sexta-feira, 26 de maio de 2017

VARIAÇÕES DE PEGADAS E POSIÇÕES

Paulo Gentil
Vejo gente se achando o Mestre Yoda da Maromba porque promete trabalhar o bico do bíceps, miolo de peito, cebola do deltoide, expandir dorsal... É sério isso? E...m primeiro lugar, isso não existe e quem promete essas coisas ou é mentiroso, ou é ignorante no assunto. Em segundo, mesmo que isso fosse possível, seria algo aplicável a uma parcela muito reduzida da população e não faria grande diferença real. Por exemplo, duvido que pessoa com bíceps bicudo vai ter menos mais saúde e longevidade que uma com bíceps desbicado (saporra dessa palavra exsite?). Mas, deixa isso para lá! Vamos explicar essa questão usando a puxada para ilustrar o caso.
Em estudo publicado por Andersen et al. (2014), 15 homens treinados realizaram 6 repetições máximas de puxada pela frente com três afastamento das mãos: 1, 1,5 ou 2 vezes a distância biacromial (distância entre esse ossos proeminentes do ombro). De acordo com os resultados, a ativação do dorsal, trapézio e infraespinhoso não foi diferente entre as variações. O que havia era apenas uma tendência de maior ativação do bíceps no trabalho com o afastamento intermediário. Baseados na análise do movimento dos autores é que o exercício realizado com um afastamento de 1 a 2 vezes a distância biacromial irá resultam em ganhos similares de massa muscular nos músculos avaliados. Nas palavras dos autores, essas variações "se baseiam mais em um mito do que em pesquisas científicas" e seguem dizendo que "regimes de treino baseados em crenças, ao invés de evidências científicas, podem levar a ganhos subótimos".
Isso vale para supino, leg press, agachamento, mortal de costas, chupão no pescoço, canguru perneta e qualquer raio de movimento produzido pelos terráqueos! Sim, variações são válidas e às vezes interessantes, mas elas devem ser usadas para o que realmente servem: para deixar o exercícios mais confortáveis e promover variações no treino. Enfim, esse fanfarronice de pegar, esmagar, sentir, rasgar... é fanfarronice! Ah, você sente? Aí não posso ajudar, pois estudei Educação Física e não Psicologia, portanto eu discuto movimentos e não sentimentos! Sinto muito!
(Paulo Gentil)
Andersen V, Fimland MS, Wiik E, Skoglund A, Saeterbakken AH. Effects of grip width on muscle strength and activation in the lat pull-down. J Strength Cond Res. 2014 Apr;28(4):1135-42.

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