sexta-feira, 2 de agosto de 2019

COMO O CICLO MENSTRUAL AFETA NO RENDIMENTO

Em uma postagem anterior e na aula sobre esteroides anabolizantes (www.aulas.paulogentil.com) eu mostrei que os ganhos de força e massa muscular podem ser fisiologicamente favorecidos durante o período que antecede a menstruação e também falei dos benefícios dos hormônios femininos. No entanto, muita algumas pessoas disseram “se sentir” fracas durante o período pré-menstrual. Mas até ponto que isso é algo realmente fisiológico?
Em um estudo com 30 mulheres jovens, Ansdell et al. (2019) avaliaram os efeitos do ciclo menstrual na produção de força e fadigabilidade dos extensores de joelhos. As participantes foram testadas 2, 14 e 21 dias após a menstruação. As análises hormonais confirmaram que no dia 2 havia uma baixa em todos os hormônios, no 14 aumento do estrogênio e no dia 21 de ambos estrogênio e progesterona. Os resultados mostraram que a produção máxima força máxima mudou significativamente ao longo do ciclo menstrual, apesar do estrogênio promover um favorecimento da ativação muscular. Por outro lado, a resistência à fadiga aumentou no período mais próximo à menstruação, junto com um aumento da progesterona. Ou seja, aumenta a tolerância aos treinos intensos, o que seria mais um motivo para pegar firme nos treinos!
Portanto, as percepções de fraqueza e falta de ânimo parecem ter um forte componente psicológico e não necessariamente fisiológico, em que pese a dificuldade de separa-los e sua interconexão. Também é importante entender que falar alterações psicológicas não significa dizer que seja algo menor ou sem importância. É apenas para que as pessoas entendam que, fisiologicamente, não é esperado haver perda severa de rendimento ou dores incapacitantes (a menos que haja uma patologia).
Por fim, essas informações podem ser argumentos valiosos para que as mulheres se mantenham firmes nos treinos que, inclusive, podem ajudar a controlar variações no humor que ocorrem durante a fase. Ah, o estudo também analisou mulheres que tomavam anticoncepcionais e, nesses casos, não havia flutuações na performance e nem na modulação neural, já que os níveis hormonais se mantinham constantes.
Então é isso! Simbora treinar, mulherada!
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Ansdell P, Brownstein CG, Škarabot J, Hicks KM, Simoes DCM, Thomas K, Howatson G, Hunter SK, Goodall S. Menstrual cycle-associated modulations in neuromuscular function and fatigability of the knee extensors in eumenorrheic women. J Appl Physiol (1985). 2019 Jun 1;126(6):1701-1712. doi: 10.1152/japplphysiol.01041.2018

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