quinta-feira, 14 de outubro de 2021

SENTIMENTO NÃO É EVIDÊNCIA CIENTÍFICA

 Atenção, leia e salve para te disserem “eu sinto”.

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A sensação em um músculo vem de estímulos de receptores periféricos que enviam mensagens por vias aferentes, as quais chegam ao cérebro pelo lobo parietal (bem na parte de cima da sua cabeça). As sensações dependem de várias coisas, como a quantidade de receptores sensoriais, o que torna algumas zonas mais “sensíveis” do que outras (tipo ponta dos dedos vs posterior de coxa). Além disso, existem variações de pessoa para pessoa (há pessoas mais sensíveis que outras) e para a mesma pessoa, com influência do estado emocional e outros fatores. Por exemplo, o lance de “isso vai doer quando o sangue esfriar” e da dor que fica maior quando você pensa nela.
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Isso ocorre porque as sensações só existem quando você toma consciência delas pela representação no seu cérebro, o que não precisa ter relação com algo físico. Por exemplo, após amputação há dor em membros que sequer existem (dor fantasma). Por outro lado, alguém anestesiado não sente dor mesmo que haja uma lesão grave. Outro exemplo é que você pode sentir ou deixar de sentir dores sonhando ou sob hipnotize.
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O que isso tem a ver com movimento? Nada! O estímulo do movimento consciente começa no lobo frontal (parte anterior da cabeça) e segue pelas vias eferentes até chegar aos músculos. Ou seja, sensações e movimentos envolvem estruturas diferentes do sistema nervoso. O que isso tem a ver com as adaptações? Nada também! Os mecanismos de adaptação estão dentro das células, em locais onde não há receptores sensoriais. Não é possível sentir a síntese proteica ou o bloqueio de uma via catabólica! Portanto, não é possível “sentir” se um exercício vai funcionar. Quando muito, você sente dor, aí voltamos ao início do texto onde explico o que são as sensações! E podemos fazer isso até ficar claro que sentir algo não quer dizer muita coisa, já que sua simples “vontade” ou “auto sugestão” podem nos levar a sentir algo que não existe ou, por outro lado, nos fazer deixar de sentir algo que exista.
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Simples assim. Mas se a pessoa não quiser Fisiologia básica, manda coçar o cool com um serrote!
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(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
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