sexta-feira, 6 de maio de 2022

QUEM TEVE COVID-19 NÃO DEVE TER MEDO DE SE EXERCITAR

 Felizmente passamos a fase do pânico e tivemos muitos aprendizados sobre a COVID-19. Tenho orgulho de ter sido uma das pessoas a propor soluções e divulgar informações nessa área. No entanto, ainda há alguns resquícios que precisam ser esclarecidos, como a recomendação de repouso ou sugestão que pessoas que tiveram COVID-19 possuem risco cardíaco elevado. Aliás, vi até gente dizendo que ninguém deveria voltar a se exercitar sem antes fazer um exame completo!? Isso é ignorância em vários aspectos, pelo exercício ser fundamental para plena recuperação, já que as perdas funcionais dificilmente retornam espontaneamente após a infecção até uma análise real de risco.

Sobre o suposto risco, Cavigli et al. (2022) acompanharam 571 atletas juniores que tiveram COVID-19 e reportaram que apenas 2 tiveram pedicardite, sendo que ambos foram sintomáticos com dores no peito. Com base nisso os autores nos trazem 3 observações: 1) complicações cardíacas em jovens são incomuns e não são associadas com arritimias ventriculares perigosas. 2) avaliações cardíacas sistemática são desnecessárias em pessoas assintomáticas ou com sintomas leves. 3) a presença de sintomas cardíacos, anormalidades no eletro ou arritmias incomuns necessitam de investigações adicionais. Dados similares já foram reportados em estudos com centenas e até milhares de atletas (Moulson et al., 2021; Martinez et al., 2021). Portanto, esses estudos sustentam o que falamos em nossos artigos e nas aulas do #Nerdflix: os exames mais detalhados e aprofundados antes do retorno às atividades físicas são necessários apenas em pessoas com sintomas graves ou que tiveram sintomas cardíacos atípicos. Forma isso, a pessoa não apenas pode, como DEVE retornar aos exercícios o mais breve possível, sob pena de nunca recuperar o que perdeu com a infecção (aliás, você deve conhecer várias pessoas que demoraram meses ou mesmo nunca voltar à forma anterior, né?)!
O artigo irá para meu grupo do Telegram (Para entrar veja o link t.me/drpaulogentil
ou busque no link do meu perfil e Stories) e reforço a recomendação recomendo muito assistir as aulas sobre o tema no Nerdflix.br
(Paulo Gentil – www.paulogentil.com
)
Moulson N, Petek BJ, Drezner JA, Harmon KG, Kliethermes SA, Patel MR, Baggish AL; Outcomes Registry for Cardiac Conditions in Athletes Investigators. SARS-CoV-2 Cardiac Involvement in Young Competitive Athletes. Circulation. 2021 Jul 27;144(4):256-266. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.121.054824. Epub 2021 Apr 17. PMID: 33866822; PMCID: PMC8300154.
Martinez MW, Tucker AM, Bloom OJ, Green G, DiFiori JP, Solomon G, Phelan D, Kim JH, Meeuwisse W, Sills AK, Rowe D, Bogoch II, Smith PT, Baggish AL, Putukian M, Engel DJ. Prevalence of Inflammatory Heart Disease Among Professional Athletes With Prior COVID-19 Infection Who Received Systematic Return-to-Play Cardiac Screening. JAMA Cardiol. 2021 Jul 1;6(7):745-752. doi: 10.1001/jamacardio.2021.0565. PMID: 33662103; PMCID: PMC7934073.
Cavigli L, Cillis M, Mochi V, Frascaro F, Mochi N, Hajdarevic A, Roselli A, Capitani M, Alvino F, Giovani S, Lisi C, Cappellini MT, Colloca RA, Mandoli GE, Valente S, Focardi M, Cameli M, Bonifazi M, D'Ascenzi F. SARS-CoV-2 infection and return to play in junior competitive athletes: is systematic cardiac screening needed? Br J Sports Med. 2022 Mar;56(5):264-270. doi: 10.1136/bjsports-2021-104764. Epub 2021 Nov 29. PMID: 34844952.

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