quarta-feira, 8 de abril de 2020

CARGAS ALTAS PARA FORÇA E BAIXAS PARA RESISTENCIA? SEMPRE ASSIM?

Muitos conceitos e práticas tidos como verdades intocáveis se mostraram inadequados. Essas mudanças afetam mesmo conceitos elementares, como a carga usada no exercício. Ao ler meu livro “Bases científicos do treinamento de hipertrofia” e ver a aula sobre “Seleção de carga” no #nerdflix, se percebe que não existe uma carga ideal para força ou hipertrofia. No final das contas, ao treinar com esforços elevados, os resultados parecem ser os mesmos, independentemente da carga. Foi chocante quando descobrimos isso, mas quem estuda já conseguiu digerir bem. No entanto, uma coisa ainda permanecia relativamente intocada: o uso de cargas menores seria melhor para a endurance. Permanecia! Pois junto com colegas do Reino Unido e Alemanha (Fisher et al. 2020) exploramos um pouco mais essa concepção, desde sua origem até as evidências, e o resultado surpreendeu!
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Tudo parece ter começado com um erro histórico, quando DeLorme diferenciou treino resistido de força de treino aeróbio de endurance passaram por um telefone sem fio até cita-los como treinos com cargas altas vs. carga baixas. O pepino é que DeLorme citava “subir escadas, caminhadas, ciclismos e atividades similares com baixa resistência” e o telefone sem fio transformou isso em “musculação com cargas baixas”. Depois disso vieram alguns poucos estudos que fizeram confusão entre resistência muscular absoluta (quantas repetições se faz com uma carga fixa) e resistência relativa (quantas repetições se faz com um % de 1RM) e aí a ideia se disseminou. Mas, o que mostramos no artigo é que simplesmente não há evidências suficientes para se usar cargas leves e fazer muitas repetições em treinos de endurance. A maior parte das evidências que constroem essa crença parece sofrer influência do aprendizado e tolerância ao desconforto, por exemplo.
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Não estou dizendo que é errado usar cargas leves para ganhar resistência ou altas para ganhar força. Mas creio que seja interessante saber que você também pode obter esses resultados com outras formas de treino. E a Ciência segue nos surpreendendo!
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Vou mandar o artigo no meu grupo do Telegram. Para entrar veja o link no destaque dos Stories (Grupo Telegram) ou vai direto no link ao final do texto.
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com)
Fisher JP, Steele J, Androulakis-Korakakis P, Smith D, Gentil P, Giessing J. The strength-endurance continuum revisited: a critical commentary of the recommendation of different loading ranges for different muscular adaptations. Journal of Trainology. 9(1): 1-8, 2020.

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