domingo, 18 de junho de 2017

QUANDO INTERROMPER A SÉRIE

Paulo Gentil
Por mais que haja discussão sobre a necessidade de treinar até a falha, existe bastante evidência acumulada para sugerir que pelo menos um nível elevado de esfo...rço seja necessário para otimizar os resultados, no entanto, a definição de até quando se deve ir é muito complicada, pois não possuímos critérios que possam definir o quão perto uma pessoa está de fadigar. Por exemplo, algumas pessoas vão parar por causa da dor, outras com medo de não sustentar a carga, outras porque estão cansadas... Para dar mais objetividade à questão, alguns pesquisadores estão usando a perda de velocidade como marcador de intensidade. Em suma, eles colocam as pessoas para se exercitar em alta velocidade e baseiam o esforço na queda de velocidade. Interessante, né?
Baseado nisso, os pesquisadores espanhóis avaliaram os efeitos de dois protocolos nos ganhos de massa muscular e na performance de homens treinados. Um grupo fazia o exercício até perder 20% da velocidade e outro o fazia até perder 40%. Segundo os autores, essa perda de 40% seria bem próxima a um treino máximo. Ambos faziam 3 séries de agachamento com intervalos de 4 minutos e usavam cargas similares. De acordo com os resultados, os grupos tiveram ganhos similares de força, mas as melhoras na altura do salto foram maiores para quem esteve mais distante da fadiga. No entanto, os ganhos de massa muscular apontaram vantagem para o grupo que treinou até perder 40% da velocidade!
E agora? Se você é atleta de alguma modalidade que precise de força ou potência, você não precisa fadigar. Isso também pode se aplicar a grupos para os quais o esforço máximo pode causar riscos agudos, como pessoas com problemas cardiovasculares. No entanto, quando se fala em hipertrofia, fica claro que o esforço tem um papel importante. Para ser mais ainda mais direto, se você está treinando para hipertrofia e nem ao menos sente dificuldades em manter a velocidade (a famosa “travada”) seu treino muito provavelmente está te trazendo benefícios muito aquém do que poderia! A dica é: larga de moleza, rapá!
(Paulo Gentil)
Pareja-Blanco F, Rodríguez-Rosell D, Sánchez-Medina L, Sanchis-Moysi J, Dorado C, Mora-Custodio R, Yáñez-García JM, Morales-Alamo D, Pérez-Suárez I, Calbet JAL, González-Badillo JJ. Effects of velocity loss during resistance training on athletic performance, strength gains and muscle adaptations. Scand J Med Sci Sports. 2017 Jul;27(7):724-735.

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