quinta-feira, 10 de agosto de 2017

DICA DE HOJE, TREINE

Tem umas análises de exercícios que mais parecem a descrição do Zé Meningite de tanta amnésia muscular, ritmos articulares alterados, esculhamboses, assimetrias..., etc. Sim, existem casos em que é preciso observar e corrigir desequilíbrios, mas na imensa maioria dos casos, os “problemas” detectados são irrelevantes ou mesmo inexistentes. A definição de uma abordagem terapêutica deve ser baseada em estudos aprofundados para saber até que ponto o problema é relevante e até que ponto a terapia entrega o que se propõe. Senão é charlatanismo. Seu feixe glúteo-lumbo-escápulo-suvacal está adormecido? Então, por favor, mostre as evidências 1) da existência desse problema, 2) que o exame feito é válido para detectá-lo, 3) que o problema precisa ser corrigido e, por fim,4) evidências mostrando que a terapia vai curar o problema. Não tem? Então vá se lascar! Simples assim!
Tá chato ver profissional impedindo o aluno de treinar para fazer exercício “terapêuticos”. Mas, deixa eu te contar um segredo: ninguém é perfeito! Haugen et al. (2017) analisaram 22 velocistas de elite e viram que mais da metade possuía desequilíbrios grandes ou muito grandes em 11 dos 14 testes e TODOS possuíam desequilíbrios grandes ou muito grandes em ao menos 3 deles. Sabe da melhor? Não houve associações entre os desequilíbrios, a performance e incidência de lesões!
Sabia que Usain Bolt é todo torto? O cara tem escoliose, uma perna mais curta que a outra, e possui um desequilíbrio de 13% na aplicação de força entre as pernas (um dos maiores da história no esporte). Segundo especialistas, uma tentativa de correção ia atrapalhar tudo! Sabe o que aconteceria se o Bolt caísse na mão desses treinadores-terapeutas-xamãs? Ele ia ficar horas em cima de rolinhos, elásticos, discos, etc fazendo exercício inúteis direcionados para um problema irrelevante, ia continuar torto e nunca ia treinar de verdade.
Isso não se resume a atletas. Isso se aplica a uma pessoa que deseja emagrecer, ganhar massa muscular mas é impedida de treinar de verdade. Se pensarmos na saúde, é pior ainda!! Existem vários estudos mostrando relações entre força, condicionamento cardiorrespiratório, massa muscular, composição corporal e longevidade, saúde cardiovascular, metabólica, óssea, etc. Mas sabe de uma coisa? Nunca vi um estudo relacionado qualquer coisa dessas com ritmo escápulo-mandibulo-anal!
Para ter uma visão séria da questão compareçam no curso que haverá comigo e dois dos maiores fisioterapeutas do Brasil, Thiago Fukuda e Helder Montenegro, dia 12/8 em Fortaleza (www.encontroSWF.com / Encontro SWF), dia 26 estarei em um curso com Julio Serrão em Vitória, que falará sem frescura sobre o tema (informações ClubLife Cursos e Eventos ). Para quem não está nessas cidades, pode dar uma olhada nos meus cursos online (olhem em www.paulogentil.com/?page_id=99).
Agora, deixem de frescura e vão treinar!
(Paulo Gentil)
Haugen, T., Danielsen, J., McGhie, D., Sandbakk, Ø. and Ettema, G. (), Kinematic stride cycle asymmetry is not associated with sprint performance and injury prevalence in athletic sprinters. Scand J Med Sci Sports. Accepted Author Manuscript. doi:10.1111/sms.12953

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