos de massa muscular. Ou seja, precisamos achar estudos que mediram o crescimento das diferentes partes do peitoral. Nesse sentido, só conheço o trabalho de mestrado de Cristiano Ughini, orientado pelo grande Ronei Pinto, que analisou a hipertrofia das partes esternocostal e clavicular do peitoral em resposta ao crucifixo na máquina e encontrou aumentos da ordem de 20 e 17%, respectivamente, medidos por ultrassom. Ué, mas então o movimento reto também hipertrofia a parte superior? Sim!! Essa história de dividir peitoral igual açougueiro é meio sem lógica, pois todas as partes do músculo serão estimuladas nesses exercícios, e mesmo que houvesse alguma diferença na hipertrofia em resposta às inclinações elas dificilmente seriam perceptíveis ao ponto de você precisar fazer um kama sutra no banco de supino.
Variações de exercício tem muito mais a ver com questões práticas, por exemplo, o inclinado pode aliviar um pouco a pressão na cabeça, os halteres podem ser úteis para quem treina sozinho, máquinas ajudam no drop-set, paralelas quebram o galho quando não tem academia por perto, etc. Acho legal variar, mas que se faça pelos motivos certos e não para brincar de Michellangelo Maromba!
(Paulo Gentil)
Barnett C, Kippers V & Turner P. (1995). Effects of variation of the bench press exercise on the EMG activity of five shoulder muscles. J Strength and Cond Res 9, 222-227.
Glass SC & Armstrong T. (1997). Electromyographical acitivity of the pectoralis muscle during incline and decline bench press. J Strength and Cond Res 11, 163-167.
Luczak J, Bosak A & Riemann BL. (2013). Shoulder Muscle Activation of Novice and Resistance Trained Women during Variations of Dumbbell Press Exercises. J Sports Med (Hindawi Publ Corp) 2013, 612650.
Trebs AA, Brandenburg JP & Pitney WA. (2010). An electromyography analysis of 3 muscles surrounding the shoulder joint during the performance of a chest press exercise at several angles. J Strength Cond Res 24, 1925-1930.

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