quinta-feira, 19 de maio de 2016

GASTAR MAIS CALORIAS NÃO EMAGRECE

PAULO GENTIL
Esse texto foi extraído do Instagram do professor Eduardo Porto Santos, que é co-autor do capítulo do meu livro de Emagrecimento que trata de exercício em jejum.... Caso queiram saber mais, sigam ele no @eduportosantos:
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Uma das principais estratégias de prevenção á Obesidade – prevenção mesmo, já que estamos perdendo o combate direto – tem sido ‪#‎ADICIONAR‬ práticas que elevem o gasto energético total (kcal/d), por meio do exercício físico [1 – 3], para tentar reverter o desequilíbrio energético e ganho de peso. Essa prática é a base do Modelo Aditivo (ver gráfico da imagem Additive Model). Entretanto, pesquisas de longo prazo têm demostrado que a relação entre atividade física e o gasto calórico total é mais complexa do que este modelo prevê [4, 5].
O organismo ao invés de aumentar o dispêndio energético total de maneira linear (gráfico "ADDITIVE" desse post), tende a se adaptar metabolicamente em face à ‪#‎adição‬ de exercícios físicos, inibindo o aumento esperado na taxa diária de transferência energética.
Na realidade, o aumento do gasto calórico através da atividade física parece reduzir o custo energético de outras atividades fisiológicas não-musculares (ver gráfico “CONSTRAINED”), como no caso de homens e mulheres que apresentaram redução na taxa metabólica basal após 40 semanas de treino aeróbio de longa duração [6], e supressão da atividade ovariana e reduzida produção de estrógeno em resposta ao exercício moderado[7]. A esse comportamento adaptativo, Pontzer [5] chamou Constrained Model, que numa tradução livre equivaleria a Modelo Restrito, ou Limitado.
O mais interessante é que o Dr Paulo Gentil, em seu livro de 2010, já nos alertava para o fracasso das abordagens que contabilizavam o gasto calórico da atividade física, na esperança de que essa “queima” a mais, se refletisse no ‪#‎emagrecimento‬ a longo prazo (abordagem matemática). Quem sabe agora, com a publicação do modelo “Constrained” numa das melhores revistas científicas da saúde (Cell Press), os órgãos responsáveis pelas recomendações de exercícios físicos para o combate ao ‪#‎sobrepeso‬ e ‪#‎obesidade‬, passem a encarar esse desafio de maneira menos contábil e mais qualitativa.
E você, continua sem acreditar nas intervenções de curta duração por não dar tempo de queimar muitas calorias durante o treino? Tá na hora de rever seus conceitos.
1. World Health Organization (2014). Obesity and overweight. Fact Sheet No. 311. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/.
2. World Health Organization (2010). Global Recommendations on Physical Activity for Health (World Health Organization).
3. FAO/WHO/UNU (2001). Human energy requirements. FAO Food and Nutrition Technical Report Series 1. http://www.fao.org/docrep/007/ y5686e/y5686e00.htm#Contents.
4. Ross R & Janssen I. Physical activity, total and regional obesity :dose-response consideration. Med Sci Sports Exerc 33, S521-527; discussion S528-529 2001
5. Pontzer, H. (2015). Constrained total energy expenditure and the evolu- tionary biology of energy balance. Exerc. Sport Sci. Rev. 43, 110–116.
6. Westerterp, K.R., Meijer, G.A., Janssen, E.M., Saris, W.H., and Ten Hoor, F. (1992). Long-term effect of physical activity on energy balance and body composition. Br. J. Nutr. 68, 21–30
7. Ellison, P.T. (2003). Energetics and reproductive effort. Am. J. Hum. Biol. 15, 342–351.

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