quinta-feira, 25 de agosto de 2016

ACABOU O PLANO ANUAL E AINDA NADA?

Paulo Gentil

Estão pipocando por aí as academias de "baixo custo" cuja filosofia é não ter professor ou ter apenas a quantidade suficiente para evitar problemas com a lei. M...as, para o praticante, essa economia pode sair caro, em primeiro lugar por colocar a saúde em risco e em segundo por não se alcançar os resultados desejados.
Nosso grupo realizou um estudo na Universidade de Brasília em que mais de 100 homens treinaram sob supervisão alta ou baixa. Na supervisão alta, havia 1 professor para cada 3-5 alunos e na baixa, 1 professor cuidava de 20-25 alunos. Os dois grupos faziam EXATAMENTE o mesmo treino, os mesmos exercícios, velocidade, intervalo entre as séries, quantidade de repetições, na mesma hora do dia... Mas ao final do estudo, o grupo com supervisão alta obteve 50% a mais de ganho de força no supino que o com supervisão baixa. Para piorar, quem teve supervisão baixa nem ao menos ganhou força nos membros inferiores!!
E olha que todos faziam o mesmo treino, agora imaginem se avaliássemos os que pegam treinos em revistas, redes sociais ou copiam de blogueiras?! A ação do professor é importante (prefiro o termo "ação" do que "presença", pois pode-se ter um sem ter o outro), não só para prescrever o treino, mas também para garantir que ele seja bem feito!
Sim, existem professores ruins, assim como existem mecânicos, dentistas, marceneiros, urologistas... mas nem por isso as pessoas devem abrir os motores dos seus carros, arrancar seus dentes, assentar suas portas ou examinar suas próprias próstatas! A solução não é fugir do profissional, mas sim procurar um que seja bom! E isso não é apenas um alerta para as "low-cost", mas também para as academias e profissionais que têm professores em sala e mesmo assim não valorizam a qualidade técnica e o atendimento.
O texto completo está disponível no meu perfil do Research Gate (www.researchgate.net/profile/Paulo_Gentil
). Sinceramente, considero esse artigo essencial para qualquer um que pretenda argumentar tecnicamente sobre a importância do acompanhamento, tanto que ele é citado pelo ACSM e pelos próprios Fleck & Kraemer.
(Paulo Gentil)
Gentil P & Bottaro M. (2010). Influence of supervision ratio on muscle adaptations to resistance training in nontrained subjects. J Strength Cond Res 24, 639-643.

Nenhum comentário:

Postar um comentário