quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ALGO SOBRE A SOJA

PRÓS E CONTRAS DO CONSUMO DA SOJA


Corbis ImagensSão tantos os benefícios da soja que hoje ela é considerada um alimento funcional. A soja é uma leguminosa assim como a ervilha, o feijão e a lentilha, todos ricos em proteínas e oriundos de vagens. As vantagens da substituição da proteína de origem animal, como as carnes por exemplo, por uma leguminosa como a soja são muitas. A primeira porque a soja, assim como qualquer outro alimento de origem vegetal não contém colesterol ou gordura saturada e quando contém, os índices são baixíssimos. Além disso, a soja é fonte importante de fibras, auxiliando no funcionamento do trato digestório e na redução do câncer de cólon. 25 gramas desta leguminosa tem o poder de retardar a absorção de carboidratos, prevenindo doenças como o diabetes. Algumas opções podem ser encontradas no tofú, tentê e derivados da soja. 25 gramas da leguminosa correspondem a:
= 56 gramas de tofú
= 2 hambúrgueres de soja
= 3 xícaras de leite de soja ou
= 2/3 de xícara de tentê.
Mas você também pode consumir outros tipos de alimentos como grãos e iogurtes à base de soja, pães, biscoitos ou cookies feitos com farinha de soja. As fontes desta proteína vegetal são inúmeras.
Também há algum tempo cientistas começaram a investigar a ação dos compostos presentes na soja e a influência do consumo deste alimento na população feminina. O estudo detectou que em países como o Japão, onde o consumo de soja é em grande quantidade, as mulheres apresentavam uma tendência menor a ter câncer de mama. Além disso, as mulheres que consumiam soja passavam pela menopausa com sintomas mais amenos e menos desconfortáveis. Mas por que isto ocorre?
A resposta está nos fitoestrógenos* que compõem a soja. Segundo estudos, estas substâncias poderiam bloquear a entrada de estrógenos no interior das células, em especial, nas células de gordura. Um desses fitoestrógenos se chama isoflavona. Suplementos de isoflavona são muito utilizados no período de menopausa com o intuito de amenizar os efeitos causados pelo problema, porém, esta teoria ainda não foi confirmada, pois alguns estudos mostram os efeitos positivos do uso das isoflavonas enquanto outros não mostram nenhum efeito que seja capaz de reduzir os calorões, inchaços ou mesmo o câncer.
No caso mais específico do câncer, a história é mais confusa, já que alguns estudos mostram que as isoflavonas da soja poderiam proteger mulheres saudáveis contra o câncer de mama principalmente, e outros estudos não conseguiram achar esta associação, inclusive alguns ainda se perguntam se as isoflavonas poderiam promover o crescimento de células cancerígenas que fossem sensíveis aos estrógenos. Por isso, se você é de uma família saudável, sem histórico de câncer de mama, não haveria problema em consumir soja e isoflavonas. Já se você tem câncer de mama ou se na sua família existe histórico da doença, consulte um profissional de saúde antes de consumir qualquer produto à base de soja. E sempre importante alertar: uma pequena quantidade pode ser muito benéfica, uma quantidade maior pode ter efeitos deletérios ao organismo.
Estudos também comprovaram que o natô, que é fermentado a base de soja e contém uma enzima chamada natoquinase, tem grande capacidade de dissolver coágulos sanguíneos e esta capacidade é importante para a prevenção de derrames e infartos. Estudos novos mostram também que eles dissolvem placas amiloides formadas por proteínas envolvidas na doença de Alzheimer, então seria um alimento interessante até para a proteção do nosso cérebro.
E quanto aos homens? Eles também têm receptores de estrogênio no organismo? Sim. Por isso alguns pesquisadores temem que o consumo exagerado de soja possa afetar de forma negativa a fertilidade ou mesmo a função sexual masculina. Na Ásia, onde os homens consomem uma grande quantidade de soja, não são observados estes efeitos.
A diferença é que na Ásia não são consumidos carne ou leite de soja, mas sim, produtos fermentados á base de soja, não só o natô, como já foi dito aqui, mas também o missô, que pode ser usado para fazer sopas ou ser colocado dentro de outros alimentos como sucos, feijão e assim por diante. Esses produtos fermentados, em especial o missô e o natô, consumidos em larga escala na Ásia, são consumidos inclusive durante a gestação e a lactação, sem prejuízos para o feto ou bebê.
Outros estudos feitos principalmente com a população ocidental mostram que o uso excessivo de soja durante a gestação ou mesmo na lactação de bebês poderia afetar a criança e o seu desenvolvimento. Isto por que a criança, quando muito pequena é muito sensível aos hormônios, e os fitoestrógenos se comportam como hormônios.
Há ainda a necessidade de muitos outros estudos nesta área, mas deste texto, podemos tirar algumas conclusões:
- Não se deve abusar de um alimento único. O ideal é seguir uma dieta balanceada, onde você possa tirar o melhor de cada alimento;
- O leite ideal para o bebê, para o recém-nascido, deve ser exclusivamente o leite materno. As recomendações são de que mesmo após o desmame aos seis meses, a mãe continue amamentando de forma complementar às comidinhas que o bebê estará recebendo nesta fase, até porque a soja é um alimento alergênico e é estimado que cerca de 50% das crianças que têm alergia ao leite de vaca, também tenham alergia à soja. Então o ideal é amamentar exclusivamente até os seis meses de idade;
- A soja também contém um antinutriente chamado citato e esta substância pode impedir a absorção de alguns minerais. Isto não acontece só com a soja, o espinafre também contém outros antinutrientes. O mais conhecido é o oxalato;
- O consumo de soja por pessoas que tenham deficiência de iodo pode realmente levar a uma disfunção tireoidiana. A deficiência de iodo não é comum na população, porém, se você tiver preocupado com isto e com alterações em seu metabolismo, opte sempre pela soja fermentada. A fermentação da soja remove ou desativa muitos destes antinutrientes. Então outro exemplo além do missô e do natô é o tentê, e mesmo o molho de soja, que podem ser utilizados e que não vão conter citatos.
E atenção! A maioria da soja encontrada no mercado é geneticamente modificada, transgênica. Esta modificação genética visa fazer com que esta leguminosa se torne mais resistente à pesticidas e à herbicidas ou seja, ao uso de agrotóxicos. Se você consegue comprar soja livre de transgênicos, melhor ainda. No Brasil, se forem produtos para bebês, eles são feitos com soja não transgênica, quanto aos outros, não se tem garantia nenhuma de que seriam livres de alterações genéticas, mas isto é um assunto para um próximo encontro.
Um abraço a todos.
Andreia Torres.
http://www.dicasdanutricionista.com.br/

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