sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

CELULITE

A celulite recebeu esse nome há mais de 150 anos, na França, um termo inadequado tecnicamente, mas menos assustador que adiposidade edematosa, dermatopaniculose... deformante ou lipodistrofia ginóide, né? Esse problema é mais comum nas caucasianas e atinge de 85 a 98% das mulheres. A celulite ocorre quando há um acúmulo anormal de gordura em uma determinada região e o tecido conectivo não responde adequadamente, causando as ondulações na pele. Também são afetadas a circulação e as terminações nervosas, motivo pelo qual é comum encontrar microvarizes e sensibilidade no local nos graus mais avançados da celulite (os graus vão de 1 a 4, vai desde aquela que só aparece quando se aperta o local até a que aparece até de luz apagada). O problema normalmente é causado por uma união de acúmulo de gordura, má circulação e inflamação. Ou seja, tudo que pode ser obtido pela boa e velha fórmula exercício físico mais dieta.
Com relação ao exercícios, o ideal é buscar os que sejam mais eficientes para emagrecer, como as atividades intensas de curta duração. Existem alguns estudos interessantes sugerindo que a realização de treinos intensos envolvendo membros inferiores podem reduzir a gordura de uma maneira preferencial nessa região. Isso foi sugerido com exercícios de musculação nos resultados de um estudo da década de 1970 do grupo de Krotkiewski, depois encontrado em 2005 por Legaz & Eston em corredores de alto nível e pelo grupo de Trapp que treinos intervalados na bicicleta em mulheres, em 2008. Independente da polêmica da perda de gordura localizada, treinos intensos (HIIT e treinos metabólicos) envolvendo membros inferiores seriam interessantes por também favorecerem a circulação. Mas quando falo de exercício, falo de coisa séria e não de fuleragens como o do método do tal de Joe Atlas, que se baseia em exercícios “inovadores” para acabar com a celulite, como afundos, agachamentos, extensões de quadril!? Tudo feito sem sobrecarga!?!? Ah vá….
Sobre as demais intervenções, os dispositivos baseados em luzes e ultrassom prometem atuar a na estrutura da pele, mas não tem a eficiência comprovada. Os creminhos são a maior balela e você já pode joga-los no lixo agora, se quiser, e livrar espaço no seu armário para coisas importantes, tipo Minâncora (essa sim, serve para TUDO, hehe!). A injeção de substâncias tem efeitos questionáveis e riscos iminentes. A criolipólise é religião, mas quem quiser saber, olha os posts anteriores. Massagens podem ajudar a melhorar a circulação, mas não acreditem na quebra da gordura, pois se fosse assim, eu ia recomendar que você descesse a escada de bunda pra quebrar geral (inclusive o cóccix). Por isso, eu fico com as um artigo sobre celulite escrito por médicos da UNIFESP no qual se fala que “Até o momento, não há tecnologia disponível que possa corrigir as alterações estruturais do tecido adiposo feminino e da derme profunda”.
E ai, ajudou?
(Paulo Gentil)
Afonso JPJM, Tucunduva TCM, Pinheiro MVB, Bagatin E. Celulite: artigo de revisão. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(3)214-19.
Krotkiewski M, Aniansson A, Grimby G, Bjo¨rntorp P, Sjo¨stro¨m L. The effect of unilateral isokinetic strength training on local adipose and muscle tissue morphology, thickness, and enzymes. Eur J Appl Physiol 42: 271–281, 1979.
Legaz A, Eston R. Changes in performance, skinfold thicknesses, and fat patterning after three years of intense athletic conditioning in high level runners. Br J Sports Med. 2005 Nov;39(11):851-6.
Trapp EG, Chisholm DJ, Freund J, Boutcher SH. The effects of high-intensity intermittent exercise training on fat loss and fasting insulin levels of young women. Int J Obes (Lond). 2008 Apr;32(4):684-91.

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