quinta-feira, 5 de maio de 2016

MUSCULAÇÃO E CORAÇÃO, RISCOS DOS TREINOS COMUNS?

Paulo Gentil
Se você for hipertenso ou professor de um hipertenso, a primeira coisa que lhe falarão é “cuidado com a musculação!”. Alguns até serão tolerantes com a musculaç...ão, mas alertarão “não pode pegar muito peso!”. Isso ocorre devido à crença de que fazer exercícios com cargas altas promoveria elevações perigosas na pressão arterial. Como consequência, os treinos para hipertensos normalmente envolvem cargas leves e muitas repetições. Mas... e se eu disser que é justamente o contrário? Que os exercícios leves com mais repetições produzem maior sobrecarga cardiovascular que os exercícios pesados e com poucas repetições?
É isso que foi constatado em diversos estudos, desde a década de 1980! Para dar um exemplo, vou citar Dale et al. (2011). No estudo, 24 idosos (70-80 anos) foram avaliados enquanto faziam agachamento na máquina em duas situações: 1) teste de força máxima, no qual se aumenta a carga até achar a carga máxima para uma repetição (1RM). 2) teste submáximo, com 15 repetições com 50% de 1RM. Para se ter uma ideia do quanto foi moleza, uma carga nessa magnitude permitiria a realização de mais de 25 repetições tranquilamente.
Agora vem a surpresa! Tanto a frequência cardíaca quando as pressões sistólica e diastólica foram mais de 20% maiores no exercício submáximo. Isso mesmo, foi mais arriscado pegar leve e fazer mais repetições do que fazer uma repetição máxima!! Na palavra dos autores, “os resultados do nosso estudo demonstram que o teste submáximo resulta em maiores alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca comparado com o teste de 1RM. O menor estresse cardiovascular ocorrido durante o teste de 1RM, mostra que esse pode ser um método mais seguro comparado com os testes submáximos em homens de 70-80 anos”. Pois é, e o pessoal colocando hipertensos e idosos para levantar cotonetes durante horas, sendo que as evidências mostram que isso é uma péssima opção, tanto para segurança quanto para os resultados, pois as cargas maiores com menos repetições também trarão diversos benefícios na força, massa muscular, densidade mineral óssea... E a gente achando que mitos só existiam na maromba, né?
A aplicação do treinamento para saúde é, sem dúvida, uma das áreas com que mais trabalho e pela qual tenho maior paixão. Para quem interessar, compartilharei um pouco de tudo isso (paixão, estudos e vivência) dia 21/5, em Curitiba, informações no site www.LFCeventos.com.br
(Paulo Gentil)

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