sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

LESÃO EM JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL

 Ano de Copa, futebol volta à pauta.

Muitos atletas se machucando e muitas especulações e comentários. Então vou tentar ajudar a entender a base dessas lesões, começando por uma análise nos mais jovens. Ruf et al. (2022) acompanharam jogadores alemães de 14-19 anos por 3 temporadas e verificaram que, em média, haviam 42,2 lesões por temporada por equipe, gerando cerca de 11 dias por lesão e 464,2 dias perdidos por equipe. Ou seja, em média, todo dia do ano tem mais de um jogador lascado em um time de futebol!
Alguém pode achar que é pancada, mas não é!
As lesões por contato eram apenas 11%, sendo 45% sem ser por contato e as outras 44% eram incertas. Os principais locais de lesão eram: coxa, joelho e tornozelo.
E agora vem a nossa reflexão... em geral, se observa um desequilíbrio entre as cargas de treino e a capacidade as estruturas. Para ser mais claro, é comum submeter músculos e articulações de atletas a mais estresse do que eles aguentam. Para piorar, quando há lesão, dificilmente há afastamento ou reabilitação adequados. Ao invés disso, é mais fácil usar estratégias para mascarar o problema e colocar o jogador de volta no campo. Como resultado, o problema se acumula e lesões mais graves começam a aparecer.
Qual seria a solução? Começar pelo básico, um trabalho de fortalecimento de músculos, tendões e ligamentos, que envolverá trabalho de força. Após criar uma boa estrutura, deve-se subir progressivamente os estímulos, respeitando os limites. Limite! Já sabemos que treinar em excesso não aumenta os resultados e ainda traz riscos à saúde. Se ainda assim houver dor ou lesão, o atleta dever fazer reabilitação criteriosa até que a estrutura seja capaz de receber carga. Mas a carga deveria ser progressiva, para possibilitar a adaptação gradual.
E o que vemos? Atletas jogando lesionados, com analgesia e voltando a jogar em tempo “recorde”! Aí, quando os olhos estão voltados para Copa do Mundo, as notícias são de atletas cortados antes e durante a Copa e lesões ocorrendo a torto e a direito! É aquela velha história: não formamos atletas, selecionamentos sobreviventes!
doi: 10.1016/j.jsams.2022.06.003.

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