Em toda a história da humanidade, a atividade
física vigorosa sempre esteve associada com a imagem de pessoas saudáveis. Basta
lembrarmos dos jogos olímpicos que começaram na Grécia 776 antes de Cristo!
Mens sana in corpore sano, diziam os romanos.
Popularmente existe a tendência para considerar
todas as pessoas iguais, sendo as diferenças individuais atribuídas a fatores
ambientais tais como hábitos de vida e alimentação, entre outros, e esquece-se
os fatores hereditários, genéticos. É importante lembrar que a saúde das pessoas
repousa sobre duas colunas : a constituição
genética e as condições ambientais.
Entretanto, agora, vamos dedicar-nos a estas últimas, porque a consciência e a
preocupação com as heranças genéticas, não deve levar à posição de negligência
do papel dos fatores ambientais. Dentre estes, que estimulam a saúde das
pessoas, estão os exercícios físicos, ao lado
da boa alimentação, da higiene, das imunizações, da vida em ambiente saudável, do sono e da recuperação
adequada dos esforços físicos e
mentais.
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Consideração de importância é a de que os
benefícios do exercício são comuns à todos os tipos de atividade física,
esportiva ou laborativa, desde que os esforços não sejam excessivos em relação à
condição física da pessoa. O exercício é uma forma de sobrecarga para o
organismo. Sobrecargas bem dosadas estimulam adaptações de aprimoramento
funcional de todos os órgãos envolvidos, mas quando excessivas, produzem lesões
ou deterioração da função. O sedentarismo caracteriza-se por uma ausência de
sobrecargas para todo o sistema neuro-músculo-esquelético e metabólico, levando
ao enfraquecimento progressivo de estruturas com funções biomecânicas, e à
alterações funcionais que estatisticamente se correlacionam com maior incidência
ou gravidade de doenças. Com base em estudos epidemiológicos e fisiopatológicos,
formou-se o consenso de que os exercícios estimulam a saúde em diversos
aspectos:
- Alívio de tensões emocionais: a atividade física é reconhecida como uma forma eficiente de aliviar o stress emocional, diminuindo assim um importante fator de risco para diversas doenças crônicas.
- Melhora da composição sanguínea: os exercícios em geral tendem a normalizar os níveis de glicose, gorduras e diversas outras substâncias no sangue, que podem estar alterados e trazer riscos aos portadores.
- Redução da pressão arterial: pessoas ativas fisicamente tendem a ter níveis pressóricos mais baixos, e os exercícios em geral auxiliam a diminuir a pressão arterial dos hipertensos.
- Estímulo ao emagrecimento: qualquer tipo de exercício estimula a redução da gordura corporal, diminuindo assim a possibilidade da pessoa desenvolver doenças como a aterosclerose, o diabetes e outras.
- Aumento da densidade óssea: o sedentarismo leva à uma diminuição progressiva da resistência óssea, aumentando o risco de fraturas, e os exercícios físicos constituem recurso de alta relevância para evitar e reverter essa situação.
- Aumento da massa muscular: a atividade física habitual leva à um aumento do volume e força dos músculos, protegendo as articulações e favorecendo a aptidão física.
- Desenvolvimento da aptidão física: os exercícios aumentam a capacidade das pessoas realizarem esforços, permitindo assim maior autonomia motora, condição conhecida como boa qualidade de vida.
Um dos aspectos que não pode ser esquecido, em
função de sua importância para a vida em sociedade, é a deterioração da forma do
corpo conseqüente ao sedentarismo. A falta de exercícios leva à diminuição
progressiva da massa muscular e à tendência para o acúmulo de gordura. Tendo os
músculos consistência firme e formas arredondadas, sua função é modeladora,
tanto no homem quanto na mulher. O tecido adiposo, de consistência flácida e sem
forma definida, é o elemento deformante do corpo.
Nas cidades, a solução mais habitual para o
sedentarismo imposto pelo trabalho intelectual são as atividades esportivas. Clubes, academias e empresas
que fabricam equipamento profissional e doméstico para ginástica proliferam nas
regiões urbanizadas de todo o planeta, em consonância com a consciência das
pessoas quanto à necessidade de atividade física. Atividades recreacionais como
caminhadas, passeios ciclísticos, pescarias, camping e náutica também envolvem
razoável e benéfica atividade física, mas devido ao seu caráter geralmente
esporádico, devem ser complementadas com outras formas de exercício mais
freqüente.
Uma questão que costuma receber ênfase
injustificada é a indicação da atividade física supostamente ideal. O que se
pode afirmar do ponto de vista do conhecimento científico é que todas as formas
de exercício possuem mais ou menos os mesmos efeitos salutares acima elencados.
Assim sendo, não se justifica classificar as diversas atividades físicas como
mais ou menos salutares, a não ser que se considere a incidência de traumas, que
evidentemente pode variar entre as diversas formas de exercício. A opção por uma ou outra forma de atividade física deve ficar
por conta do prazer que cada pessoa encontra na sua prática. Pessoas
extrovertidas costumam apreciar atividades coletivas com bola e ao ar livre, nos
clubes e praças esportivas. As pessoas mais introvertidas geralmente preferem
atividades individuais em academias, e quando as suas personalidades não são
adequadas nem para estes locais, os exercícios em casa podem ser os ideais.
Algumas atividades
esportivas exigem um grau mínimo de aptidão física, abaixo da qual não é
possível a sua prática. Quando uma pessoa pretende dedicar-se à alguma
modalidade de esporte para a qual não está preparado, deve iniciar um programa
de condicionamento físico para melhorar seus níveis de aptidão.
Independentemente do tipo de atividade, aspecto
de alta relevância é adequar o grau de esforço do
exercício à condição física atual da pessoa. Qualquer tipo de
exercício pode ser graduado nas suas características de realização, podendo
então ser classificado como suave, moderado ou exaustivo, de acordo com o nível
de sobrecargas impostas ao organismo. Evidentemente as pessoas descondicionadas
devem iniciar as atividades com exercícios suaves. Frequentemente alguns
profissionais utilizam o termo “aeróbico” e
“anaeróbico” para fazer referência à
exercícios suaves ou pesados, o que caracteriza uso incorreto destas palavras e
erro de grafia, pois o correto são aeróbio e
anaeróbio. Tanto as atividades aeróbias quanto as anaeróbias podem ser
suaves, moderadas ou exaustivas.
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Escolhido o tipo de exercício com base na
preferência e na condição física da pessoa, uma adequada
orientação técnica é fundamental. Nos clubes e academias professores
e técnicos poderão oferecer a orientação adequada em cada modalidade esportiva.
Para as pessoas que preferirem os exercícios domésticos, é importante seguir as
orientações dos equipamentos utilizados,
geralmente fornecidos por meio de folhetos ou vídeos. Qualquer dúvida deverá ser esclarecida com
profissionais de educação física, muitos dos quais estão se dedicando à função
de treinadores pessoais.
A avaliação inicial de alguém que deseja iniciar
um programa de condicionamento físico é um outro aspecto que merece algumas
considerações. As recomendações para atividade física de populações
estabelecidas pelos "Centers for Disease Control and Prevention" e pelo
"American College of Sports Medicina", dos Estados Unidos (Pate et al, 1995),
esclarecem que a maioria das pessoas adultas não necessitam consulta médica
antes de iniciar um programa de exercícios suaves ou moderados. Homens acima de
40 anos e mulheres acima de 50 anos, devem consultar um médico nas seguintes
situações: desejo de praticar exercícios intensos; quando apresentarem doenças
crônicas do tipo diabetes, hipertensão arterial e aterosclerose; quando
apresentarem fatores de risco para doenças crônicas tais como tabagismo e
obesidade. Na consulta médica serão avaliados os antecedentes familiares e
pessoais, os sinais e sintomas de doenças em geral, e exames laboratoriais
poderão estar indicados. Um deles é o eletrocardiograma realizado durante
exercício em bicicleta ergométrica ou esteira, que pode evidenciar estágios
iniciais de doenças cardíacas, caso em que estarão contra-indicados exercícios
exaustivos de qualquer tipo. Avaliação detalhada da composição corporal e das
qualidades de aptidão não é uma necessidade para realizar exercícios com
segurança e eficiência, desde que as pessoas sejam bem orientadas por um
profissional competente. Mudanças de hábitos alimentares podem ser necessárias
para que as pessoas possam atingir os seus objetivos, e neste caso uma consulta
com nutricionista poderá ser importante.
Publicado em 29.09.1998 |
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