quarta-feira, 4 de novembro de 2020

TERRORISMO BIOMECANICO

 O terrorismo biomecânico virou uma praga na Educação Física com os testes para detectar “distúrbios” posturais e de movimento. Com isso, emitem-se diagnósticos catastróficos e vendem-se soluções para problemas inexistentes. Busca-se o “movimento perfeito”, proíbe-se exercícios básicos e vende-se treinos corretivos, de mobilidade, etc. Mas, em primeiro lugar, não há evidências consistentes que NENHUM teste prediga lesões. Em segundo, é CONTROVERSO se os treinos corretivos alterem o padrão de movimento. Terceiro, NÃO EXISTE MOVIMENTO PERFEITO! Cada pessoa tem adaptações intrínsecas que a tornam única, inclusive, muitas alterações motoras/posturais não são causas e sim consequências dos problemas.

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O terrorismo faz pessoas se entregarem a inutilidades em vez de treinar. Mas é o fortalecimento que é associado a parâmetros de Saúde, aumento de longevidade, reduções de dores, lesões, etc.
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Evidência interessante veio de Silva et al. (2020) no qual se analisou o padrão de movimento (3D e plataformas de força) ao subir escadas e a cinesiofobia em mulheres com dores patelofemorais e estudaram suas associações com dor a perdas funcionais. Agora vem a melhor parte. NENHUM parâmetro biomecânico foi associado à dor ou funcionalidade. A cinesiofobia, por outro lado, foi associada tanto à dor quanto à perda funcional, chegando a explicar 33% das variações na funcionalidade. Olha isso! O medo de movimento está associado com perda de função e dor, as alterações de movimento, não!
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Entende porquê critico avaliações posturais/de movimento? Em vez de treinar pessoas e as fazerem voltar à vida, eles criam proibições, restrições e reforçam a cinesiofobia! Enquanto temos fisioterapeutas mostrando a importância do fortalecimento, vemos professores de Educação Física indo na contramão, inventando diagnósticos e propagando medo. Sem mimimi, pois isso não significa negar cuidados na progressão e na técnica de execução do exercício, o que que não demanda testes específicos, e sim conhecimento de biomecânica e de treinamento.
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O artigo estará no meu grupo do Telegram! Para entrar vai em t.me/drpaulogentil
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
De Oliveira Silva D, Willy RW, Barton CJ, Christensen K, Pazzinatto MF, Azevedo FM. Pain and disability in women with patellofemoral pain relate to kinesiophobia, but not to patellofemoral joint loading variables. Scand J Med Sci Sports. 2020 Jul 9. doi: 10.1111/sms.13767. Epub ahead of print. PMID: 32645745.

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