sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

CONTAR CALORIAS NÃO AJUDA A EMAGRECER

O modelo matemático é simples, basta contar as calorias ingere e as que gasta no exercício. A partir daí se planeja um déficit calórico e... pumba! Você emagrece. Quantas vezes você ouviu isso? Mas, diga, quanta gente você conhece que passa fome e faze horas de exercício, mas não emagrece? E existem estudos com controle de dieta e prática de exercício que confirmam essa percepção. Por exemplo, Nieman et al. (2002) colocaram mulheres com sobrepeso para fazer 5 sessões semanais de exercício aeróbio. Ao longo das 12 semanas, a ingestão calórica foi de 1884 para 1552kcal e a de gordura caiu 26%. Ou seja, fizeram mais exercício e comeram menos. Mas não houve perda de gordura e o peso também não mudou! Tem também um estudo no qual mulheres passaram a caminhar, sem mexer na alimentação (Hardman et al. 1992). Ao final de 12 meses, o déficit calórico foi de 44.712kcal, o equivalente a perda de 6 quilos. Mas o percentual de gordura foi de 36,1 para 37,1% para quem caminhou e de 34,9 para 35,4% para quem permaneceu sendetário. E o peso também não mudou para ninguém!
.
O que parece ocorrer são ajustes, como mudanças no metabolismo de repouso e na síntese de gordura, que acabam sabotando nossas tentativas de emagrecer. Isso já foi verificado por Tremblay et al. (2012), Reinhart et al. (2015), Fothergill et al. (2016) e outros. A sequência de aulas de Emagrecimento (wwww.aulas.paulogentil.com), bem como meu livro (disponível em www.paulogentil.com), apresentam esses modelos, mecanismos e propostas. Não trago fórmulas mágicas, mas convido à reflexão para, com isso, acharmos melhores práticas. Convido todos a assistirem, lerem e refletirem!
.
Exercício faz bem para várias coisas! Mas, para cada objetivo específico, você precisa de um treino específico. Por exemplo, você não terá grande hipertrofia fazendo alongamentos de baixa intensidade e, ao que tudo indica, também não terá muito emagrecimento simplesmente contando as calorias que gasta no exercício. Acha que está na hora de repensar uma lógica que vem sendo adotada há décadas com resultados frustrantes. Passou da hora de mudarmos esse paradigma!
(Paulo Gentil)
Gentil, P. Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas. Charleston, Create Space, 2104. (disponível em www.paulgentil.com)
Fothergill E, Guo J, Howard L, Kerns JC, Knuth ND, Brychta R, Chen KY, Skarulis MC, Walter M, Walter PJ, Hall KD. Persistent metabolic adaptation 6 years after "The Biggest Loser" competition. Obesity (Silver Spring). 2016 Aug;24(8):1612-9. doi: 10.1002/oby.21538
Hardman AE, Jones PR, Norgan NG, Hudson A.Brisk walking improves endurance fitness without changing body fatness in previously sedentary women. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1992;65(4):354-9.
Nieman DC, Brock DW, Butterworth D, Utter AC, Nieman CC. Reducing diet and/or exercise training decreases the lipid and lipoprotein risk factors of moderately obese women. J Am Coll Nutr. 2002 Aug;21(4):344-50.
Reinhardt M, Thearle MS, Ibrahim M, Hohenadel MG, Bogardus C, Krakoff J, Votruba SB. A Human Thrifty Phenotype Associated With Less Weight Loss During Caloric Restriction. Diabetes. 2015 Aug;64(8):2859-67. doi: 10.2337/db14-1881.
Tremblay A, Royer MM, Chaput JP, Doucet E. Adaptive thermogenesis can make a difference in the ability of obese individuals to lose body weight. Int J Obes (Lond). 2013 Jun;37(6):759-64. doi: 10.1038/ijo.2012.124.

Nenhum comentário:

Postar um comentário