quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

CHIP DA BELEZA

Paulo Gentil

Essa foto da Carol Dias é resultado do tratamento a base de hormônios no caso, ela foi vítima do chamado “chip da beleza”, a base de gestrinona. Sei que muita g...ente vai dizer que mudou sua vida, que o médico que vendeu é um ser iluminado... mas a real é que não existe qualquer fundamentação científica para esse procedimento. No Pubmed apareceram 69 artigos de revisão, a maioria sobre endometriose e vários questionando seu custo-benefício, devido aos efeitos colaterais. Em seres humanos foram 216 estudos, e não há sequer um relato de que ele deva ser usada para perda de gordura ou ganho de massa muscular! E aí?
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A gestrinona é um esteroide anabolizante com efeitos androgênicos que tem efeitos negativos no estrogênio e progesterona. Ou seja, é bomba! Portanto, pode te fazer se sentir mais foda e melhorar o “shape”, mas também pode resultar em crescimento anormal de pelos, cabelo oleoso, acne, agravamento da voz, redução na libido, dor de cabeça, depressão... (Goyal, 2011). Isso sem contar os riscos cardiovasculares, tumores e até mesmo transtornos psiquiátricos. Ou seja, esse “chip da beleza” é uma droga que masculiniza as mulheres (como se deixar de ser mulher fosse bonito) e ferra sua saúde!
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Não existe forma segura de fazer isso. O uso de hormônios com finalidades estéticas sempre será perigoso e condenável do ponto de vista ético e técnico. Quem toma está arriscando sua saúde em busca de beleza. Se faz com acompanhamento médico, apenas inclua que o médico está arriscando a saúde do paciente em troca de dinheiro. Há pessoas que vão ter resultados maravilhosos e defender cegamente? Claro, pacientes estão vivendo a felicidade momentânea de um shape bacana e médicos estão enchendo o rabo de dinheiro, ou seja, as duas partes estão felizes. O que me preocupa são os desavisados que podem se influenciar por esse apelo e acreditarem que passarão impunes por tais procedimentos. Certamente nem todo mundo sofrerá todos os males, assim como nem todos o que bebem álcool destroem seus fígados, nem todo fumante morre de câncer, nem todo obeso é diabético, etc. Mas não se pode negar que o risco aumenta.
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PS: não estou questionando o uso clínico de hormônios, precisa desenhar?
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(Paulo Gentil)

Goyal, A. 2011. Breast pain. BMJ Clin Evid 2011.

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