sexta-feira, 9 de setembro de 2016

IDOSO MARATONISTA, ATÉ QUE PONTO ISSO É BOM?



Conversando com vários colegas, olhando noticiários eu vejo muita gente se orgulhando de colocar idosos para correr provas de longa distância. No entanto, vejo ...tais feitos com mais preocupação do que animação. E explico os motivos. Em primeiro lugar, a capacidade de correr uma prova longa é mantida por muitos anos, lembro de ter lido (desculpe, mas não tenho a referência de cabeça) que uma pessoa de 65 anos tem condições fisiológicas de correr uma prova longa com uma de 19. A coisa funcionaria como um parábola, com ápice entre nos 30-40. Ou seja, ninguém precisa ficar surpreso em ver idosos correndo por aí! E por que eu fico preocupado com os idosos maratonistas?
1) idosos têm naturalmente uma redução na síntese de fibras tipo II, mas não nas fibras tipos I, ou seja eles perdem mais fibras que fazem força e velocidade, o que é associado a perdas funcionais e também morfológicas. E todos sabemos que idosos com menor força e massa muscular vivem menos e também sabemos que o estímulo de baixa intensidade não previne esse quadro, pior, ele pode piorar o quadro!
2) idosos apresentam reduções progressivas na taxa metabólica de repouso, e isso é associado ao ganho de gordura, que leva a um quadro inflamatório crônico, com aumento da incidência de doenças metabólicas e cardiocirculatórias. Ah, a atividade de baixa intensidade e longa duração baixa ainda mais o metabolismo!!
3) idosos têm aumento da incidência de diabetes tipo 2 e mais da metade deles tem problema no metabolismo de glicose. Estudos indicam que atividades físicas de baixa intensidade e longa duração reduzem a quantidade de hexoquinase nas fibras musculares. A hexoquinase “aprisiona” a glicose na célula, ou seja, se você tiver menos dela, menos glicose fica na espaço intracelular e você será obrigado a liberar mais insulina, agravando o quadro metabólico.
4) idosos têm aumento de doenças articulares, como artroses. E a quilometragem semanal de corrida é o principal fato associado com lesões.
Entende minha preocupação? Acho lindo o efeito psicológico da corrida sobre os idosos, sua vitalidade, seu senso de superação... No entanto, assim como exercício vai além do fisiológico, ele também não pode se restringir ao psicológico! Isso não quer dizer que você deva proibir os idosos de correrem, mas sim que você deve montar um programa equilibrado, com inserção de atividades intensas para que, junto com os benefícios da corrida, ele tenha também mais favorecimento em seu quadro geral de saúde!
A maior parte das referências para as afirmações acima poderão se encontradas no meu livro de Emagrecimento e para quem está interessado em se aprofundar no tema, convido para o curso “Tópicos avançados em musculação: mulheres, crianças e idosos” que ocorrerá em Salvador (1/10 - hiitcursos@outlook.com) e Belo Horizonte (9/10 - www.LFCeventos.com.br). Já que o assunto é saúde, haverá curso de treinamento para portadores de doenças crônico degenerativas em Vitória, no dia 29/10 (clublifecursos@gmail.com)
(Paulo Gentil)
Gentil P. Emagrecimento: quebrando mitos e mudando paradigmas. Chaleston, Create Space, 2014. (www.amazon.com.br ou livropaulogentil@gmail.com)

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